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FUTEBOL | Tirem as mãos do Botafogo!

O Botafogo foi rebaixado pela terceira vez em sua história. O que explica um clube tão tradicional que sangra tanto? A sede dos empresários é o que destrói a paixão do torcedor em nome de lucros?

sábado 6 de fevereiro de 2021 | Edição do dia

Foto: Vitor Silva / Botafogo / Divulgação

O Botafogo amargou na sexta (5), o seu terceiro rebaixamento para a segunda divisão em 20 anos. Um momento triste para o torcedor do Glorioso, e para o futebol carioca, que vê um dos clubes mais tradicionais da história do esporte bretão em um buraco que parece ainda ter mais para onde cavar, especialmente se depender de dirigentes e cartolas.

É impossível explicar por um só fator um rebaixamento e uma temporada como essa. Mas, afinal o que sangra dessa forma um clube que já teve Garrincha, Manga, Nilton Santos, Carlos Alberto Torres, Didi, Gerson, Jairzinho, Paulo César Caju, Túlio Maravilha, entre outros?

Troca de técnicos, estruturas precárias, falta de dinheiro, contratações equivocadas, gastos desnecessários e indevidos, endividamentos, problemas na administração de elenco. São todos problemas que, de alguma forma, contribuíram para o rebaixamento do Botafogo, mas que também tem outro elemento em comum: todos são responsabilidade e consequência das ações daqueles que hoje comandam os clubes de futebol. Presidentes, diretores, conselheiros e empresários são aqueles que fazem sangrar não apenas o Botafogo, mas praticamente todos os grandes clubes tradicionais do futebol brasileiro.

Em 2002, ano do primeiro rebaixamento, a dívida do Botafogo era de R$ 200 milhões. Em 2014, no segundo rebaixamento, já estava na casa dos R$ 854 milhões. Hoje, em fevereiro de 2021, ela já está em mais de R$ 900 milhões.

O crescimento da dívida que era, em 2014 a maior dos clubes brasileiros, era direta e exclusivamente responsabilidade de Maurício Assumpção Souza Junior, o Nininho da Praia, presidente entre 2009 e 2014, e pasme, filiado ao MDB, que afundou o clube em dívidas, desembolsou milhões para trazer Seedorf para o Botafogo, e saiu da presidência depois do rebaixamento no final de seu segundo mandato.

Mas os dois últimos presidentes, Carlos Eduardo Cunha Pereira e Nelson Mufarrej, também têm sua digital impressa no crescimento da dívida do Botafogo, e no novo rebaixamento. Com a pandemia, um clube já em frangalhos financeiramente, se viu dependente de jogadores jovens da base, mas que gastou uma grande quantia de dinheiro para trazer Honda e Kalou no início de 2020. É como se esses garotos estivessem tentando tirar a água de um barco afundando, enquanto presidentes e cartolas alargavam o furo no casco.

O atual presidente, Durcésio Mello, é empresário gastronômico e da área de aviação. Assumiu em 2021, com promessas de avançar no que não funcionou no projeto de transformação do Botafogo em “clube-empresa”. O projeto do “Botafogo S/A” vem dos irmãos Moreira Salles, e em 2020 chegou a ser deixado de escanteio. Durcésio já mostrou que não aprendeu muita coisa, pois voltou a se aproximar dos irmãos para captar investimento para um novo CT. Os Moreira Salles, conhecidos por serem torcedores do Botafogo, querem sim é que o clube que é paixão de milhões, se torne mais uma fonte de seus lucros.

Como se não bastassem os empresários que vivem sentados nos tronos de conselheiros dos clubes, assumindo cargos diretivos e andando de braços dados com os presidentes que afundaram o Botafogo. É a sede de lucro de poucos, e que há anos conta com os irmãos Moreira Salles, que sugam tudo o que podem dos clubes de futebol. O que para muitos é a paixão e o lazer de toda a semana, para aqueles que comandam o esporte, é mais uma fonte de capital, seja qual for a condição em que deixarem os clubes.

Transformar o Botafogo num clube empresa é dar ainda mais poder para esse punhado de inescrupulosos que não se importam com as dores, sofrimentos, alegrias e esperanças de um torcedor ou uma torcedora de futebol.

Sim, o que sangra o Botafogo é o que sangra o futebol atual. A sede de um esporte que virou fonte de lucros milionários para empresários do mundo inteiro. O que sangra os clubes são os empresários que se apossam da paixão das massas torcedoras, e as corroem.

O Botafogo foi rebaixado, mas não se apequena. E sua história merece respeito. A “sociedade anônima” no Botafogo é o contrário disso, e nenhum empresário, muito menos a dupla Moreira Salles, serve para algo de bom para o clube.

Tirem suas mãos do Botafogo!




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