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Seguem as marchas na Bielorrússia e sequestram a uma líder opositora

Milhares de pessoas desafiam ao governo de Lukashenko em um novo domingo de protestos. A crise bielorrússa se agrava com a detenção da dirigente opositora Maria Kolesnikova.

terça-feira 8 de setembro de 2020 | Edição do dia

Milhares de pessoas saíram neste domingo às ruas de Minsk, capital da Bielorrússia, para protestar pela presumida fraude nas eleições presidenciais nas quais foi reeleito Alexsander Lukashenko, desafiando o forte operativo policial disposto pelo governo que deteve a centenas de pessoas, segundo fontes do Ministério do Interior.

No domingo, mais de 100.000 pessoas marcharam até a residência do presidente pedindo sua renúncia. A polícia antidistúrbios com máscaras deteve a 633 pessoas, enquanto que os grupos de valentões pró-governamentais atingiram os manifestantes na volta pra casa.

As manifestações vem desenvolvendo desde as controversas eleições de 9 de agosto, nas quais Lukashennko, que governava o país desde 1994, se impôs com mais de 80@ dos votos, o que foi rechaçado pela oposição e milhares de pessoas que consideram que houve fraude eleitoral. Segundo o controle oficial, Lukashenko obteve 80,1% dos votos, seguido por Svetlana Tijanóvska com 10,12%. Os outros três candidatos opositores reuniram pouco mais de 4%. A principal candidata da oposição, se exilou na Lituânia para evitar ser detida.

Apesar da polícia ter advertido que haveria repressão os protestos não cessaram. O Minístro do Interior advertiu as pessoas do "pacote de medidas que serão aplicadas para prevenir ações ilegais por parte dos manifestantes", enquanto se destacavam carros hidrantes pela cidade junto a policiais armados com escudos e cassetetes. As redes sociais foram o canal para difundir vídeos nos quais se veem aos manifestantes com a bandeira histórica, - com faixas branca, vermelha e branca, apropriada pela oposição depois da queda da URSS - cantando "Bielorrússia vive" enquanto avançavam pelo centro da capital.

Durante a tarde de domingo, a porta voz do Ministério de Interior bielorrusso, Olga Chemodanova, em declarações a agencia Sputinik, cifrou em "centenas" o número de manifestantes detidos durante os protestos. "Em todo país foram detidos centenas de cidadãos por participar em eventos massivos não autorizados; não sabemos o número final, planejamos anunciá-lo na manhã de segunda.

A líder da oposição bielorrussa, Maria Kolesnikova, foi "tirada da rua" em Minsk

Pessoas mascaradas não identificadas sequestraram a principal figura da oposição bielorrussa, Maria Kolesnikova, em uma rua no centro da capital, Minsk, na segunda-feira e a levaram em uma caminhonete, segundo disseram testemunhas a meios locais.

Kolesnikova é uma figura política muito destacada ainda dentro da Bielorrússia, foi uma das compenheiras de campanha da candidata da oposição Svetlana Tikhanovskaya, nas disputas eleições de 9 de agosto.

Segundo os informes, Kolesnikova foi detida pouco depois das 10 da manhã, hora local, enquanto caminhava perto do museu nacional de arte de Minsk. Outros três membros do conselho de coordenação da oposição também desapareceram, não está claro quem sequestrou a Kolesnikova. seus colegas de conselho de coordenação que desapareceram incluem a Anton Rodnenkov, Ivan Kravtsov e Maxim Bogretsov. Também falta sua equipe de imprensa. Isto parece ser uma tentativa seletiva das autoridades para acabar com o movimento de protesto, mas uma jogada arriscada já que pode colocar gasolina na fogueira.

Nos primeiros dias que se seguiram à votação de 9 de agosto, os agentes de segurança dispersaram com gás lacrimogênio, balas de borracha, canhões de água e bombas dispersoras aos manifestantes que protestavam por uma suposta fraude eleitoral. Milhares de pessoas foram detidas, centenas acabaram feridas e ao menos três faleceram. Desde então, as cenas de violências cessaram, mas os protestos continuaram e transcenderam da rua algumas cadeias de televisão públicas e trabalhadores industriais, que se declararam em greve. O envolvimento do movimento operário a princípio havia posto contra a parede o governo, mas paulatinamente abandonaram as medidas de força pelas constantes ameaças de demissões.

O governo de Lukashenko disse tentar evitar uma "Revolução de cor" em referência as que se deram na Ucrânia por exemplo, que implicam movimentos cidadãos em favor de programas liberais pró-ocidentais.

Em contraposição é notável a reação dos Estados Unidos, cujo governo advertiu na última quarta-feira que está analisando impor sanções contra as autoridades da Bielorrússia responsáveis por reprimir os protestos que pedem novas eleições. Estas sanções são exigidas pela oposição bielorrussa, mas que só farão com que o povo trabalhador sinta o afogamento econômico. Neste sentido, os trabalhadores necessitam uma agenda própria e independente da oposição liberal para derrubar ao governo de Lukashenko.




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