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SECUNDARISTAS CHILE | Secundaristas do Chile: Projeto de abaixo-assinado interno

sexta-feira 13 de novembro de 2015 | 07:20

Os estudantes mobilizados da Escola Técnica “Liceo A-90” da comuna de San Miguel, Santiago do Chile:

1. Exigimos um cogoverno de todos as categorias. Onde os estudantes, os professores, os não docentes e os representantes tenham poder de decisão real no interior do estabelecimento, em todos os âmbitos da vida escolar. Que se possa formar um conselho escolar resolutivo no qual todos os membros tenham direito a voto, em sessões semanais, abertas; e um espaço que permita que qualquer membro da comunidade possa participar com direito de fala.

2. Exigimos que a direção do estabelecimento seja eleita através do voto universal dos estudantes, professores, representantes e demais trabalhadores da educação. Isso implica a renuncia da atual diretora. Rejeitamos o sistema não democrático que dá exclusivamente aos titulares a possibilidade de nomear diretores, com concursos de fachada.

3.Exigimos que um comitê de convivência seja formado, com um membro de cada categoria e que tenha o controle das tarefas que, hoje recaem sobre a inspetoria geral. Durante o período da autogestão, nós os estudantes demonstramos amplamente que podemos cuidar das tarefas disciplinares. Do mesmo modo, vimos como nossos professores assumiram múltiplas funções, organizando conosco o funcionamento da escola, sem a necessidade de uma direção. Após essa experiência, não podemos voltar ao funcionamento tradicional. Todos podemos administrar nossa própria escola. Esse comitê, seria o encarregado de definir sanções, mediar conflitos que surjam dentro das categorias ou entre elas; evitar a “falta de respeito” de estudantes para com professores e vice-versa. Resumindo, cumpriria o papel de cuidar do cotidiano, em prol do bom funcionamento da Instituição.

4. Exigimos a renovação da matrícula de todos os estudantes que assim desejarem e que não se faça represália alguma contra aqueles que participaram do processo de ocupação.

5. Exigimos a renovação automática do contrato para todos os professores. Se o contrato de algum professor ou professora não for renovado, depois desse ano “atípico”, obviamente será por razões políticas e não pedagógicas, pois é obvio que, se apenas houve três meses de aulas e já estamos há 4 meses com a ocupação, os professores a serem contratados não poderiam ter a oportunidade de serem reconhecidos pedagogicamente, após a situação ser “normalizada”

6. Exigimos que, em relação a “apresentação pessoal”, o único requerimento para frequentar a escola seja o uniforme, sem nenhuma restrição ao uso de piercing, cabelo longo, bigode, barba, cabelo tingido, chapéus ou gorros. Rechaçamos a intervenção da escola em nossa aparência, a “uniformidade” que tem como único objetivo nos oprimir. No mesmo sentido, não queremos que seja obrigatório o uso da caderneta de comunicados do colégio. E exigimos que acabe com a prática conservadora e repressiva de proibir que os alunos se beijem no pátio, fora do horário de aula.

7. Exigimos que os cursos não tenham mais de 33 estudantes. Se o número de alunos matriculados ultrapassar os 33, um novo curso deverá ser aberto dividindo os matriculados por nível e em dois grupos. Por exemplo, se no quarto ano do ensino médio houver 40 alunos matriculados, dever-se-á abrir dois cursos de 20 alunos. Esse método irá desafogar e melhorar o desempenho dos professores, gerando um clima de trabalho nas salas de aula e uma interação fluida.

8. Exigimos autonomia organizacional como estudantes. Isso implica várias questões:
A) Que seja concedido uma sala – entre tantas em desuso – para a organização estudantil, com chave de uso exclusivo dos estudantes.

B) Direito dos estudantes a fotocopiar (xerox) de maneira gratuita os materiais informativos, requisições, boletins, etc., que sejam necessários para nossa organização e ter acesso aos computadores fora hora do horário de aula.

C) Direito de convocar assembleias, quando assim quisermos, na quadra esportiva, sem a presença de autoridades ou professores, salvo se forem convidados por nós, e com a presença de dirigentes ou estudantes de outras instituições, caso seja necessário.

D) Direito de regulamentar os nossos métodos de organização e eleição de dirigentes, sem a intervenção da autoridade. A curto prazo, exigimos que a autoridade da escola reconheça Cristóbal Espinoza, nosso porta-voz, como o legítimo representante dos estudantes.

9. Como estudantes, nos solidarizamos com nossos pais e representantes que nos tem apoiado nessa difícil e longa luta. Por esta razão, exigimos a devolução imediata das verbas Centro de Padres anterior ao atual regime, e que a direção da escola seja responsável por garantir que isso ocorra. Omitir – como até agora tem feito a direção – a existência de irregularidades com os recursos do centro de pais, é o mesmo que endossar a situação. Essa é mais uma razão porquê exigimos a renuncia da diretora.

10. Insistimos que a direção aplique os decretos 511, 112 e 83, que permitem que sem o requisito dos 85% de assistência mínima, os estudantes possam ser promovidos de curso. A direção assim o fará se realmente não quiser depender das orientações políticas do governo que buscam castigar os estudantes dos colégios ocupados.

11. Queremos uma escola polivalente e não exclusivamente técnico-profissional ou científica.

12. É necessário melhorar as condições de infraestrutura e segurança e a qualidade de vida da escola. Por essa razão, exigimos gás [para aquecer] os chuveiros, material para a limpeza dos banheiros e para higiene pessoal (papel higiênico, toalha, proteção de assento descartável, etc.); melhoras nas instalações da enfermaria, uma sala habilitada para o estudo e uma cantina que funcione o ano inteiro.

13. Queremos uma quantidade maior de atividades extracurriculares não obrigatórias, que possam ser propostas não só pela direção ou pelos professores, mas também pelos estudantes, representantes e funcionários.

Esperemos contar com uma respostas o mais tardar, sexta-feira, dia 28 de outubro, na primeira hora, para informar ao grupo de estudantes e definir os passos a seguir. Se considerarmos que a resposta a este abaixo-assinado interno é insatisfatória, vamos nos manter mobilizados e iniciaremos as ações que consideramos mais pertinentes para triunfar. Se a resposta for satisfatória, poderemos iniciar um processo de aproximação, embora a trajetória de nosso movimento dependa do que acontece a nível nacional.

26 de Outubro.

Tradução do espanhol: Cassius Vinicius J.


Temas

Chile    Juventude



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