Ex-presidente e atual senador Fernando Collor e mais quatro políticos do PSB e PP são alvos de investigação por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras
quarta-feira 15 de julho de 2015 | 00:00
As residências do ex-presidente e atual senador pelo PTB em Brasília e em Alagoas, assim como seus escritórios no parlamento e os de algumas empresas que pertencem a sua família, foram revistadas pela Polícia Federal que, segundo informações preliminares, apreendeu diversos documentos.
Segundo a nota divulgada pelos advogados de Collor, as operações policiais são "invasivas, arbitrárias e flagrantemente desnecessárias", pois a investigação sobre a Petrobras começou há mais de um ano e o ex-presidente "jamais foi sequer chamado a prestar esclarecimentos", apesar de ter se oferecido para fazê-lo.
"Medidas dessa ordem buscam apenas constranger o destinatário, alimentar o clima de terror e perseguição e, com isso, intimidar futuras testemunhas", diz o texto da defesa do ex-presidente.
Também foram alvos das operações realizadas hoje o senador Ciro Nogueira e o deputado Eduardo da Fonte, assim como o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, todos do Partido Progressista (PP).
Além disso, foram feitas buscas nos escritórios do senador e ex-ministro da Integração Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), .Em todos os casos, são dirigentes de partidos burgueses incluídos em uma lista com mais de 50 políticos investigados pela Operação Lava-Jato.
No começo da década de 1990, Collor renunciou ao mandato de presidente da república após vir à tona um enorme esquema de corrupção envolvendo seu tesoureiro, Paulo César Farias. Antes disso, seu governo havia mergulhado numa profunda crise de popularidade por conta de forte recessão, onda de desemprego e congelamento de depósitos bancários. Ficou conhecido por dar início a chamada “abertura econômica”, enorme processo de privatizações depois continuada pelo tucano FHC.
As investigações contra Collor e figuras importantes do PP atingem mais um setor da base aliada de Dilma, e promete aprofundar ainda mais a crise do governo federal. Não a toa, a operação foi um dos temas discutidos entre Dilma e Lula durante almoço nesta terça-feira.
Num país onde são poucos os políticos que se safam da acusação de corrupto, Collor consegue ser um dos maiores e tradicionais símbolos da corrupção – ao lado de figuras como Paulo Maluf e José Sarney. Mesmo assim, tenta se passar como “injustiçado” e se diz constrangido ao ver apreendida sua Ferrari, seu Lamborghini e seu Porsche.
Renan Calheiros, presidente do senado e forte candidato a compor a seleta lista citada acima, saiu em defesa de Collor e classificou como uma “invasão” a operação da PF. Renan foi um dos citados, junto a Eduardo Cunha, no processo da Lava Jato.
Em tempos de ataques sem fim as condições de vida da maioria da população, não apenas as revelações feitas pela Lava Jato, mas também a reação hipócrita da maioria dos acusados vem cada dia mais aumento a indignação, o ódio e o descrédito com o atual regime político.
