×

SÍRIA | Síria: Putin ataca por ar e Al Assad por terra

O Exército sírio realizou incursões terrestres ontem no interior do país apoiadas por bombardeios aéreos da Rússia. Trata-se do primeiro ataque coordenado de grande magnitude desde que Moscou interveio no conflito na semana passada.

Juan Andrés GallardoBuenos Aires | @juanagallardo1

quinta-feira 8 de outubro de 2015 | 02:41

Foto: Reuters

Os ataques aéreos russos atingiram áreas da província de Hama e áreas próximas à província de Idlib, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que acrescentou que o objetivo da ofensiva eram as cidades próximas à estrada principal norte-sul, que passa pelas cidades mais importantes do oeste da Síria.

Os ataques terrestres realizaram-se mediante intensos bombardeios de mísseis contra aos menos quatro posições da mesma área, e houve fortes enfrentamentos no terreno.

De acordo com uma fonte regional, citada pela agência Reuters, a milícia libanesa de Hezbollah também haveria participado do combate. Isto só veio somar aos rumores de que milícias iranianas já poderiam estar atuando em solo sírio.

Ao mesmo tempo “O Iraque também poderia solicitar ataques aéreos russos contra o Estado Islâmico em seu território e quer que Moscou jogue um papel mais importante que Estados Unidos”, afirmou na quarta (7) o chefe do comitê de defesa e segurança do parlamento iraquiano.

O novo cenário resultou em uma dor de cabeça para os EUA, que teve que aceitar, relutante, a intervenção da Rússia, o que não faz mais que mostrar o fracasso da estratégia estadunidense na região e o pântano militar no qual se encontra. É que o exército de Assad como “infantaria” da aviação russa é o aliado local que os Estados Unidos não podem conseguir no Exército Livre Sírio e outros grupos rebeldes, após recusarem-se a enviar tropas próprias. Os EUA tratam, portanto, de limar a ação russa mediante as acusações que a OTAN e os países que são parte da “coalizão contra o Estado Islâmico” lançam à Moscou, pela suposta “falta de pontaria” dos bombardeios russos que não estariam caindo sobre os objetivos do Estado Islâmico, senão sobre grupos do Exército Livre Sírio, aliado dos EUA e opositor à Assad.

A agência Reuters recorre a esta acusação e afirma que “os militantes do Estado Islâmico tem tomado boa parte da Síria, mas as áreas atacadas na quarta-feira estão em mãos de outros grupos rebeldes, alguns dos quais são apoiados pelos Estados Unidos, o que faz crescer as acusações dos críticos à Rússia a respeito de que seu verdadeiro objetivo seja ajudar o governo sírio e não apenas frear o avanço do Estado Islâmico”.

Ninguém pode negar a ousadia de Putin e sua afinidade com Assad, mas o certo é que a ação conjunta vai tentar demonstrar que pode conquistar algumas posições que hoje estão nas mãos do EI, para deixar evidente a impotência da política estadunidense. De fato o empreendimento comum entre Assad e Putin esteve acompanhado de um novo “tempero”, que é o lançamento de mísseis de longo alcance por parte da Rússia desde o Mar Cáspio, sobre território sírio.

Nas palavras de Putin “o fato de que havíamos disparado desde o Mar Cáspio, a uma distância de uns 1500 km, armas de alta precisão e havíamos alcançado todos os objetivos fixados, confirma a boa preparação das empresas do complexo militar-industrial e as habilidades da corporação militar” (El País 7/10).

É impossível saber se os mísseis russos que saíram do Mar Cáspio e percorreram 1500 km tiveram a “precisão” que afirma Putin, mas sem dúvidas são toda uma amostra da implantação que Moscou está disposto a realizar na região, e também é um sinal da cada vez mais complexa situação na qual o Oriente Médio encontra-se mergulhado.

Notas relacionadas:
As portas de uma nova intifada
EUA se adaptam ao plano de Moscou na Síria, apesar da guerra de informações
Síria na geopolítica mundial (em espanhol)




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias