domingo 30 de julho de 2017 | Edição do dia
O bebê Arthur Cosme de Melo, atingido por uma bala perdida quando ainda estava dentro da barriga da mãe, em 30 de junho, em Duque de Caxias (Baixada Fluminense), e que desde então estava internado, morreu às 14h05 deste domingo, 30, em decorrência de uma hemorragia digestiva, segundo a Secretaria Estadual de Saúde do Rio.
Arthur estava internado no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. Segundo a Secretaria de Saúde, Arthur sofreu a hemorragia às 5h30 e seu quadro clínico se agravou nas horas seguintes, levando à morte durante a tarde.
"A família do paciente foi informada e esteve na unidade ainda pela manhã, recebeu todas as informações sobre o estado de saúde do paciente, que esteve gravíssimo nas últimas horas. Todos os procedimentos para reverter o quadro foram adotados, porém não houve resposta clínica do paciente. A família foi imediatamente informada e esteve novamente reunida com a chefia da UTI Neonatal e equipe médica. O corpo do paciente será encaminhado ao Instituto Médico Legal, procedimento que é padrão em casos de violência (vítima de perfuração por arma de fogo, como é o caso)", informa nota da pasta.
A violência policial escalou enormemente nestes últimos meses no RJ. Além do bebê Artur, fez vítimas como o porteiro Fábio Franco de Alcântara, que trabalhava em um prédio da rua Sá Ferreira, em Copacabana, e morreu atingido por estilhaços de uma granada enquanto almoçava.
Ou o caso da mãe e filha que foram mortas. Marlene Maria da Conceição tinha 76 anos e Ana Cristina da Conceição, 42, que foram mortas durante conflito entre policiais da UPP e traficantes na Zona Norte da cidade, que levou à revolta popular com o incêndio de um ônibus e a truculenta repressão policial.
São creches, hospitais e escolas atingidos, além das casas dos moradores dos morros em toda a cidade que são alvo das operações policiais. A demagogia cínica de que a polícia faz essas operações para "garantir a segurança" torna-se cada vez mais evidente em sua falsidade, como demonstrou o envolvimento de ao menos 96 policiais em esquema de propina com traficantes. Os policiais chegavam a exigir que os criminosos cometessem roubos para lhes pagar a propina. E enquanto isso matavam, com seus 250 "autos de resistência", e prendiam inocentes, armando "flagrantes" de tráfico para incriminar usuários e "bater as metas" de prisões.
A violência absurda no Rio de Janeiro é consequência direta tanto da criminosa política de guerra às drogas feita pelo Estado, e que serve apenas para o enriquecimento dos grandes traficantes e da polícia a custo do sangue negro nas favelas, como também é fruto da criminosa política de ataques aos direitos e serviços da população, do desemprego promovido pelos patrões e dos ataques de Pezão e Temer, que aumentam a miséria e jogam milhares de jovens na criminalidade.
Não podemos mais aceitar que os patrões, políticos, policiais sigam enriquecendo ao custo do sangue da população nas favelas, principalmente da juventude negra.