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QUEBRA DAS BARRAGENS SAMARCO | Sobe para seis o número oficial de mortos pela tragédia em MG

O comando de operações de resgate em Mariana confirmou no início da noite desta terça-feira que dois corpos que aguardam identificação no necrotério da cidade são de vítimas do rompimento das barragens de rejeitos de minério e água. 11 trabalhadores da Samarco continuam desaparecidos.

terça-feira 10 de novembro de 2015 | 22:58

O comando de operações de resgate em Mariana confirmou no início da noite desta terça-feira que dois corpos que aguardam identificação no necrotério da cidade são de vítimas do rompimento das barragens de rejeitos de minério e água, na quinta-feira. Um dos corpos foi encontrado hoje próximo à barragem do Fundão, a primeira a se romper.

Com isso, o número oficial de mortos sobe para seis pessoas. Hoje, a prefeitura de Mariana, em Minas Gerais, informou no início da tarde que o corpo da menina Emanuele Vitória Fernandes, de cinco anos, foi identificado. Pelo novo boletim, 21 pessoas continuam desaparecidas, sendo 11 trabalhadores da Samarco, responsável pelas barragens, e 10 moradores de do distrito de Bento Rodrigues. Além da menina Emanuely Vitória, morrreram na tragédia Waldemir Aparecido Leandro, Sileno Narkievicius Lima e Cláudio Fiuza.

Duas pessoas que constavam como desaparecidas foram encontradas. Afonso Augusto Alves, que constava como desaparecido, foi encontrado pela Guarda Municipal em seu sítio, em Camargos. Como a propriedade não foi afetada pela lama, ele ficou no local, mas não fez contato com a família, que o colocou na lista de desaparecidos pela falta de notícias. Agora, ele está abrigado na casa de familiares. Maria Aparecida Vieira,de 65 anos, também foi encontrada com vida.

Cerca de 30 manifestantes da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Anel-MG) ocuparam o escritório da Samarco na Savassi, em Belo Horizonte. Com cartazes e megafone, os estudantes denunciaram a empresa como responsável pelas mortes em Mariana. Eles denunciaram também dizem que empregados terceirizados da Samarco foram demitidos.

Efeitos ambientais irreversíveis

Enquanto as buscas em Bento Rodrigues continuam por tempo indeterminado, a onda de lama avança pelo leito do Rio Doce em direção ao Espírito Santo. A previsão é de que os rejeitos da mineração chegassem durante a madrugada de hoje, em Baixo Guandu, a 186 km de Vitória. Especialistas ambientais se pronunciaram categoricamente sobre o impacto da passagem dos rejeitos (fluido residual após lavagem do minério) sobre o Rio Doce, que pode ter inviabilizada a pesca em seu leito.

Segundo Marcus Vinícios Polignano, coordenador ambiental do Projeto Manuelzão na Universidade Federal de Minas Gerais, os danos ambientais em consequência do rompimento da barragens de rejeitos na localidade de Bento Rodrigues, em Mariana, serão permanentes e vão acabar com a pesca em parte dos rios Guaxalo do Norte e Rio do Carmo, que desaguam no Rio Doce.

"Esse material é inerte, e nele não nasce praticamente nada. Ele recobre o leito e as reentrâncias e pedras do fundo do rio, mudando radicalmente todo o ecossistema", destaca.

Outro problema grave é que a lama chegou até a foz do rio, no Espírito Santo. Isso significa que o Rio Doce pode ter consequências em toda a sua extensão. "Essa tragédia chegou a 400 quilômetros do ponto de origem. Levaremos anos para compreender melhor efeito devastador desse acidente, mas seguramente eles serão muito graves", diz Polignano.

Governo e empresa são responsáveis

Pressionada pelo repúdio generalizado da população contra a empresa, a secretaria estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais suspendeu a licença da mineradora Samarco, responsável pela barragens, para exercer qualquer atividade no município de Mariana.

De acordo com a secretaria, a Samarco só está autorizada a desenvolver ações emergenciais na cidade, ou seja, aquelas voltadas para minimizar o impacto do rompimento das barragens e prevenir novos danos. Estas medidas mínimas, que não responsabilizam claramente a empresa pela catástrofe e nem buscam colocar os lucros da mineradora a serviço de auxiliar a população, está em sintonia com a defesa da Samarco feita pelo governador Fernando Pimentel do PT, que mesmo depois da tragédia noticiou que a regulamentação das licitações é "muito rígida" e deve ser controlada pela iniciativa privada.

Francisco Marques, estudante e diretor do Centro Acadêmico de Filosofia (CAFCA) da UFMG, comentou: "O Pimentel entra na sede da Samarco para resolver negócios entre amigos. Governador e empresa são responsáveis por essa catástrofe humana e ambiental. Os estudantes ocupam para mostrar que a Samarco é culpada pela tragédia e exigir confisco dos bens da empresa. Esses tem que ser revertidos e controlados pelos moradores e trabalhadores".




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