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CRISE NO RIO | Rio de Janeiro perdeu 42.343 postos de trabalho só no primeiro semestre de 2017

O sofrimento dos trabalhadores só aumentam junto à taxa de desemprego no Rio de Janeiro. No primeiro semestre de 2017, o saldo de vagas no município (abertura menos fechamento) foi de uma perda de 42.343 postos, cerca de um emprego a menos a cada 6 minutos.

quinta-feira 3 de agosto de 2017 | Edição do dia

Um levantamento da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), mostra que de 24 segmentos econômicos, 17 fecharam vagas no semestre. Os piores setores foram o comércio com perda de 30.839 mil postos de trabalho, a construção civil com fechamento de 5.512 mil postos e a indústria com redução de 5.512 vagas.

Segundo o coordenador de Estudos Econômicos da Firjan, Wilhan Fiqueiredo, o rendimento no Estado do Rio também foi prejudicado pelo atraso nos pagamentos do governo estadual aos seus servidores, que formam uma categoria com renda acima da média e são grandes consumidores. "Se os salários deles atrasam, a capital sofre".

Há três meses, segundo o jornal Valor Econômico, uma empresa de apoio offshare (empresas que oferecem apoio com navegações e transportes para unidades de exploração de petróleo), fechou as portas demitindo cerca de 200 funcionários após redução de contratos com a Petrobrás. Dentre eles o marítimo Diego Grobério, 33 anos.

Com o mercado de trabalho saturado, Diego que é engenheiro e segundo oficial de náutica, está agora desempregado e busca uma saída pelo mercado informal. Sua esposa, geóloga, também desempregada foi demitida há um ano ao final de sua licença maternidade. "O dinheiro que economizei vai nos sustentar até o início de 2018. Se não conseguir emprego até lá, vou me mudar para perto da minha sogra em Ubatuba (litoral norte de São Paulo) e viver de bicos pilotando traineiras para turistas", disse o engenheiro. "Acho que mantendo um custo de vida baixo, é possível."

Assim como Diego, outros trabalhadores procuram o sustento no mercado informal, o massoterapeuta Gabriel Tavares Coelho, 34 anos, relatou ao jornal Valor que há dois anos busca uma colocação de carteira assinada, que lhe garantiria os benefícios como 13º salário, FGTS e auxílio-desemprego, mas ainda não teve sucesso. Gabriel diz que sua renda caiu de R$ 3.400,00 para R$ 1.200,00, e que oferece seus serviços em praças públicas.

Além da crise fiscal e corte de investimentos no setor de petróleo, o Rio ainda sofre com o fim dos grandes últimos eventos esportivos, Olimpíada, Copa das Confederações em 2013 e Copa do Mundo em 2014.

O Especialista Bruno Otoni, pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) diz que não existe solução em vista para a situação fiscal do Rio, pois setores como construção naval e civil passam por muitas dificuldades e a recuperação tende a ser mais lenta, já que a crise fiscal atrapalha ainda a capacidade de atrair novos investimentos.

A cervejaria Ambev desistiu de construir uma fábrica de latas, alumínios e garrafas em Santa Cruz, no Rio, em função das incertezas de concessão de benefícios do Estado.

Também cerca de mil funcionários foram demitidos na Zona Portuária do Rio, o Porto Maravilha. A Concessionária Porto Novo, responsável pela parceria público-privada (PPP).

Esses dados reforçam como o Rio de Janeiro passou de um dos principais estados na economia nacional para o que mais sofre com a crise financeira. E essa crise quem sente e paga são os trabalhadores, que perdem seus empregos e passam meses à procura de uma oportunidade, tendo que se entregar ao emprego informal, sem nenhuma estabilidade e com salários miseráveis. E se o desemprego hoje é realidade mesmo para a juventude que possui formação superior e experiência, o cenário é ainda mais profundo entre a juventude pobre e negra que não possui acesso à educação de qualidade.

Para acabar com o desemprego e garantir não apenas trabalho para todos, como também salário digno para todos, uma saída é dividir as horas de trabalho para que todos possam viver plenamente e para que os capitalistas paguem pela crise que eles mesmos construíram, pois nossas vidas valem mais que o lucro deles.

Saiba mais: Contra a reforma trabalhista, redução da jornada de trabalho para acabar com o desemprego




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