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MULHERES NEGRAS 2016 | Maceió é a segunda capital mais violenta para as mulheres no Brasil

segunda-feira 25 de julho de 2016 | Edição do dia

Segundo os dados fornecidos através da pesquisa de Julio Jacobo Waiselfisz, sobre “homicídios de mulheres no Brasil”, pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (2015), “O número de homicídios de brancas cai de 1.747 vítimas, em 2003, para 1.576, em 2013. Isso representa uma queda de 9,8% no total de homicídios no período. Já os homicídios de negras aumentam 54,2% no mesmo período, passando de 1.864 para 3.875 vítimas”

Esses dados são alarmantes quando pensamos na realidade brasileira. Mas se tomarmos como referência a realidade da mulher negra em Maceió (AL), as coisas ficam bem mais assustadoras. Sendo uma das nove capitais no nordeste brasileiro, Maceió é a capital que tem a maior taxa de feminicídio da região. Em relação ao país, ela está em segundo lugar no ranking das capitais, ficando atrás, apenas de Vitória (ES).

NÃO DEVEMOS ACREDITAR EM GOVERNOS QUE SÃO ALIADOS AOS PATRÕES

Tanto o governo federal (PT/PMDB/Temer Golpista), quanto o governo do estado (PMDB) e a prefeitura de Maceió (PSDB), parecem não se preocupar nenhum pouco em mudar essas estatísticas, muito menos preocupados com as vidas de várias de mulheres que morrem diariamente. A prova disso é que esses números apenas crescem (não apenas localmente, mas nacionalmente). Por isso, não podemos acreditar, nem permanecer reféns de partidos aliados dos patrões, que governam para homens, brancos e ricos. Queremos governar nossas próprias vidas e ditar nossas próprias leis.

Nas terras de Dandara, os lugares destinados às mulheres negras são os empregos precarizados, os piores salários, as piores moradias, a falta de vaga nas escolas, a violência obstétrica, a violência sexual e daí para pior. Dupla exclusão (racial e de gênero) adicionados ao cotidiano das triplas jornadas de trabalho. Ou seja, não temos para onde correr. Estamos em todos os instantes colocadas contra a parede como escravas do lar, do sexo, do (des)emprego e das faltas de políticas públicas. Por isso, permanecer viva é um ato de resistência.

É importante falar que na terra dominada pelos coronéis, usineiros e pela polícia assassina, as mulheres negras resistem diariamente e de diversas formas. Nas ruas, nas praças e nos quilombos urbanos. E por isso, é preciso transformar nossas lutas diárias em luta contra esse sistema opressor. Nossa única saída é o fim do capitalismo. Ao mesmo tempo, não há como dar um fim ao capitalismo sem acabar com o racismo, o machismo e a LGBTFobia. É necessário nos empoderarmos e organizarmos todas as mulheres para derrubada do sistema. Associações de bairros, escolas, praças, postos de trabalho, grupos culturais, são locais de grande importância para discutir, formular e entrar em ação. A hora é agora!

CULTURA PERIFÉRICA RESISTE

Ultimamente, o cenário do rap vem crescendo na capital alagoana, e a mulher tem papel importantíssimo nesse processo. Apesar do rap ser “culturalmente” machista, diversas mulheres se empoderam, enfrentam diariamente essas barreiras e soltam suas vozes e rimas. Vozes que ecoam com o grito abafado de tantas e tantas mulheres que vivem na periferia de Maceió.

Arielly Oliveira - rapper alagoana

Até que o dia que a última mulher seja vítima de racismo, machismo, LGBTfobia e das desigualdades, estaremos em luta.

Na terra de Dandara, mulheres negras resistem!




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