Nota divulgada pelo Planalto afirma que a distribuição de R$ 15 bilhões em emendas e programas para garantir os votos contra sua denúncia "serão utilizados obedecendo a critérios como seleção pública e avaliação de risco de crédito, entre outros.", ou seja, que é normal a compra de apoio. E, nesse regime político apodrecido, realmente é.
terça-feira 18 de julho de 2017 | Edição do dia
Temer tem feito o que pode para barrar a denúncia contra ele no Congresso. Foram diversas trocas de parlamentares na CCJ para garantir a rejeição do parecer do relator. E também, às vésperas da votação, a distribuição de dinheiro para as emendas parlamentares e projetos.
A "troca de favores", ou seja, a compra, o fisiologismo, o vale-tudo para manter os privilégios e o poder são relatados como normal na nota divulgada pelo Ministério do Planejamento (veja a íntegra abaixo). E, de fato, é assim que o regime funciona: Temer o faz hoje, como ontem fizeram outros governos para comprar apoio de forma legal e ilegal.
Como todos vimos nos escândalos de corrupção envolvendo Odebrecht e JBS, não há no parlamento um político patronal que não tenha dado seu preço e sido comprado pelos capitalistas para atender seus interesses. É um congresso de corruptos e vendidos. E Temer é parte do jogo: assim participou e esteve à frente do golpe que o colocou na presidência; assim articula o apoio a suas impopulares reformas que acabam com nossos direitos; e assim também procura agora se salvar de uma cassação de seu mandato. Do outro lado, Rodrigo Maia e outros se articulam da mesma forma.
Temer venceu o "primeiro round" derrotando a denúncia na CCJ, mas a disputa suja continua.
Veja a nota do Ministério do Planejamento:
“Nota à imprensa
Em relação à matéria publicada hoje, 16/07, no jornal O Globo, sob o título ‘Temer usou R$ 15 bi para obter vitória’, o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão esclarece que a liberação de recursos para municípios trata-se de procedimento absolutamente normal. Tais recursos serão utilizados obedecendo a critérios como seleção pública e avaliação de risco de crédito, entre outros. Trata-se, portanto, de recursos emprestados e não doados, como quer fazer crer a reportagem.
A proposta inicial dos programas lançados está sendo discutida há vários meses pelas áreas técnicas do Governo, envolvendo vários Ministérios e havia sido anunciada previamente pelo Ministro.
Quanto às emendas parlamentares mencionadas, o Ministério esclarece que trata-se de um procedimento obrigatório previsto na Constituição e na legislação orçamentária. A execução dessas emendas é feita pelos ministérios setoriais obedecendo a critérios pré-determinados. São recursos destinados a diversos municípios para realização de obras essenciais, como projetos de saneamento, mobilidade urbana, iluminação pública etc.
Assessoria de Comunicação do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão”