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CEDAE | Resposta ao editorial do Globo: a privatização da CEDAE não salvará o Rio. É uma chantagem de Temer e Pezão

O editorial do jornal O Globo de 07/02 cujo título é “CEDAE é apenas parte de um ajuste que deve ser levado a sério” parece ter sido encomendado pelo golpista Temer, e pelo governador Pezão. Defendendo que a entrega de bandeja da CEDAE, uma empresa lucrativa que fornece um serviço dos mais importantes à população, a água, seria imprescindível para garantir “o ajuste pelo qual o estado precisa passar”, o editorial se resume a uma enxurrada de afirmações tipicamente neoliberais.

Simone IshibashiRio de Janeiro

terça-feira 7 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Em primeiro lugar, insiste em colocar que a resistência dos trabalhadores da CEDAE seria “corporativismo”. Será? Vejamos. Os trabalhadores da CEDAE, que hoje novamente tomaram as ruas da cidade do Rio de Janeiro, traziam estampadas em suas camisetas “Água é vida! Não é mercadoria!”. Ou seja, sabem que se houver privatização da CEDAE a busca por lucro primará, e pode ter grandes consequências para a população, como o aumento dos custos ao consumidor, a piora da qualidade do serviço, para citar apenas alguns.

Mas para além disso, é totalmente absurdo e cínico que a mobilização em defesa de milhares de postos de trabalho seja considerada “corporativista”. Sobretudo quando o futuro incerto desses trabalhadores é moeda de troca para garantir a continuidade do pagamento da dívida pública do estado do Rio de Janeiro, cujos juros enriquecem banqueiros e especuladores. Trata-se de uma tentativa de jogar a crise nas costas dos trabalhadores, e também da juventude pois não nos esqueçamos que a UERJ acaba de anunciar que não abrirá suas portas novamente por falta de repasse do governo do estado.

Crise que foi criada pelos mesmos políticos e capitalistas que agora apoiam a privatização da CEDAE, pois como já foi amplamente noticiado entre os anos de 2008 e 2013 o governo do estado do Rio deixou de arrecadar R$ 200 bilhões, que favoreceram termas, joalherias e outras empresas do tipo. Essas isenções, mais o pagamento de juros da dívida, desvios já amplamente noticiados, como o da reforma do Maracanã, e a queda da arrecadação por conta da queda do preço de petróleo, foram as razões fundamentais do rombo que assola o estado do Rio de Janeiro. E não o “aumento com a folha de salários e benefícios previdenciários” indiscriminadamente, como o editorial do Globo quer fazer crer. Afinal salários e benefícios de políticos, nada tem a ver com os salários e benefícios da imensa maioria de servidores, como os professores, técnicos-administrativos das universidades e um longo etc.

O Globo faz uma propaganda de que a privatização seria melhor para a população. De que o BNDES estipulou um plano para com sua privatização universalizar a coleta e tratamento de esgoto “com uma estimativa de R$ 21 bilhões de investimentos em um prazo de 30 anos, dos quais R$ 16 bilhões iriam para coleta e tratamento de esgoto, e R$ 5 bilhões, para o fornecimento de água”. Ou seja a privatização e a adoção do plano do BNDES levariam 30 anos para ser cumprida. Mas se houver um imposto progressivo sobre as grandes fortunas, como as que tiveram as isenções fiscais nos anos de 2008 a 2013, e parte dos R$ 200 bilhões perdidos fosse destinado à CEDAE não apenas não seria necessário privatizar nada, como ainda se poderia melhorar e universalizar o serviço muito mais rapidamente. Sem contar que se poderia acertar os salários atrasados de todo o funcionalismo.

Por fim, mas não menos importante, torna-se claro que a campanha feita pelo golpista Temer, Pezão, e as imprensas que lhes prestam serviço, de que sem a privatização da CEDAE não há como pagar os salários dos servidores é uma chantagem absoluta. E desumana. Estão sangrando os servidores, aposentados, as universidades e todos os que estão com seus salários atrasados para que em meio ao desespero apoiem a esse pacote de ataques, que servirá de modelo para todo os demais estados considerados quebrados. Pacote que aliás em nada resolve estruturalmente a dívida do Rio de Janeiro como explicamos aqui. Aliás às vésperas da aprovação do pacote, enquanto a população está sendo arrochada, Pezão teve a pachorra de conceder isenção de mais R$ 8 milhões à bilionária empresa de telefonia Claro.

Por isso, é preciso que saibamos que uma saída que atenda efetivamente os interesses dos trabalhadores e da juventude só pode vir da sua resistência. Para que dessa forma se barre esse pacote, e se avance em saídas efetivamente estruturais, como o imposto progressivo sobre as grandes fortunas, e o não pagamento da dívida pública, que não foi criada pelos trabalhadores e, portanto, não deve ser paga por eles.




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