A privatização das distribuidoras de gás natural é o próximo alvo no mercadão das estatais que tem dado o tom do governo Temer. O programa de desestatizações do BNDES aponta para a privatização das companhias responsáveis pelo serviço em sete estados do país.
segunda-feira 15 de maio de 2017 | Edição do dia
Com o objetivo de garantir os lucros e os negócios privados dos capitalistas, o governo Temer tem sido agressivo em privatizar tudo o que for possível, o que já significou um imenso ataque ao patrimônio da Petrobras, por exemplo, além de muitas outras políticas para ampliar a privatização de serviços e companhias públicas, tal como a chantagem aos estados mais atingidos pela crise (RJ, MG e RS) com o plano de "resgate", que troca a suspensão temporário do pagamento de sua dívida com a União por contrapartidas que incluem a privatização de estradas, aeroportos, companhias de saneamento e luz. No caso do Rio, a aprovação da privatização da CEDAE na Assembleia Legislativa foi a primeira medida.
Agora, por meio do BNDES, o alvo do governo federal é a privatização das distribuidoras de gás natural. O setor representa um mercado potencial imenso para aumentar os lucros dos capitalistas, pois os governos tem seguidamente negligenciado a expansão da distribuição de gás e a realidade de hoje é que poucos brasileiros têm acesso a esse serviço: de acordo com reportagem de O Globo, são apenas 3.060.213 residências atendidas em 440 municípios.
Das atuais 26 distribuidoras de gás, apenas 4 são completamente privadas: a Ceg e Ceg-Rio no estado do Rio de Janeiro, e a Comgás e Gás Natural Fenosa em São Paulo. Contudo, poucas empresas são totalmente públicas: a maior parte é composta por capital misto, com 51% das ações nas mãos do governo estadual e o restante dividido entre a Gaspetro (uma empresa que por sua vez já é uma composição entre a estatal Petrobras e a empresa privada japonesa Mitsui) e outros acionistas minoritários privados (entre os quais muitas vezes está a própria Mitsui).
Os municípios cuja privatização (venda da participação do estado para as empresas privadas) está na mira do plano do BNDES são:
A privatização do gás não está em curso somente com as distribuidoras nos estados: o governo federal vem atacando também a participação da Petrobras no setor. Em 2016 foram vendidos 90% de seus gasodutos no sudeste para a empresa canadense Brookfield e está em curso a privatização dos gasodutos no Nordeste também. Em 2015, 49% da Gaspetro foi vendida para a Mitsui. E agora Temer planeja privatizar a exploração e produção de gás, único setor em que ainda é a Petrobras que detém o controle total. As medidas de venda do gás nacional estão reunidas no programa "Gás para Crescer". (Só se forem os lucros dos capitalistas).
O governo utiliza a negligencia do Estado brasileiro em fornecer gás para a população nas últimas décadas, que faz com que a grande parte ainda dependa do GLV (Gás vendido em botijões) para abrir o mercado para as empresas privadas, acabando com o patrimônio da Petrobras e das distribuidoras estatais e transformando mais um direito em mercadoria nas mãos dos capitalistas, que poderão determinar o preço de um bem essencial para a população.