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PETROBRAS | Saldo da corrupção na Refinaria Abreu e Lima: 50 mil demitidos e obras suspensas

A partir de informações obtidas na delação para a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Márcio Faria da Silva, ex-executivo da empresa Odebrecht, mais de R$ 90 milhões em propina teriam sido pagos no decorrer das obras realizadas na Refinaria Abreu e Lima (PE) a ex-executivos da Petrobras. Os beneficiados possuem vínculo com o PP, o PSB e o PT.

segunda-feira 24 de abril de 2017 | Edição do dia

Os dois contratos assinados pela Refinaria da Petrobrás desde 2009 já somam um valor de R$ 4,6 bilhões e, mesmo contando com a participação não somente da Odebrecht, mas também dos grupos Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, nenhum dos empreendimentos foi concluído até agora.

Os valores teriam sido distribuídos da seguinte maneira: R$ 15 milhões foram destinados ao empresário Aldo Guedes, ligado ao governador Eduardo Campos (PSB, morto em 2014); R$ 15 milhões foram para o ex-deputado José Janene (PP, morto em 2010); para Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras ligado ao PT, o valor seria de R$ 30 milhões; por último, R$ 15 milhões foram pagos a Glauco Lagatti, ex-gerente da Refinaria.

Ainda na delação, Faria da Silva menciona um encontro realizado em São Paulo onde Guedes dizia ser "o único representante do governador Eduardo Campos" e, em seguida, pediu uma contribuição de 2% do valor global dos dois contratos em nome do governador, o correspondente a R$ 90 milhões. Para "manter uma boa relação", Faria aceitou contribuir com R$ 15 milhões - metade seria paga pela Odebrecht, a outra metade pela OAS.

"É o que nós temos", disse Márcio Faria da Silva. O valor foi aceito e, mesmo que tenha ficado insatisfeito, Guedes teria prometido que "o governo de Pernambuco iria dar apoio incondicional a nós na condução do contrato, com ênfase muito forte nas relações sindicais, uma vez que iríamos ter 50 mil pessoas de todos os contratistas lá na obra".

O que mais nos salta aos olhos, além dos valores absurdos, é o fato revoltante de que são acordos e investimentos que teriam "ênfase muito forte nas relações sindicais", visto que a obra contaria com a participação de cerca de 50 mil trabalhadores.

A partir do momento em que as obras foram suspensas, essas dezenas de milhares de pessoas foram colocadas na rua, e o discurso mais comum tem sido de que a crise é um saldo dos trabalhadores e de que nós é quem devemos pagar por ela. Oras, valores cada vez mais exorbitantes são jogados "para lá e para cá" na tentativa de firmar acordos com direções sindicais para que os trabalhadores não possam exigir direitos como aumento de salário de empresas e de investimentos já corrompidos desde o contrato inicial. Dessa forma, fica cada vez mais evidente os interesses que estão por trás tanto destas empreiteiras que estão lucrando em base a estrondosos esquemas de corrupção, quanto dos partidos envolvidos, que neste caso envolvem o próprio PT e o governo Lula em 2009.

Porém, a resposta pra essa dúvida tem surgido nas ruas. São os próprios trabalhadores quem devem tomar para si o papel de defender os seus direitos, e isso foi expresso já neste último dia 15 de Março, onde fomos às ruas protestar contra os duros ataques do governo golpista de Michel Temer e suas reformas, independentemente dos acordos e das "ênfases" dadas pelas centrais sindicais que assumem o papel de amenizar o sentimento de injustiça.

Neste dia 28 de Abril, iremos por mais! É nosso papel construir, desde cada local de trabalho até toda a juventude nos locais de estudo, uma forte mobilização pra dar início a uma greve geral, com um plano de lutas para barrar as reformas e derrubar o governo de Temer junto com o projeto golpista, são eles é quem devem pagar pela crise! Vamos exigir de cada ferramenta de organização dos trabalhadores que construam conosco, e que esse momento histórico de mobilização da classe trabalhadora brasileira não seja um fim em si mesmo, é preciso romper com as amarras que a democracia "dos de cima" nos impuseram, e exigir através da nossa luta uma nova Constituinte nossa, livre, soberana e que represente os nossos interesses.

foto: Vista aérea de Abreu e Lima, em Pernambuco, Hans Von Manteuffel / Agência O Globo




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