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ELEIÇÕES SINTUSP | Retomar a relação com a base para construir a unidade capaz de derrotar Bolsonaro, os golpistas e todos os ataques

Reflexões do Movimento Nossa Classe, do Quilombo Vermelho e do Grupo de Mulheres Pão e Rosas sobre as eleições para o Sindicato de Trabalhadores da USP.

segunda-feira 16 de setembro de 2019 | Edição do dia

Os debates nacionais e internacionais no 7º Congresso dos Trabalhadores da USP colocaram a necessidade de uma luta anti-imperialista e internacionalista e a importância de batalhar pela unidade da classe trabalhadora e pela independência de classe para derrotar todos os ataques, impondo um necessário plano de lutas às direções das grandes centrais sindicais que hoje traem os trabalhadores.

Nesse sentido, o processo eleitoral para a direção de um dos sindicatos mais combativos do país precisa se colocar sob a perspectiva de independência de classe, e buscar ligar-se às bases da categoria e também aos estudantes, professores, terceirizados e a população da região para combater com um só punho Bolsonaro e os efeitos do golpe.

Para isso é preciso partir de um denominador comum sobre o papel reacionário que cumpriu e cumpre toda a Operação Lava-Jato, o golpe institucional, a prisão arbitrária do Lula e a impotência do PT à frente das centrais sindicais e movimentos sociais - pontos fundamentais que foram reafirmados no 7º Congresso de Trabalhadores da USP. Só com a clareza da atual situação em que a classe trabalhadora se encontra e de como chegamos até aqui é que podemos ter uma entidade, de fato, unificada em torno de um programa e orientação que sirva para enfrentar o imperialismo, Bolsonaro e todos os agentes do golpe.

A aprovação da reforma da previdência na câmara e a MP 881 escancaram o caráter profundamente anti-operário desse governo e do parlamento chefiado por Rodrigo Maia. Para combater esses ataques e os desferidos por Weintraub à educação, o PT e PCdoB, que dirigem as maiores centrais sindicais (CUT e CTB) e a UNE, se mostraram absolutamente incapazes.

Além das alianças espúrias, como fez o PCdoB para garantir a eleição de Rodrigo Maia, ou como fez o PT nos seus anos de governo, as direções petistas foram fundamentais para semear a passividade e o ceticismo, levando a classe trabalhadora à derrota e desmoralização. Se nos perguntamos como chegamos até aqui, com um governo que ataca as mulheres, os negros, os LGBTs, os indígenas e os imigrantes, isso também se deve a estratégia de conciliação de classes levada pelas direções do PT.

Portanto, é preciso reafirmar que os trabalhadores precisam tomar as lutas e os sindicatos nas suas mãos. Para isso não se pode gerar nenhuma ilusão entre os trabalhadores nas direções das grandes centrais sindicais ou em instituições e figuras do regime - como STF ou Rodrigo Maia. O Sintusp pode cumprir um papel fundamental nessa tarefa ao levar a frente uma leitura correta da realidade e das tarefas colocadas.

A unidade para enfrentar Bolsonaro e os golpistas passa por unir e reaproximar o sindicato da base da categoria, dos estudantes, professores, terceirizados e da população da região, e não expor desnecessariamente sua vanguarda a ações isoladas que facilitem o trabalho das forças repressivas. Nesse sentido, um sindicato combativo e classista deve denunciar o papel traidor das direções burocráticas das centrais sindicais e dar mostras de como aprofundar a democracia operária, ampliando a participação da categoria em seus fóruns deliberativos, construindo a radicalidade do movimento de massas e não de meia dúzia de pessoas.

Assim como Bolsonaro, o governo Dória também avança contra os direitos dos trabalhadores e contra as universidades. A CPI das universidades e os ataques à autonomia universitárias serve aos interesses privatistas dos capitalistas. As eleições do Sintusp também se inserem no marco desses ataques profundos. Por isso, é fundamental nessas eleições sindicais, uma chapa que se coloque frontalmente contra a CPI, em defesa da autonomia universitária e contra todos os cortes na educação. No entanto, não existe defesa da autonomia universitária subordinada aos interesses da reitoria, que segue o desmonte da universidade. É necessário denunciar e combater as políticas que impõe o congelamento das contratações e dos salários com os Parâmetros de Sustentabilidade; a política de desmonte das creches, restaurantes, hospitais e serviços assistenciais à população; a militarização e política de fechamento da universidade à comunidade externa; a terceirização, precarização da carreira docente.

Uma chapa para as eleições sindicais nessa conjuntura precisa se colocar a tarefa de unificar a nossa categoria e nossa classe em torno de uma política correta e coerente que possa ser parte de conduzir a classe trabalhadora a vitória. Para isso é fundamental batalhar por um sindicato que se coloque como porta-voz da defesa da educação e dos trabalhadores e também das mulheres, dos negros, dos LGTBs, dos indígenas e imigrantes. Em defesa do meio ambiente, contra os avanços do agronegócio e também dos países imperialistas. Em defesa da vida das mulheres, pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito. Em defesa das cotas raciais e do fim do vestibular, para que todo filho da classe trabalhadora possa estudar sem pagar. Em defesa do SUS e de saúde para toda a população, com a reabertura do atendimento do HU. Por contratações de efetivos e pela efetivação de todos os trabalhadores terceirizados. Em defesa de uma estatuinte livre e soberana que dissolva a atual gestão e coloque no seu lugar uma muito mais democrática como seria um governo tripartite com maioria estudantil.

É nessa perspectiva, de garantir a maior unidade possível da classe trabalhadora para enfrentar os ataques, que somos favoráveis a liberdade de todas as organizações defenderem sua política dentro dos sindicatos e iremos apresentar, no próximo Congresso Estatutário, a proposta de gestão proporcional, em que todas as chapas concorrentes sejam parte da diretoria do sindicato na proporção que forem votadas pela base. É a partir desses pontos que queremos debater com todos os trabalhadores e trabalhadoras a construção de uma chapa para as eleições do nosso sindicato levando em conta a necessidade da unidade frente a este governo Bolsonaro.




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