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GOVERNO EM CRISE E GEOPOLÍTICA | Aécio e senadores alegam ter sido hostilizados e deixam Venezuela

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

sexta-feira 19 de junho de 2015 | 00:14

A comitiva de senadores brasileiros que chegou à Venezuela nesta quarta-feira ficou poucas horas no país vizinho. Ao desembarcar no aeroporto Simón Bolivar foram alvo de uma pequena manifestação de apoiadores do governo Maduro e alegando insegurança decidiram retornar ao Brasil.

Os senadores chegaram hoje às 12h30 locais (14h de Brasília) ao aeroporto e foram recebidos por Lilian Tintori e Patricia Gutiérrez, esposas dos políticos da oposição de direita presos Leopoldo López e Daniel Ceballos, respectivamente, assim como por outros opositores ao governo de Nicolás Maduro.

A comitiva levava destacadas figuras da oposição tucana brasileira, e era composta pelo ex-candidato a presidente Aécio Neves (PSDB-MG), por Ronaldo Caiado (DEM-GO), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), José Agripino (DEM-RN), entre outros.

A viagem dos oposicionistas brasileiros que lideram a comissão de assuntos exteriores do Senado brasileiro tinha um duplo objetivo de assentar um golpe no debilitado governo Dilma e, de, ao mesmo tempo dar maior destaque midiático internacional para a oposição venezuelana. Entre os planos da viagem incluíam a visita ao presídio onde está preso Leopoldo Lopez, líder do partido opositor Vontade Popular, dirigente da ala mais “dura” e pró-ianque da oposição local que é acusada pelo governo Maduro de ser o principal instigador dos eventos violentos de fevereiro de 2014 onde o setor mais “duro” da direita procurava forçar a queda do governo Maduro.

Poucas horas depois a Câmara dos deputados brasileira havia aprovado uma moção de repúdio ao governo venezuelano e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), declarava à imprensa “qualquer agressão aos nossos senadores, à nossa delegação, é uma agressão ao Legislativo. Estou telefonando para a presidente e vou cobrar do governo brasileiro uma reação altiva”. Frente à crise aberta com os parlamentares brasileiros a presidente Dilma também rapidamente se pronunciou buscando que o Itamaraty explique o ocorrido.

A repercussão na Venezuela

No momento do fechamento deste artigo o governo venezuelano não tinha feito nenhum pronunciamento sobre a chegada dos parlamentares brasileiros, nem tampouco sobre os inconvenientes que afirmaram ter sofrido. Somente os políticos da direita, centralmente os setores ligados ao setor “duro” faziam pronunciamentos contra o governo falando que a suposta agressão foi “um erro com letras garrafais”. Em geral, somente a mídia de direita venezuelana repetia os jornais brasileiros e as matérias de repúdio do Senado do Brasil.

Mas é claro que, se os eventos transcorreram como relataram os políticos brasileiros, não deixarão de aproveitar a situação para transformar em um fato político o suposto incidente na estrada para retornarem imediatamente ao Brasil, questão que inclusive chamou muito atenção pela pressa com que decidiram retornar.

Foi uma jogada política muito bem pensada pelos parlamentares da direita brasileira procurando provocar um fato político superior para desprestigiar ao governo de Maduro, tal como tem sido feito pela direita continental que tem vindo a Venezuela, inclusive o “inapresentável” político espanhol Felipe Gonzalez.

Debilidades dos governos e espaços para a direita

O novo fato político emplacado pela oposição e pelos líderes do Congresso contra o debilitado governo Dilma abre um novo tema e agenda: a geopolítica. Ainda nas eleições presidenciais o senador Aécio Neves buscava atacar sua concorrente criticando os acordos políticos e comerciais do governo brasileiro com o governo Maduro e com o registre castrista Cubano.

Sob pressão diária de derrotas em votações no congresso, queda na popularidade e crescentes impactos no emprego e na renda que a recessão e seus “ajustes” estão tendo, a oposição brasileira está buscando mostrar serviço junto ao imperialismo na pressão internacional sob o governo venezuelano que também enfrenta dificuldades políticas e sociais oriundas da deterioração da situação econômica.

Os tempos da geopolítica “sul-sul” de Lula e da Alba chavista estão ficando para atrás, o protagonismo destas duas carismáticas figuras e uma "hegemonia" que impunham dentro e fora de nossos países vai ficando para trás. Neste debilitamento de ambos governos, a ofensiva, nem que seja midiática, por hora está com os fortalecimentos de oposições à direita em ambos os países.

Frente às dificuldades econômicas e sociais, guardadas as distintas proporções em ambos países, para que esta crise não seja aproveitada internamente e geopoliticamente pela direita, faz falta uma forte alternativa enraizada na classe trabalhadora que possa se mostrar como uma verdadeira alternativa anti-imperialista e pela unidade dos povos latino-americanos. Uma alternativa que possa efetivamente contribuir para a realização da emancipação de nossos povos. O chavismo e em muito menor medida o lulismo faziam uso de um discurso nacionalista que, porém, na prática, escondiam a continuidade de pagamento da dívida, acordos de exploração dos recursos naturais com o imperialismo.

A esta grande tarefa de um internacionalismo prático que contribua na integração antimperialista dos povos latinoamericanos buscamos contribuir os diferentes grupos políticos e militantes que impulsionamos a rede de portais Esquerda DiárioLa Izquierda Diário




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