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CORONAVÍRUS: SOS TELEMARKETING | Teleoperadores da Almaviva Guarulhos protestam: "Não querem saber de nossas vidas, somos apenas números"

Acompanhamos mais um ato de trabalhadores do telemarketing, na empresa Almaviva Guarulhos, contra o descaso das empresas do setor em meio a crise do coronavírus, que seguem preocupadas unicamente com seus lucros.

sábado 21 de março de 2020 | Edição do dia

Ontem a noite estivemos presentes durante o protesto dos trabalhadores de uma unidade da empresa Almaviva, localizada em Guarulhos, contra o descaso dos patrões que em meio a pandemia do coronavírus não tem tomado medidas de prevenção básica e segue expondo os funcionários ao risco em nome da manutenção de seus lucros.

A situação relatada pelos trabalhadores se soma às milhares de denúncias que estamos recebendo e divulgando em relação às condições de trabalho nos telemarketings em meio a pandemia. Relatos sobre a falta de higienização dos equipamentos, falta de álcool gel, sobre a aglomeração de pessoas em espaços reduzidos, e sobre o ocultamento de casos de suspeitas e confirmados são os relatos mais comuns. Veja o depoimento de vários dos trabalhadores sobre as absurdas condições:

Relato: Ambulatório negligente e falta de alcool gel

A orientação por parte dos supervisores são poucas e desencontradas. Segundo o relato a orientação é em caso de sintomas buscar o ambulatório da própria unidade. Entretanto, nem mesmo no caso de pessoas do grupo de risco com sintomas, o ambulatório libera os trabalhadores. Além do absurdo maior, só funcionar pela manhã. O álcool gel, um item de prevenção de primeira ordem nesse momento, está em falta. Segundo o depoimento o item chegou naquele mesmo dia, mas o turno da manhã ficou sem. Outros itens como máscaras, foram ditos proibidos pela gerência.

Caso confirmado e omissão de informações

Os trabalhadores são mantidos na ignorância em relação aos casos suspeitos e confirmados. Existe o medo de se expor, principalmente por parte de pessoas de grupo de risco que seguem trabalhando, ou de levar o vírus para casa, para seus familiares, muitos também de grupo de risco. A melhor fonte de informação acaba sendo os próprios grupos de whatsapp onde debatem e trocam informações.

Assédio e ameaça de justa causa

No período da manhã a manifestação foi ainda maior, porém a campanha de ameaça e assédio dos supervisores no período da tarde ajudou a diminuir a mobilização a noite. Trabalhadores que faziam a manifestação nos contaram que enquanto isso tinham seus logins desconectados para descontar o dia como falta e punir com advertências e até justa causa.

Uma revolta que se multiplica

O mesmo tipo de relato que testemunhamos em outra unidade da Almaviva na Consolação, que acompanhamos pela manhã (21/03) (VEJA A LIVE DO PROTESTO). Em Teresina também divulgamos a revolta dos trabalhadores de outra unidade. Em call centers de todo o país obtivemos relatos de paralisação e protestos contra a forma que as empresas do setor vem lidando com a crise do coronavírus, descaso com as vidas dos funcionários e a preocupação em torno dos impactos da crise em seus lucros.

Em 2019 a Almaviva fechou o ano com um retorno de R$ 1,055 bilhão. Uma enorme quantia que nesse momento de crise sanitária deveria estar a serviço da adoção de medidas emergenciais para aliviar os efeitos sobre os funcionários.

Mas na prática, o que vemos é o contrário disso, uma intensificação dos assédios e pressões, já tão comuns nesses ambientes. Relatos de supervisores, que frente ao protesto dos trabalhadores por informações e melhores condições de trabalho, declaram: “Não gostou pode pedir as contas”.

Até o momento o sentimento de revolta dos trabalhadores contra a exploração desenfreada dos patrões mesmo em meio ao risco a vida de seus funcionários num momento de crise de saúde pública tem se expressado principalmente a partir desse setor dos call centers. Pelo relato desses trabalhadores é possível entender como essa revolta tem como foco o descaso e a crise do coronavírus, mas também engloba o cotidiano de exploração e precarização da vida, que agora se revela mais mortal.

A atitude dos supervisores é de tentar manter a normalidade, ocultando dos funcionários os casos de suspeita e de confirmados. Assim como nas PAs esperam que os trabalhadores se comportem como máquinas, secretárias eletrônicas prontas a martelar incessantemente os mesmo diálogos, querem que como máquinas trabalhem ignorando a realidade de crise ao redor, o medo de que possam se contaminar no trabalho e levar o vírus para casa, para seus familiares, muitos de grupo de risco.

Estivemos presentes dando visibilidade para as demandas e a organização dos trabalhadores, porque acreditamos que nesse momento de crise da saúde pública não podem ser os trabalhadores a pagar por ela. Os trabalhadores de cada estrutura precisam ser sujeitos das medidas que serão implementadas, começando por ter acesso a todos os casos suspeitos e confirmados no locais, que eles decidam sobre isolamento e quarentena, sobre a utilização do home office, sobre o afastamento com licença remunerada. Nossas vidas valem mais que o lucro deles!

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