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EDUCAÇÃO | Sem computadores e com escolas precárias, Enem online de Weintraub punirá os mais pobres

O ministério da educação sob comando do ministro ultra reacionário Abraham Weintraub, escolhido por Bolsonaro, declarou que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) não será mais presencial e que assim, o governo irá economizar verbas com aplicação do exame. A responsabilidade pela compra dos computadores foi dada às próprias escolas, onde já reina precariedade e descaso do Estado.

sexta-feira 5 de julho de 2019 | Edição do dia

É enorme a quantidade de ataques à educação que se alastram e intensificam desde 2016, quando se aplicou a PEC 55 que congelou por 20 anos os investimentos em saúde e educação para direcionar o dinheiro de impostos arrecadados para o pagamento da fraudulenta dívida pública. A reforma do ensino médio e o sucateamento da educação com o intuito de entregar os setores de ensino público para a iniciativa privada, também demonstrando o caráter de mercantilização do ensino e que este deve ser, aos olhos da direita ajustadora, cada vez mais precarizado apenas para gerar mão de obra acrítica para grandes empresários que pretendem nos nos fazer trabalhar até morrer com a reforma da previdência e redução dos direitos trabalhistas.

Agora, o MEC, sob controle de Weintraub, declarou esta semana que até 2025 o exame nacional do ensino médio será extinto presencialmente aderindo a um modelo online de aplicação da prova.

O INEP, órgão responsável pela aplicação das provas declarou que não haverá compras de novos computadores para as instituições públicas, que serão elas mesmas responsáveis pela compra de computadores para os participantes realizarem a prova, ao mesmo tempo em que estão sob projeto de privatização de Bolsonaro e dos governos anteriores, inclusive os do PT.

Além disso, as provas também poderão ser realizadas em casa. O dado mais alarmante é que o Brasil conta com uma média de 63 milhões de pessoas sem acesso à internet, e isso inclui grande parte da juventude em locais periféricos e rurais onde a distribuição de rede não chega. O país conta com um dos piores serviços de internet do mundo, e os servidores do Enem, que servem apenas para acesso dos os portais do candidato para inscrição e acompanhamento dos resultados, quando se encontram com grande acesso simultâneo saem do ar, não disponibilizando seus serviços e impossibilitando pessoas de acompanharem e até mesmo selecionarem os cursos e instituições de ensino das quais querem ingressar, vindo a causar perdas de vagas para muitos participantes. É impossível pensar que desta forma, o ENEM seria mais acessível, mas sim que essa é mais uma forma de precarização e ataque contra a juventude mais pobre.

Deve-se ainda retomar um importante debate sobre o papel desse exame, que em si já é bastante contraditório. Inicialmente, quando implementado pelo governo de Lula, era dito que o Enem seria uma ferramenta para identificar problemas e debilidades do ensino básico e médio, levando a encontrar também soluções mais adequadas para sanar os problemas da educação. Acontece que do primeiro momento que foi implementado, o Enem na verdade foi uma ferramenta da elitização para estudantes e da concorrência e punição para professores. Como mecanismo de avaliação e controle das escolas, ele possibilitou que as privadas de elite utilizassem como mecanismo publicitário, e nas públicas, restringiu bonificações salariais a professores com bons resultados. Para a seleção em universidades públicas, o Enem, mesmo quando associado o ingresso exclusivamente ao estudante oriundo de escolas públicas, tal exame já é um sinal vermelho para toda a massa de jovens vítimas da precariedade do ensino básico.

Ao associar esse papel nefasto do exame com a sua provável inacessibilidade aos mais pobres, ele se converte de fato numa ferramenta de seleção hiper restrita, em um sistema educacional que afunila e deprime a juventude.

Os exames vestibulares servem para dificultar o acesso às universidade públicas. Servem como um filtro social do qual Bolsonaro com seus ministros reacionários, intensificam cada vez mais a exclusão de estudantes pobres e trabalhadores e que não contam com condições mínimas de acesso a estudo e até mesmo internet. Fica evidenciado o caráter obscuro e excludente da educação que está prestes a se transformar ainda mais em mercadoria com as privatizações, para assim enriquecer os bolsos dos tubarões do ensino com suas redes privatizadas. A educação é um direito que deve ser de irrestrito, e para isso é necessário não pagar a dívida pública e direcionar esse dinheiro para o investimento em educação e saúde. Além disso, as universidades devem ser de acesso livre e para isso é necessário o fim do exame vestibular para que a juventude ingresse nas universidades sem passar por esse filtro social que exclui milhões de jovens de poderem acessar o ensino superior.




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