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ELEIÇÕES 2018 | Temendo perder mais votos femininos e de negros Bolsonaro fugirá dos debates

Kelly F. AlonsoProfessora da rede pública de São Paulo

quinta-feira 23 de agosto de 2018 | Edição do dia

Foto: André Coelho

A língua é o chicote do rabo, diz ditado popular. Depois de se sair muito mal com o eleitorado feminino depois do último debate, agora Bolsonaro estuda não participar de mais nenhum debate. Bom lembrar que o réu por incitação ao estupro e por racismo tinha prometido que participaria de todos debates. Bolsonaro tenta atrair o “PIB” para sua candidatura frente à dificuldade de Alckmin e suas opiniões sobre os negros e as mulheres não ajudam a atrair parcela dos capitalistas mesmo aqueles que estão favoráveis a colocar uma cara muito mais de direita em meio a continuidade do golpe institucional.

Bolsonaro anunciou, através de seu advogado Gustavo Bebianno, que provavelmente não irá mais participar dos debates com seus adversários nas redes de TV. Esse anúncio foi feito ontem (22) a menos de um mês da outra declaração de que iria a todos debates. E para justificar essa decisão, seu advogado declarou que "o sujeito ali tem que ser professor de concisão e mágico para expor algum tipo de ideia em um minuto, um minuto e pouquinho, 45 segundos."

Ainda segundo Gustavo Bebianno não vale mais a pena comparecer aos debates pois a “esquerdopatia tomou conta do Brasil” e as propostas de Bolsonaro são mais concretas que as soluções fáceis que oferecem os demais presidenciáveis. Bebianno, além de advogado de Bolsonaro é também o presidente do PSL (Partido Social Liberal).

Não é a primeira vez que o candidato se mostra inimigo dos debates, e não somente aqueles na televisão. Bolsonaro é um dos porta vozes do projeto escola sem partido, que quer eliminar qualquer tipo de debate das salas de aula, propõe o retorno a uma educação militar, onde o questionamento e a fomentação de ideias são proibidos. Sabemos bem a quem serve esse silenciamento, aos capitalistas para ter trabalhadores mais dóceis e baratos.

É só relembrarmos dos anos de chumbo vividos em nosso país, onde professores foram torturados e mortos por simplesmente discutir questões de política e cidadania e a ditadura militar que apoia (e a Globo e toda mídia também apoiaram) teve como um de suas principais medidas para o “milagre econômico” a intervenção nos sindicatos e proibição dos aumentos de salário saiba mais.

A fuga de Bolsonaro oferece mais um questionamento diante de uma eleição manipulada pelo judiciário, que impede os direitos políticos de Lula, líder das pesquisas e assim rouba o direito da população votar em quem ela decidir. Defendemos incondicionalmente esse direito ao mesmo tempo em que não apoiamos o voto em Lula ou qualquer candidato do PT. O PT precisa ser superado pela esquerda e nada disso virá das mãos da casta de privilegiados do judiciário.




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