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GREVE BANCÁRIOS TRAÍDA PELA CUT | Thais Oyola, da Caixa, defende a greve dos bancários contra a traição da CUT

O Esquerda Diário entrevistou Thais Oyola, delegada sindical da agência Sé da Caixa, para saber mais sobre o significado do acordo e as perspectivas do movimento.

quarta-feira 28 de outubro de 2015 | 01:11

Apesar de golpeada pela burocracia sindical da CUT, em conluio com as direções dos bancos, a greve nacional de bancários deste ano deu sinais de avanço no movimento de organização dos trabalhadores, conquistando um espaço importante na luta contra os ajustes do governo Dilma do PT.

Veja o vídeo de defesa da greve contra a burocracia da CUT, pela trabalhadora da Caixa, Tahis Oyola.

Esquerda Diário entrevistou Thais Oyola, delegada sindical da agência Sé da Caixa, para saber mais sobre o significado do acordo e as perspectivas do movimento.

ED: Qual a avaliação que você faz deste acordo?

Thais: Se o reajuste de 10% for comparado à primeira proposta, que era de 5,5% mais um abono para calar a boca dos bancários, ou seja, de um arrocho salarial para nos colocar na defensiva, pode parecer em alguma medida essa vitória que diz o próprio sindicato. No entanto, esses 10%, mesmo a partir do índice de inflação adotado pelo próprio sindicato (9,88%), significaria um “aumento real” de menos de R$ 3,00 no piso. Isso não paga sequer uma passagem de ônibus, mal dá para 1L de leite a mais por mês. Ainda assim, essa comparação não é o suficiente pra responder à inflação real dos principais gastos de uma família, tampouco responde à corrosão dos salários no último período. O engraçado é que a própria FENABAN reconhece isso quando oferece reajuste de 14% nos vales alimentação e refeição. Mas sabemos que não é só nos alimentos que a inflação tá pegando, é também nas contas de água, luz, despesas com remédios, vestuário, educação entre outros. A greve entrou na quarta semana ainda bastante forte e todo esse cenário indicava que ainda havia condições para irmos por mais não fosse o papel traidor que cumpriu as direções da CUT de braços dados com os bancos e o governo Dilma.

ED: Qual a relação entre as dificuldades encontradas na campanha e o ajuste do governo?

Thais: Nossa greve começou num cenário difícil onde as direções burocráticas da CUT e CTB deram todo o peso para impedir a unificação da greve dos bancários com a dos trabalhadores dos correios, petroleiros, servidores federais. Uma unificação real com categorias desse peso poderia passar à ofensiva a luta dos trabalhadores como um todo para derrotarmos o ajuste do governo Dilma, que quer cortar na carne dos trabalhadores para seguir garantindo o pagamento da dívida.

Ainda assim, o papel que nossa greve pôde cumprir é importante para pensarmos como avançamos em trincheiras nessa guerra que o governo Dilma do PT, e seus aliados nos banqueiros e na burocracia sindical da CUT/CTB, tem declarado aos trabalhadores por meio dos ajustes que tem implementado: seja sob a forma de demissões, do PPE, do arrocho salarial, dos ataques ao seguro-desemprego, PIS, etc. Se nós, trabalhadores de um setor que não apresentou um sinal sequer de crise, deixamos passar um arrocho salarial imaginem se não viraria o parâmetro pra baixaria nos setores que estão em crise, com ainda mais demissões e todo o tipo de ataque aos trabalhadores?

Aqui em São Paulo, a partir da mobilização dos estudantes secundaristas contra o fechamento das escolas, medida de ajuste na educação implementada pelo governo Alckmin do PSDB, pudemos retomar mais concretamente essa perspectiva política de luta contra os ajustes. Achamos que foi fundamental mobilizarmos nossa greve para discutir as diferentes formas que o ajuste vai tomando para atacar não só os trabalhadores mas também seus filhos, nos cortes na educação e na saúde, e principalmente, para estarmos lado a lado de quem está se levantando contra esses ataques.

ED: Quais perspectivas você vê para o movimento?

Thais: Mesmo diante de mais um ano em que a burocracia trai a nossa greve de mãos dadas com os bancos, é uma boa surpresa ver que não tem sido o ceticismo a tônica dominante das reações indignadas e revoltadas dos bancários com o desfecho da greve. Já vi em anos anteriores muito mais gente querendo se desfiliar do sindicato, com o discurso do “não adianta fazer nada, que não vai mudar”. Mas esse ano arrisco dizer que vai se desenhando uma reorganização dessas posições, e que vem ganhando mais força entre os bancários a ideia de que nós temos que construir uma alternativa a partir dos próprios trabalhadores e que consiga derrubar essa casta de burocratas sindicais e seus privilégios para retomar o sindicato de volta pras mãos
dos trabalhadores.

O que tem de ser questionado acima de tudo, depois dessa traição escandalosa da CUT, é o que dizem disso o MTST e o PSOL, que fazem a tal "Frente Povo sem Medo" junto com a CUT. Como podem inventar sequer a possibilidade de lutar contra os ajustes numa frente permanente com estes verdadeiros traidores da classe trabalhadora? Não à toa, nas últimas notas da Frente todo o peso está no "Fora Cunha" e em defesa da "democracia", não existe PT no mundo dessa Frente, cuja última reunião aconteceu na sede da CUT. É um escândalo. O PSOL tem a obrigação de romper com esta Frente, ou será que quer ainda justificar "uma frente de luta" com estes cadáveres burocráticos que paralisam nossas greves?




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