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TECNOLOGIA | Sarahah: a nova rede social que nasceu do medo dos chefes e patrões

Nasceu na Arábia Saudita, se chama Sarahah, honestidade em árabe. Permite algo muito fácil: enviar mensagens anônimas sem que aquele que receba possa responder.

quinta-feira 10 de agosto de 2017 | Edição do dia

Mais de 4 milhões de usuários, ao menos nos EUA, utilizaram a rede social. Superou em Julho, os acessos de Netflix, Facebook e Whatsapp. Está disponível para Android e IOS.

Seu êxito é muito simples. As vezes, queremos dizer algo a alguém que conhecemos porém não nos atrevemos: bons ou maus comentários.

O ingrediente do êxito deste aplicativo é o anonimato. Todos poderiam estar interessados em saber que diriam nossos conhecidos sobre nós mesmos de forma anônima e, portanto, sem consequências.

Hoje, na nuvem da rede, existem mais de 300 milhões de mensagens, segundo disse Zain al-Abidin Tawfiq, o criador, a BBC e é quem pode comentar no perfil de alguém sem se quer estar registrado. Aparentemente se trata de receber mensagens propositivas para “descobrir suas fortalezas em áreas de melhora mediante a recepção de impressões dos empregados e amigos de maneira privada”. Hoje se discute se é uma arma para o cyberbullying ou para o sexting.

Em meio a uma sociedade com fortes tendências individualistas e frias, Sarahah pode servir para afundar o ciberespaço: destruir a quem sempre quisemos, dizer-lhe o mal que nos caiba ou elogiar quem sempre quisemos.

Porém mais além de sua crescente utilização para atacar anonimamente a outras pessoas, tem que dizer que a origem da aplicação está no medo as represálias nos lugares de trabalho.

A aplicação nacional para que os empregados em uma empresa pudessem dizer anonimamente a seus patrões ou chefes o que não gostavam de sua jornada. Zain al-Abidin Tawfiq, seu criador, explicou que Sarahah nasceu para que os empregados pudessem dizer o que quiserem a seus chefes porém sem que eles soubessem quem foi.

Se entende e não deixa de ser interessante. Quantas vezes quis dizer a teu chefe que não é justo ganhar menos do mínimo por oito horas de trabalho? Lembra quanto quis dizer a seu chefe que quer férias por trabalhar sem descanso durante anos?

Alguma ocasião te deram ganas de dizer a seu chefe que não é justo que grite contigo? Quantas vezes teu patrão não te deixou ir ao médico pois se “perde a produtividade”? Te pagaram as horas extras? Quantas vezes não quis sair correndo da oficina, armazém ou fábrica logo de romper-lhe a cabeça a esse patrão ou chefe que sempre te obriga a ficar mais tempo que necessário?

Porque não o fizeste?

Adivinhamos: por medo que te despeçam, a que não te renovem o contrato, a que o chefe se retalie contigo e te ponha um castigo, te troque de área, ramo ou fábrica. Ao melhor te desconta o salário, remove desempenho, grita e te humilha na frente de teus colegas. E se te despede por reclamar do justo? Quem paga a renda, o gás, a luz?

Esse medo pode se perder com a organização, pois no fundo sem os trabalhadores não se move um trem, não brilha um foco, não gira um ventilador: sem os trabalhadores o mundo não desperta.

Marx chamou a necessidade da confiança entre os trabalhadores como a consciência em si, esse momento em que os trabalhadores começam a defender seus direitos e a tomar consciência que ao ser a maioria da humanidade sua força é indestrutível. Veja que os trabalhadores “somos o sal da terra”. Organizados é difícil que os patrões possam seguir impondo suas condições.




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