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quinta-feira 3 de agosto de 2017 | Edição do dia

Amamentar é antes e tudo amor e luta. Não é fácil, não é simples, e não tem o apoio que deveria tendo tamanha importância.

Eu pesquisei muito sobre parto humanizado, violência obstétrica, e pouco sobre amamentação. Como mãe de primeira viagem foquei no parto e acreditava que amamentar seria natural, só colocar o bebe para mamar... Não foi assim.

Tive muitas informações sim, mas a pratica é diferente e cada historia é única, quando nasce um bebe nasce também uma mãe, e ambos precisam se adaptar com as novidades, um com o outro e com a nova rotina de vida.

Meu filho nasceu com o freio da língua curto, teve dificuldade para mamar, pois mamar é um processo complexo para os bebes, assim descobri estudando sobre amamentação, o desmame precoce é muitas vezes ocasionado pela dificuldade que o bebe tem em ordenhar efetivamente o leite da mama da mãe, dentre outras causas. O Leonardo nasceu com 3.455 kg e saiu da maternidade com 3.080kg, aos 3 meses não tinha ganho quase nada de peso. Apenas recuperou o peso que perdeu. Obvio que algo não estava certo...

Tive que fugir de pediatras que queriam que eu introduzisse fórmula alegando que meu leite era fraco e que não estava sustentando meu filho, que amamentar era importante, mas que as fórmulas substituíam perfeitamente sem problemas, não era essa minha opinião e nem minha vontade. Passei com uma consultora em amamentação após ter encontrado apoio em um grupo muito especial do facebook, lá eu fiquei sabendo sobre o freio da língua, minha amiga que me sugeriu esse grupo e comentou comigo sobre essa possibilidade, muitas mães conseguem manter a amamentação graças ao trabalho desse grupo.

Como meu filho estava muito magro, abaixo da ultima linha de desenvolvimento fui obrigada a introduzir a fórmula como complemento até que ele recuperasse o peso, chorei ao dar um leite artificial para ele, mas a pediatra que me apoiou me disse para encarar como se fosse um tratamento, um remédio, e isso me fez não desistir. Muitos bebes acabam desmamando quando tomam leite artificial, eu como mãe tive esse medo, o leite artificial quando dado em mamadeira assim como o leite materno é mais fácil para o bebe, pois, a forma de sucção é mais fácil, para minha sorte meu filho não desmamou. Não o submeti a uma frenotomia, pois não curto procedimentos invasivos, fiz uma segunda consulta com uma fonoaudióloga muito boa que também é consultora em amamentação e ela me passou exercícios que ajudaram meu filho a superar a dificuldade pelo freio curto.

Ela também me ajudou a retirar o complemento e voltar a amamentação exclusiva me ensinando como ordenhar e armazenar leite.

Hoje meu filho esta com 1 ano e 2 meses e segue mamando firme e forte, rumo aos 2 anos que é o que preconiza a organização mundial de saúde. Amo amamentar! É uma sensação única, é amor, é carinho, é cumplicidade. Saber que meu corpo produz um alimento padrão ouro e que nutre meu filho é muito reconfortante, me faz esquecer do cansaço, das dores nos braços e ombros, da privação de sono, sei que será por um tempo, meu filho cresce muito rápido e essa fase logo vai embora.

Infelizmente essa não é a historia da maioria das mulheres, muitas não conseguem amamentar seus filhos por falta de informação, falta de apoio e falta de incentivo, para uma amamentação de sucesso a mãe precisa de uma rede de apoio, de descanso, de pessoas que a incentivem e de pessoas que cuidem das tarefas domesticas. O pré-natal deveria incluir incentivo a amamentação, deveria orientar as mães para o que esta por vir e não focar apenas no parto.

Devido a tudo que passei tive que buscar conhecimento em muitas fontes, estudar sobre isso e descobri uma nova paixão profissional, gestação, amamentação e puerpério.
O capitalismo nos arranca lagrimas e nos faz sangrar, por isso temos que tirar forças de onde não acreditamos ter. Antes de ter um filho eu queria lutar para destruir esse sistema que nos oprime e tira de nós muitas coisas que poderíamos ter, hoje, depois de ter um filho, quero destruir esse sistema com uma força ainda maior, nós mulheres temos um papel a cumprir, pegando a luta nas mãos e apoiando umas as outras.

Consegui amamentar meu filho porque tive apoio e incentivo, mas foi fechando o ouvido aos pitacos, foi ignorando conselhos de gente que não acredita no próprio corpo e na própria capacidade, toda mulher deveria poder ter essa oportunidade, e as que escolhem não amamentar, seja pelo motivo que for também devem ter apoio e devem ser respeitadas. Consigo manter a amamentação porque trabalho num hospital que possui uma estrutura de incentivo e minha chefia me apoia permitindo que eu saia temporariamente para ordenhar, mas essa não é a realidade da maioria das mulheres. A maioria acaba desmamando na volta ao trabalho por falta de informação, pois é possível manter se houver apoio.

Agradeço a todos que me apoiaram e apoiam, procuro sempre que vejo alguma mulher grávida passar minha experiência e o conhecimento que adquiri, porque amamentar é doar, é doer, é amor, e nem todas as pessoas querem ou estão dispostas a isso, mas a todas que querem saibam que essa é uma luta de todas nós e no que eu puder darei sempre meu apoio.




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