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POESIA | Sobre Vladímir Maiakóvski

sábado 18 de abril de 2015 | 00:00

Em sua miniautobiografia "Eu Mesmo", Maiakovski se diz poeta e por isso se acha interessante. Filho de um guarda-florestal, nasceu em julho de 1893. Geórgia.

1905. As tropas do czar fuzilam milhares de trabalhadores."Domingo sangrento". Explodem manifestações de operários, soldados e camponeses contra a monarquia. Revolução de 1905 na Rússia. Maiakovski tem doze anos.

1906. Segundo o poeta, depois do enterro de seu pai, sobraram-lhes apenas 3 rublos. A família vendeu febrilmente suas mesas e cadeiras para comprar comida. Transferiram-se para Moscou.

Sua mãe trabalha servindo refeições numa pensão. Maiakovski conhece estudantes pobres socialistas e passa a ler as obras clandestinas que vazavam dos quartos da pensão. O prefácio à "Crítica da Economia Política" de Karl Marx foi uma obra de arte que lhe causou imenso entusiasmo.

Em 1908 ingressa aos quinze anos na fração bolchevique do Partido Operário Social-Democrata Russo. Atua como propagandista. Trabalha com padeiros, sapateiros e gráficos.

1908-1909. Detido e liberado. 1909-1910. Onze meses sob o olhar do vigia. Neste período começa a ler o poeta inglês Lord Byron, o dramaturgo William Shakespeare, o escritor russo Leon Tolstoi, etc. Escreve seus primeiros rascunhos em poesia.

Ainda na juventude conhece pintores e poetas como M. F. Larionov, I. I Machkov, David Burliuk., V. Khlébnikov, A. Krutchônikh etc. Após algumas noites de lírica, Maiakovski, Burliuk, Khlébnikov e Krutchônikh, lançam em 1912 o manifesto coletivo "Bofetada no Gosto Público".

1914. Primeira Guerra Mundial. Maiakovski detestou a carnificina imperialista.

1917. Revolução Russa. Se antes era um poeta que rejeitou o velho mundo sem abandoná-lo, depois de outubro de 1917 procurou um ponto de apoio na Revolução, que a defendeu até o fim, porém, não se confundiu com ela, não participou, segundo Leon Trotski, dos anos duros de preparação clandestina.

Maiakovski acolheu a Revolução de Outubro de 1917 como "um furacão que varreria longe o academicismo e a velharia retórica". Entusiasmado, participou de disputas e difundiu manifestos. Poeta de procedimentos arriscados, social e artisticamente revolucionário, era amigo do palavrão, das ruas e dos comícios. Escreveu artigos de jornal, poesias, escritos de poética, peças de teatro, roteiros de cinema, cartazes etc.

"Não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas."

Artistas expressam em suas obras o ritmo, os temas e os objetivos da Revolução: Vladimir Tátlin e o seu projeto à Terceira Internacional, a comédia "Mistério-Bufo" de Maiakovski e seu poema 150. 000.000, o drama "Stienka Rázin" de Kamiênski, o teatro de Vsevolod Meyerhold.

1918. Maiakovski escreve "Ordem ao exército da arte": "as ruas são nossos pincéis/ as praças nossas paletas".

"Nas ruas principais uma tinta branca cobre os antigos tijolos desta cidade provinciana. E sobre este fundo branco espalham-se círculos verdes, quadrados laranjas, retângulos azuis: Vitebsk de 1920. Pelas suas paredes atuaram o pincel do pintor Kasímir Malevich. A arte de vanguarda sai das galerias e vai para o meio do povo: "Ás ruas, futuristas, tamborileiros e poetas".

1924.1925.1926.1927. A Rússia revolucionária sofre ataques internos e externos. Lênin está morto. Parte importante da vanguarda revolucionaria esta morta. A classe trabalhadora está cansada e doente. A contrarrevolução se fortalece.

1928. Joseph Stalin ocupa o cargo de Secretário-Geral do Partido Comunista. Ascensão da casta burocrática que organizou a derrota da revolução na Rússia e em outros países como na China, na Alemanha e na Espanha. A revolução foi traída, segundo Trotski. E a arte que ousou sair para as ruas também viveu anos de terror burocrático.

1930. Maiakovski se suicida com um tiro no peito. Em o "Suicídio de Maiakovski", publicado no Boletim da Oposição Russa de maio de 1930, Trotski diz que o Secretariado-Geral do Partido informou em tom oficioso que este suicídio não tem relação alguma com as atividades sociais e literárias do poeta. O stalinismo quis transformar a morte do poeta num fato sem importância.

Segundo Trotski, “Maiakovski não se tornou nem podia tornar-se o fundador da literatura proletária pela mesma razão que não se pode edificar o socialismo num só país. Nos combates do período de transição, ele era o mais corajoso combatente do verbo, e tornou-se um dos mais indiscutíveis precursores da literatura que se dará à nova sociedade.”




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