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#SalveaChapada | Tirem as mãos da Chapada dos Veadeiros, enfrentar o agronegócio em defesa do meio ambiente

Projeto do Delegado Waldir (PSL-GO), em nome do agronegócio, quer reduzir em 73% a área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Nos últimos 20 anos, o agronegócio expandiu em 300% sua presença na região. É preciso enfrentar o agronegócio e o capitalismo que destroem o meio ambiente!

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

quarta-feira 18 de agosto de 2021 | Edição do dia

O projeto de lei do deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO) revela mais uma vez a sanha predatória do agronegócio. Sob o pretexto cínico de que houve um “aumento desmedido de seu tamanho”, o deputado quer anular o decreto que em 2017 ampliou a área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros de 65 mil hectares para 240 mil hectares. O deputado de extrema-direita admite seus reais interesses, ele afirma que o aumento do parque “prejudica os agricultores da região”.

A verdade é que a área original do parque era muito superior, mesmo ao decreto de 2017 que ampliou seu tamanho. Quando foi criado em 1961, a área estabelecida para o parque era de 625 mil hectares. De lá para cá, como resultado do avanço generalizado do agronegócio sob o Cerrado, houve um grande aumento na devastação da região com diversas queimadas e o desmatamento. O território do parque foi sendo devorado pelo apetite de lucro dos latifundiários.

Apenas entre 2000 e 2019, o agronegócio avançou 300% na região. O território ocupado pela agricultura em Alto Paraíso de Goiás, São João d’Aliança, Cavalcante, Teresina de Goiás, Nova Roma e Colinas do Sul foi de 15,7 mil hectares para mais de 63,8 mil hectares.

O delegado Waldir faz parte da extrema-direita negacionista que defende abertamente um discurso de devastação, por isso está de mãos dadas com o agronegócio - núcleo duro do bolsonarismo - para fazer avançar a degradação da região em nome dos lucros do setor. O cerrado é um dos biomas brasileiros mais devastados por essa ganância desenfreada. O desmatamento do Cerrado há décadas tem índices superiores aos da Floresta Amazônica, porém os esforços para a manutenção deste bioma são inferiores aos da Amazônia, o qual já é insuficiente, apenas, 2,2% da área total do Cerrado está legalmente protegida, o que não traz garantias para a sua preservação, haja visto que mais de 50% da sua área original já foi devastada.

Leia mais: Devastação do cerrado e seca da caixa d’agua no Brasil: quem paga são trabalhadores

Com isso, se escancara a contraposição de interesses, enquanto para o agronegócio a região é mero objeto de cobiça, para a população e trabalhadores locais o parque é um patrimônio, sendo uma atração turística amplamente frequentada que constitui a única fonte de renda de muitas famílias que moram na região, além de desempenhar papel fundamental no equilíbrio ambiental nacional, por sua biodiversidade e sua função como caixa d’água do Brasil. O Cerrado é o berço de importantes rios brasileiros, sendo fonte de abastecimento de um total de oito bacias hidrográficas. Além disso, há três grandes aquíferos sob o Cerrado, são eles: o Aquífero Guarani, o Aquífero Bambuí e o Aquífero Urucuia - este último, é o maior deles e é 100% brasileiro.

Apenas o fato da crise hídrica que atravessamos - com seus impactos diretos sobre a conta de energia, sobre a fertilidade dos solos - deveria bastar para ser incontestável a necessidade de preservar esse importante bioma. Porém, para os negacionistas da extrema-direita, como o delegado Waldir, e para os capitalistas, essas evidências não importam. Enquanto testemunhamos os impactos das mudanças climáticas tornarem-se cada vez mais irreversíveis, fato admitido no último relatório do IPCC, o capitalismo mantém sua lógica intrínseca de predação voraz dos recursos naturais, mostrando sua real face: a incapacidade de uma relação harmônica entre a produção capitalista e a natureza.

O próprio parque foi privatizado em 2018 por Bolsonaro, passando para o controle do consórcio Sociparque - que desde então, a visitação do parque passou a ser cobrada pelo consórcio - sob essa demagogia de que a privatização traria mais recursos para a preservação e o desenvolvimento sustentável da região, mas na realidade apenas aprofunda a crise ambiental, rifando nosso país aos interesses imperialistas, e precariza ainda mais a vida dos trabalhadores e da população local, que esses sim são quem batalham pela preservação do patrimônio natural que é a Chapada dos Veadeiros.

Vemos frente à sede de lucro do capitalismo, que os trabalhadores são os únicos ao lado da juventude, das mulheres, negros, LGBTQIA+, índigenas e quilombolas, interessados em levar a frente uma luta consequente para estabelecer uma relação harmonica entre a sociedade e a natureza.

Por tudo isso, para preservar esse patrimônio ambiental é preciso se enfrentar com o negacionismo da extrema-direita, com a privatização da nossa riqueza ambiental e, principalmente, com a ganância devastadora do agronegócio e do capitalismo. Nesse sentido, a resposta para a crise ambiental e climática só virá da nossa luta e mobilização. Só a classe operária aliada aos povos tradicionais, indígenas, quilombolas e camponeses pobres pode enfrentar e acabar com o agronegócio e o latifúndio racista, assim como, travar uma luta pela defesa da Chapada dos Veadeiros e do meio ambiente. É por isso que a esquerda deve batalhar por essas medidas e fazer uma ampla campanha em defesa desse parque nacional. Como Esquerda Diário estamos chamando uma campanha de fotos para expressar o ódio da população contra esse ataque, participe nos enviando sua foto com a frase: “Agronegócio tire as mãos da Chapada! O capitalismo destrói o meio ambiente destruamos o capitalismo”, para o número 61 99903-2711 ou através de nossas redes sociais.

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As medidas necessárias para reverter o curso de devastação são urgentes, mas não poderão ser encontradas na irracionalidade dos capitalistas - e nem se aliando com a direita -, que deixam claro seu apetite em seguir aprofundando a destruição ambiental. Também não podemos cair nas alternativas que defendem um “capitalismo verde”, mas que não passam de pura demagogia, onde no melhor dos casos, levaria a mudanças superficiais, mas que não questionam a raiz do problema: o sistema capitalista. Por isso defendemos a bandeira de reestatização do parque.

A nossa confiança completa é na classe trabalhadora, quem tudo produz e tudo faz funcionar, para levar a frente com um programa anticapitalista e antiimperialista de uma verdadeira transição ecológica, colocando a produção à serviço de uma sociedade superior ao capitalismo - livre de toda opressão e exploração -, atendendo, assim, as reais necessidades da sociedade de conjunto.




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