×

ARGENTINA | Textil Neuquén: uma luta dura que está ganhando apoio popular na Argentina

As operárias da fábrica têxtil Textil Neuquén, na Argentina, resistem com valentia ao esvaziamento da fábrica. A patronal retirou, na terça-feira à noite, quase toda a maquinaria. Elas exigem do governo a continuidade de seus postos de trabalho.

terça-feira 7 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Quando as operárias têxteis chegaram na quarta-feira passada de manhã no piso da Textil Neuquén SRL, localizada no Parque Industrial de Neuquén, na Argentina, ficaram angustiadas ao encontrar um galpão quase totalmente vazio, onde antes estavam as máquinas com as quais trabalhavam todos os dias. Além disso, ocorreu um atrito com a patronal prepotente, que chegou a ameaçar de prendê-las dentro da fábrica e botar fogo. Entretanto, esteve presente no momento também, a coragem de se predispor à batalha que, como elas já sabem, é dura e difícil.

Ao levarem as máquinas, a patronal deu um duro golpe às trabalhadoras, já que tirou suas ferramentas de trabalho. No entanto, as operárias têm ao seu lado o justo apelo que rapidamente recebeu apoio da comunidade. Desde que decidiram ocupar a fábrica para resguardar os bens que restaram, não pararam de receber apoio e solidariedade. Sindicatos, centros estudantis, deputados, artistas, a comunidade mapuche e muitos “cidadãos comuns” estão demonstrando essa solidariedade por meio das mídias, redes sociais, buzinando quando passam em frente à fábrica.

Demissões ilegais e delito econômico

Como tudo o que a patronal da família argentina Huerta vem fazendo (que também é dona da rede de lojas de roupa Amici y Rochas), ontem chegaram comunicados de demissões completamente ilegais. Não só não havia um aviso prévio, como também, aludia a uma suposta crise como sendo a causa das demissões, crise esta que a patronal jamais havia demonstrado existir em nenhuma circunstância, nem no âmbito comercial, nem no laboral. Definitivamente, são demissões ilegais.

Esses comunicados foram acompanhados por uma declaração da Subsecretaria do Trabalho, onde confirmaram a crise como a causa do fechamento inesperado do piso, agregando ainda, que a maquinaria retirada já não se encontrava em seu poder porque já havia sido vendida. A empresa Textil Neuquén SRL montou a fábrica e comprou toda a sua maquinaria com um crédito do IADEP (Instituto Autárquico de Desarrollo Productivo), que evidentemente jamais foi cancelado. Por isso a patronal não só está demitindo ilegalmente as trabalhadoras, mas também está cometendo um delito econômico contra o Estado, literalmente roubando máquinas que não lhe pertencem.

Fechamento da rodovia e apoio popular

Como anunciaram no dia anterior, ontem as trabalhadoras têxteis, acompanhadas de organizações solidárias, realizaram um bloqueio total de ambas as mãos da rodovia 7 em frente à fábrica, que durou mais de 5 horas. Com essa medida, demonstraram sua determinação em lutar para defender seus postos de trabalho e fazer visível para toda a comunidade esse duro conflito da fábrica, que a essa altura já havia chegado a ser capa de uns dos principais jornais da região.

Ainda que a grande mídia sempre se utiliza desse tipo de ação para colocar a “opinião pública” contra as manifestações de luta, a atitude da patronal é tão brutal, que as amostras de simpatia e apoio às 37 mulheres trabalhadoras se multiplicaram durante toda a jornada. E com o fechamento da rodovia começaram a aparecer funcionários do estado.

A Subsecretaria do Trabalho estadual, que não havia intervindo até então, convocou para hoje ao meio dia uma audiência com ambas as partes. As operárias já definiram que participarão mobilizadas e serão acompanhadas por dezenas de organizações, segundo o que foi acertado na tarde de ontem na reunião multisetorial.

Pela manhã, enquanto ocorria o fechamento da rodovia, as advogadas das trabalhadoras, Natalia Hormazabal e Mariana Derni, tiveram uma reunião com funcionários do IADEP, onde denunciaram o esvaziamento e a possível comissão de um delito econômico. Pela tarde, alguns funcionários se aproximaram da fábrica para constatar o esvaziamento e voltaram a se reunir esta manhã, com a presidente do organismo.

Passado o meio dia, as advogadas foram recebidas junto ao deputado do PTS-Frente de Izquierda, Raúl Godoy, pelo chefe dos fiscais, José Gerez, a quem ficou claro que havia um processo ilegal da patronal, que não podia atuar penalmente contra as operárias, como também que o Estado deve dar uma resposta para defender os postos de trabalho e não criminalizar a luta.

Hoje será uma importante jornada, onde se verá que posição a Subsecretaria do Trabalho irá assumir e se a patronal apresentará alguma proposta. São as primeiras ações de uma luta na fábrica que se sabe que será dura, não só pela determinação da patronal em esvaziar o piso, mas, por outro lado, também pela determinação de 37 corajosas mulheres, acompanhadas por dezenas de organizações e pela simpatia de milhares que veem o justo apelo e se predispõem a lutar.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias