quarta-feira 22 de abril de 2015 | 00:01
O vice-presidente do Brasil, Michel Temer, ressaltou nesta terça-feira que a situação do país está "muito tranquila institucionalmente" e considerou que os protestos contra o governo são fruto do "funcionamento das instituições democráticas".
Temer explicou que o Executivo realizou "um pequeno ajuste fiscal", em alusão às economias públicas. O "pequeno" ajuste de que fala Temer já cortou 7 bilhões do Ministério da Educação e cortou direitos dos trabalhadores com as medidas provisórias 664 e 665, que reduzem o acesso a direitos como seguro desemprego e abono salarial.
"Fizemos inspirados no exemplo de Portugal, que já fez isso com resultados à vista. Também no Brasil estamos fazendo este mesmo movimento", acrescentou.
Ao término do encontro com o vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, Temer anunciou que ofereceu o Brasil como sede da Cúpula da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) para 2016.
Durante seus dois dias de visita a Portugal, o vice-presidente do Brasil, que amanhã inicia uma visita oficial à Espanha, se reuniu com autoridades lusas, entre eles o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e estabeleceu contatos com a comunidade empresarial local.
Portugal pretende atrair capital brasileiro e conta com uma série de empresas públicas que estão em fase de privatização - operação que está inclusa nas condições do resgate do país entre 2011 e 2014 -, entre elas a companhia aérea lusa TAP. Este é o "exemplo" do ajuste português que Temer elogiou em sua visita de negócios a Portugal, o avanço das privatizações, que estão sendo disfarçadas por meio das chamadas "concessões" no setor estratégico de infra-estrutura como rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, ou por meio do avanço da terceirização como já ocorre com as estatais dos Correios e Petrobrás.
Como já apontamos em notícia sobre visita de Levy aos EUA, o governo Dilma demonstra estar, em meio à crise econômica, preocupado em garantir os lucros e os investimentos dos capitalistas estrangeiros no Brasil e, ao mesmo tempo, em garantir os negócios dos capitalistas brasileiros em países como Portugal, que está sob dura política de austeridade fiscal que já levou a vários protestos no país, com uma taxa de desemprego de 13,5%, afetando mais de 35% da juventude.
A garantia de Temer aos empresários no Brasil e aos capitalistas estrangeiros é de que os ajustes fiscais continuarão e que devem se aprofundar, como vimos com a aprovação do texto base do PL 4330 no Congresso, que amplia a terceirização e a precarização do trabalho, cuja votação das emendas deve ser retomada no dia de hoje.
Nesta quarta-feira, dia 22, Temer continuará sua visita de negócios à Europa. Ele está por dois dias no Estado Espanhol para "aprofundar as relações entre Brasil e Espanha e avançar nos negócios que interessam a ambos países".
EFE/ED
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