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SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL | Solidariedade aos trabalhadores e o povo do Sudão contra a repressão do Exército

Uma ampla campanha de solidariedade internacional chama um repúdio à repressão criminosa ordenada pela Junta Militar que já deixou pelo menos 60 manifestantes da oposição mortos.

quinta-feira 6 de junho de 2019 | Edição do dia

Na segunda-feira, 3 de junho, o Sudão passou por um dia sangrento depois que o Conselho Militar de Transição (CMT) deu a ordem de mobilizar o exército para a reintegração de posse do acampamento em frente à sede do Ministério da Defesa, no centro de Cartum.

Com gás lacrimogêneo, tiros e granadas, centenas de soldados perseguiram milhares de manifestantes que ocupavam pacificamente a área, deixando ao menos 35 mortos. Um verdadeiro massacre contra o povo sudanês.

É o ataque mais forte do Conselho Militar, que detém o poder desde a queda de Omar Al Bashir, que ficou no poder por 30 anos, em um contexto onde as negociações foram paralisadas e os militares unilateralmente impuseram a possibilidade de realizar eleições em nove meses.

A repressão se agravou após a greve geral bem sucedida de 48 horas da semana passada, que foi convocada pela Associação de Profissionais e apoiada por outras organizações, e expressou um ponto de mudança na luta contra a junta militar.
As manifestações começaram em dezembro passado em rejeição ao aumento dos produtos básicos, pelo fim dos subsídios à farinha e aos combustíveis, um ajuste exigido pelo FMI, e demandando o fim do governo de al-Bashir.

Em face da brutal repressão à oposição sudanesa, a Aliança ou Forças pela Liberdade e Mudança, está chamando "desobediência civil" e uma greve até a queda do regime militar. Até agora, a oposição tentou negociar posições de poder com a Junta Militar num futuro governo.

Uma ampla campanha internacional foi lançada, com um epicentro no Reino Unido, denunciando a repressão criminosa realizada pelo Exército, ao mesmo tempo que pede solidariedade à mobilização e a greve geral dos trabalhadores e do povo do Sudão.

Abaixo reproduzimos a declaração das Forças da Liberdade e da Mudança.

Cessação de negociações com a Junta Militar e convocação de desobediência civil.

As Forças da Liberdade e da Mudança, com um espírito mais unido e unificado do que nunca, convocam a acompanhar os acontecimentos relacionados com o crime do massacre na ocupação [em frente ao Comando Militar Geral em Cartum]. Nesse sentido, declaramos que, de acordo com os dados preliminares, perdemos pelo menos 13 mártires pelas balas do traiçoeiro Conselho de Estado, centenas de feridos. Afirmamos o seguinte:

Primeiro, a junta militar assume total responsabilidade por esse crime, e confirmamos que planejava realizá-lo em Cartum e em outras cidades, incluindo a cidade de al-Nahud onde várias forças de Apoio Rápido, o exército, a polícia, as brigadas e milícias dispersaram a pacífica ocupação. E confirmamos que a área do Comando [Militar Geral] contém apenas os corpos de nossos mártires, que ainda não conseguimos evacuar.

Em segundo lugar, declaramos a cessação de todo contato político com a Junta Militar e o fim das negociações. Declaramos que a Junta não está mais qualificada para negociar com o povo sudanês e os seus líderes e membros têm a responsabilidade criminosa pelo sangue que foi derramado desde 11 de abril de 2019. Faremos o possível para levar a julgamento justo frente a um poder judicial justo e imparcial, no inevitável Sudão da Revolução.

Em terceiro lugar, nas Forças da Liberdade e da Mudança, anunciamos uma completa e aberta greve política e “desobediência civil” a partir de hoje, 3 de junho de 2019, até a derrubada do regime.

Quarto: As Forças da Liberdade e da Mudança chamam as pessoas íntegras da força policial armada e da polícia para cumprir seu dever de proteger o povo sudanês das milícias da Junta Militar e suas gangues das sombras, e colocá-las no lado da decisão do povo de derrubar o regime e estabelecer uma autoridade civil de completa transição.

Quinto: Apelamos à comunidade regional e internacional para que não reconheça o golpe e se alie às alternativas da revolução do povo sudanês.

As Forças da Liberdade e da Mudança
3 de junho de 2019




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