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FILOSOFIA UFRJ | Semestre inicia mais cedo para agradar alguns professores da Filosofia

sexta-feira 2 de outubro de 2015 | 00:00

Decidido em reunião de departamento na semana passada, o curso de Filosofia da UFRJ deverá iniciar o seu segundo semestre mais cedo do que a imensa maioria dos cursos da UFRJ. A decisão se baseou em uma brecha aberta pelo Conselho Universitário da UFRJ (presidido pelo Reitor Roberto Leher), que concedeu um calendário diferenciado para o curso de medicina e os alguns cursos de pólos isolados. O segundo semestre, que deveria começar no dia 26 de outubro, deverá começar já no dia 05, durante o período reservado à reposição da greve docente e segunda chamada para os estudantes grevistas.

Esta decisão, que aumenta a pressão em cima da greve dos servidores da UFRJ, já que são eles que fazem a matrícula dos novos ingressantes, foi tomada em uma reunião com um quorum bastante questionável: foram 7 professores votando à favor do adiantamento, contra 3 que queriam manter o início do semestre para o dia 26. Além desses 10, foi contado 4 votos, 2 contra e 2 à favor, enviados por email.

Não é de hoje que os órgãos de decisão da universidade atuam contra as greves e as mobilizações estudantis e dos trabalhadores da UFRJ: quando dezenas de unidades da UFRJ foram fechadas pelo não pagamento dos trabalhadores terceirizados, como noticiamos aqui, o Instituto de História se reunia à portas fechadas para decidir o que fazer, sem nenhum estudante presente para opinar. Um terceiro caso de autoritarismo neste mesmo prédio foi o fechamento do espaço de convivência dos estudantes do IFCS/IH durante a greve, e que permanece fechado desde então.

Este tipo de prática se fundamenta no próprio estatuto da Universidade, já que em todos os órgãos de decisão da universidade, estudantes e servidores ocupam apenas 15% das representações, assim como é contado o peso dos votos para eleger as direções departamentais.

Uma estatuinte que bote abaixo este “feudalismo acadêmico”, como Roberto Leher disse que iria convocar durante sua campanha, é mais que urgente para democratizar a UFRJ, o que só vai acontecer de fato quando direções departamentais forem eleitas pelo voto direto e o atual regime for substituído pelo voto universal de estudantes, professores e servidores (efetivos e terceirizados), contando cada cabeça como um voto nas reuniões departamentais e dos órgãos colegiados (congregações, conselho universitário).

Decisões como a tomada em reunião departamental da Filosofia só contribuem para prejudicar os estudantes que saíram de greve só com negativas por parte do governo federal, que não retrocedeu um milímetro nos cortes. Além disso, vários professores já anunciaram que não vão seguir a decisão departamental. Em que pese sua posição contrária à greve desde o início, entraram em greve quando esta foi decretada, e não deverão seguir a decisão por esta chocar com seu próprio calendário de reposição. Em suma, o atual regime universitário serve para beneficiar apenas uma minoria acadêmica, nada preocupada com a atual situação da educação pública, mas sim em cumprir seus próprios calendários mesmo que os cortes tenham atingido inclusive as áreas de pesquisa e pós-graduação, ou seja, a alta cúpula.

Para transformar radicalmente a democracia da universidade, é urgente que os estudantes, que são a maioria dentro dela, tomem em suas mãos os organismos de decisão. Para isso, é para ontem que os estudantes de Filosofia se organizem, no seu centro acadêmico e em assembléias democráticas e soberanas, para arrancar varrer a estrutura de poder arcaica, tirando a estatuinte de Leher do papel, defendendo um governo tripartite (professores, servidores efetivos e terceirizados) com maioria estudantil.




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