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ESTADOS UNIDOS | Sem os votos do Senado, se vai o indicado de Trump para a Secretaria de Trabalho

Se trata de Andrew Puzder, um executivo de fast foods, famoso por suas práticas antissindicais e de flexibilização dos trabalhadores. Sem apoio, nem democrata e nem republicano, retirou sua candidatura ao cargo.

quinta-feira 16 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Donald Trump já teria sua indicação para a Secretaria de Trabalho. Era Andrew Puzder, dono de várias cadeias de fast food, rechaçado, não apenas pelos sindicatos gastronômicos, mas também por todo o arco democrata e inclusive grande parte dos republicanos. Entretanto não passou da indicação, já que ontem retirou sua candidatura a dirigir esse departamento logo após a grande quantidade de críticas recebidas por parte de senadores de ambos partidos por um histórico pouco feliz.

“Depois de cuidadosa consideração e conversas com minha família, retiro minha candidatura a Secretário de Trabalho. Estou honrado de ter sido considerado pelo presidente Donald Trump para dirigir o Departamento e pôr os trabalhadores e empresas dos EUA no caminho de uma prosperidade sustentável”, assinalou o secretário frustrado em um comunicado.

Puzder, de 66 anos, estava previsto para comparecer em uma audiência de confirmação na quinta-feira, diante do comitê de Saúde e Educação do Senado.

Ainda que o partido republicano tenha maioria no Senado, o que faria presumir que todos os indicados de Trump seriam votados, não ocorreu assim. Puzder tomou essa decisão já que os líderes republicanos no Senado recomendaram à Casa Branca retirá-lo devido a falta de votos necessários para que se aprovasse sua designação.

Se trata da primeira retirada de um indicado pelo magnata para formar parte do gabinete. Ocorre depois que, na segunda-feira, renunciou o general da reserva Michael Flynn, após apenas três semanas no cargo de assessor presidencial de Segurança Nacional, em meio à um escândalo por haver mentido a, ninguém mais nem menos, que o vice-presidente Pence sobre uma conversa telefônica com o embaixador russo nos Estados Unidos referente às sanções internacionais à Rússia pela anexação da Crimeia.

Puzder tem recebido numerosas críticas de grupos sindicais por sua gestão e práticas laborais como presidente da empresa de restaurantes de fast food RKE, que inclui as cadeias Carl’s Jr. e Hardee’s, que dirige desde 2000. Ali fomenta a automatização dos espaços laborais e não respeita as mínimas leis trabalhistas, segundo detalha o jornal New York Times.

Ainda assim, este mesmo diário informa que vários senadores viram um vídeo do programa televisivo de Oprah Winfrey nos anos 80, no qual se vê sua ex-mulher, Lisa Fierstein, denunciando-o publicamente, e, se faltasse mais, que havia contratado uma imigrante ilegal em sua casa na Califórnia.

O senador e ex-aspirante a candidatura presidencial democrata, Bernie Sanders, aplaudiu a decisão de Puzder e assinalou, em uma mensagem em sua conta do Twitter, que “a simples verdade é que dadas suas relações com empregados nas empresas que dirigiu, não estava preparado para encabeçar um departamento responsável de defender os direitos dos trabalhadores”.

Donald Trump enfrenta uma crise governamental a poucas semanas de assumir, que expressa, entre outras coisas, a falta de apoio que teria de seu próprio partido. Primeiro, a renúncia de Flynn, agora seu homem para, nada mais nada menos, que a Secretaria de Trabalho. Ainda não citam substitutos para o cargo, mas o que está claro é que deverá contar com os bons olhos dos republicanos. Muito apesar dos desejos de Trump.




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