Em coluna na edição dessa terça-feira, o jornal Folha de São Paulo afirma que o senador e Ministro das Relações Exteriores José Serra (PSDB-SP) está entre os políticos citados pela empreiteira OAS em acordos para a realização de delação premiada. Essa construtora, assim como a Odebrecht, teria ajudado campanhas eleitorais do tucano, existindo uma lista com cerca de uma centena de nomes de políticos para delatar.
quarta-feira 15 de junho de 2016 | Edição do dia
José Serra é um dos tucanos que têm sido poupados pela operação Lava Jato até aqui. Tal constatação não surpreende, pois sendo defensor de um maior alinhamento da política brasileira com o imperialismo dos EUA, Serra está em consonância com os propósitos da Lava-Jato. A condução dessa operação pelo juiz Sérgio Moro, treinado pelo Departamento de Estado norte-americano, teve o claro propósito de abreviar o governo do PT no Brasil e impor um governo mais à direita e mais aberto aos interesses dos EUA, como a exploração das reservas do Pré-Sal (que Serra defendeu que fosse realizada por empresas privadas, como a Shell).
A indicação de Serra como chanceler após o golpe institucional aponta essa mudança na política externa, os EUA voltam a ser a referência para o Itamaraty, e Serra tem buscado fortalecer relações com governos alinhados com Washington, como o da Argentina, para onde fez sua primeira viagem internacional buscando o apoio do presidente Mauricio Macri ao governo golpista, nessa quarta feira estará reunido com Capriles principal líder da oposição de direita venezuelano.
O fato do seu nome ser citado na operação Lava Jato, na negociação de delação da OAS, que poderia parecer uma contradição de interesses da operação com o desenvolvimento do Serra como um dos principais nomes da política entreguista e neoliberal no pais, na realidade é seu inverso. Desde o processo do golpe no qual as declarações reacionárias dos políticos desgastaram o processo do impeachment frente a todo pais, processo no qual a Lava Jato foi linha de frente, ela vem seguindo uma política de dois gumes, por um lado perseguindo políticos além do PT para tentar aparentar uma não parcialidade de perseguição do petismo, a cassação de Cunha, entra nessa política de relegitimar a Lava Jato como imparcial e mão da justiça, supostamente, contra a corrupção.
Pegando assim uma citação e junto a mídia divulgando de forma secundária. Mas também há outro interesse envolvido, uma vez que, como viemos denunciando no Esquerda Diário, o PT ajudou a fortalecer o Supremo como força independente e arbitraria no cenário nacional, não deve passar seu prestigio para outra figura, a lava jato mantém o judiciário como uma das principais forças políticas nacionais podendo usar de medidas autoritárias e arbitrárias pegando políticos de seus interesses. Essa denúncia ao Serra é também uma mostra que o judiciário não deve recuar, não sem contradições e atritos, nesse papel que conquistou durante a década petista.
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