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WITZEL DEFENDE REPRESSÃO COMO SAÍDA PARA PANDEMIA | Sem fornecer respiradores, Witzel diz que irá multar e prender quem circular nas ruas

quinta-feira 9 de abril de 2020 | Edição do dia

Nessa semana o governador Witzel declarou que o número de respiradores no estado do Rio de Janeiro será insuficiente para o número de pessoas necessitadas, algo que já era evidente há muito tempo.

Estamos na segunda quinzena da quarentena e milhares e milhares de trabalhadores foram demitidos, e o medo do coronavírus corre lado a lado com o medo da fome.

Witzel coloca como única saída cabível para essa situação o isolamento social e ainda afirma que quem descumprir essa ordem será responsável pelas mortes futuras. O governador colocou abertamente que buscará medidas mais duras com ajuda da polícia, e que quem não cumprir as ordens impostas por ele será levado para delegacia ou terá algum tipo de multa. Uma medida hipócrita do mesmo governador que há pouco tempo mandava a polícia "mirar na cabecinha" e executar indiscriminadamente nas favelas.

O governador quer impor por métodos repressivos a quarentena, mas está pouco se importando com as condições de moradia e de vida dos trabalhadores que quer prender em casa. Muitos tem que sair para trabalhar porque não tem outra fonte de renda, e não é o estado capitalista que irá garantir isso (nem os míseros R$ 600 da ajuda aprovada pelo Congresso estão sendo pagos de forma eficaz aos trabalhadores). Quanto a ficar em casa, sabemos que nas favelas muitas vezes diversas pessoas são obrigadas a dividir casas pequenas e insalubres, onde uma pessoa contaminada não apenas não tem boas condições para se recuperar, como também pode contaminar seus familiares. Qual a resposta de Witzel? Garantir moradia, alimentação, renda? Não, claro que não: é a repressão policial, a única resposta que tem para qualquer problema social. Ele afirmou que "Se for necessário, levar a pessoa para a delegacia, multar". Sabe-se lá mais o que ele estará disposto a fazer, já que o acesso aos meios para combater a doença ele já mostrou que não irá garantir.

Já Mandetta essa semana se pronunciou frente aos problemas das favelas no Brasil e, segundo suas conclusões, existe uma ausência do Estado nas favelas, e por isso é necessário pedir a colaboração dos milicianos e dos traficantes. Ele disse que: "Hoje nós começamos a primeira, o plano de manejo, e eu não vou falar em qual comunidade será, mas começamos o primeiro, para fazer um teste, um teste piloto, porque ali você tem que entender cultura, dinâmica, ali a gente tem que entender que são áreas que muitas vezes o estado está ausente, que quem manda é o tráfico, quem manda é a milícia, como que a gente constrói essa ponte em nome da vida e a saúde dialoga sim com o tráfico, com a milícia, porque eles também são seres humanos e eles também precisam colaborar, ajudar, a participar”.

Porém, o que Mandetta ignora é que o Estado, ao contrário de ausente, é muito presente pela via da instituição militar, que é a principal instituição responsável pelos altos índices de mortes e repressão nas favelas e periferias do país, e que possuem mil laços com tráfico e milícias. O ministro de Bolsonaro, velho parceiro das empresas privadas de saúde que lucram milhões com o desmonte do SUS, também não está interessado em defender as vidas da população.

Os donos de grandes empresas e os representantes políticos, muito antes da crise do coronavírus vinham retirando os investimentos na saúde pública de acordo com seus próprios interesses de lucros. Ao longo de anos, o Sistema Único de Saúde sofreu constantes formas de sucateamentos. Hoje, o próprio governo não consegue garantir respiradores: são apenas 400 respiradores no Rio de Janeiro; um número que não ajudaria nem metade das pessoas que estão contaminadas pelo vírus. Ao invés de reconverter as indústrias para a produção em massa de respiradores a preço de custo, a solução do governador é tentar manter as pessoas em casa "na porrada".

A quarentena é insuficiente se não existe testes massivos para toda população, os testes massivos fornecem dados e amostras importantes para de fato a quarentena ser efetiva, e também é elementar o confisco de hotéis, resorts e SPAs para construir centros de tratamento onde as pessoas tenham condições de melhorar sua imunidade. Segundo relatos de trabalhadores da saúde, que estão na linha de frente em combate ao COVID-19, até o início dessa semana eles sequer não tinham acesso a testes para garantir sua segurança. Muitas vezes não tem nem mesmo os equipamentos de proteção básicos.

É um absurdo que em plena pandemia mundial, Witzel adote medidas insuficientes e autoritárias para suspostamente mostrar que esta preocupado com a vida da população mais pobre e carente.

A saída para essa pandemia mundial será um SUS 100% estatal sob controle dos trabalhadores, que a produção e economia sejam voltadas para garantia de recursos, materiais de proteção, respiradores e mais leitos nas UTis.




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