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USP | Reitoria da USP segue intransigente, porém DCE canta vitória do movimento

Enquanto a reitoria segue intransigente com relação às pautas dos estudantes e funcionários em greve na USP, a gestão Nossa Voz do DCE comemora 5 medidas divulgadas pela reitoria como "grande vitória do movimento". Entenda quais são essas medidas e porque devemos seguir em luta, aliados aos trabalhadores Entenda quais são essas medidas e porque devemos seguir em luta, aliados aos trabalhadores

sexta-feira 15 de junho de 2018 | Edição do dia

A reitoria segue intransigente com relação às pautas dos professores, estudantes e trabalhadores da Universidade de São Paulo, em greve desde o fim de maio contra o arrocho salarial e por permanência estudantil. Em reunião do CRUESP (que reúne os reitores das 3 estaduais) com o Fórum das Seis nesta quarta, os reitores reiteraram o índice de 1,5% de reajuste para os funcionários, o que significa 32 reais de aumento para os trabalhadores, enquanto na Alesp aumentam 9 mil reais no teto dos seus salários.

Sobre a questão da permanência, os estudantes da USP receberam hoje um comunicado afirmando 5 medidas com relação à permanência estudantil, que não representam propostas vazias. São elas:

1) Aumento da renda mínima para inscrição no programa de Bolsas Emergenciais, de 1 para 1,5 salário mínimo, entretanto sem mencionar o aumento na quantidade de bolsas oferecidas, o que no limite significa mais pessoas disputando as reduzidas bolsas que já existem, ou seja, significa piorar a situação.

2) Reforma no CRUSP (moradia estudantil), como muitas já foram prometidas e não foram cumpridas, a partir de um projeto de rede elétrica, mas sem mencionar nenhuma data de cumprimento.

3) Instalação de Wi-Fi no CRUSP, também sem menção de data de cumprimento.

4) Um número especial do Jornal da USP, apresentando informações sobre “demanda e dispêndio de recursos com permanência”, nem sequer cogitando a demanda de abertura do livro de contas que escancararia que o grande dispêndio da universidade vai para o bolso de uma ínfima minoria de burocratas com seus supersalários e privilégios, como o “auxílio-moradia” de 60 mil por ano recebido pelos reitores.

5) Um vago “As demais demandas serão analisadas oportunamente e discutidas com o DCE”, deixando de lado todas as demandas do movimento sobre a questão de permanência: devolução dos blocos K e L; bolsas para toda a demanda, com aumento do valor absurdo de 400 reais; reabertura imediata da creche oeste e ampliação das vagas; contratação de funcionários e professores efetivos e efetivação de todos os terceirizados sem concurso.

Mesmo assim, a gestão Nossa Voz do DCE (composta pelo PT, Levante popular a Juventude e UJS) divulgou as medidas como uma grande “vitória do movimento”. Ou seja, a gestão deslegitima toda a discussão que foi feita nas assembleias e fóruns do movimento sobre pelo que lutamos, e faz propaganda das medidas que a própria reitoria já vinha tomando. Isso porque prefere dizer que consegue “vitórias” por fora da mobilização que não deu o mínimo peso para construir, com seus 300 diretores, e por isso o movimento estudantil precisaria se contentar com reuniões que os poucos e bons da gestão realizam a portas fechadas com o reitor, como Vahan deixa claro no áudio da reunião do CRUESP, dizendo que já se reuniu 6 vezes com o DCE apenas neste ano, o que é confirmado pelo representante da gestão Nossa Voz.

A concepção de entidade que a gestão Nossa Voz tem, de que ela e os Centro Acadêmicos reunidos com o reitor podem arrancar nossas demandas, mostrou sua falência com essas medidas tiradas na reunião de terça. Não deixaram que o comando de greve se reunisse antes de ocorrer a reunião, votando contra isso na assembleia geral. Nada pode substituir a força dos estudantes, trabalhadores e professores parando toda a universidade, e elegendo os representantes desse movimento para um comando de greve, que esse sim tem legitimidade para impor uma negociação com a reitoria em que seja possível exigir que se efetivem as demandas pelas quais lutamos.

A reitoria já mostrou mais de uma vez que não existe diálogo de fato com os estudantes, afinal tem interesses políticos diretamente opostos aos dos estudantes que lutam em defesa da educação pública. O governo Alckmin/Márcio França seguiu a linha do governo golpista de sucateamento e privatização da educação pública. O reitor, escolhido a dedo por Alckmin, e o conselho universitário, composto por burocratas com supersalários, seguem a mesma agenda de ataques e, assim como Temer aprovou no governo federal, a reitoria aprovou a PEC do fim da USP congelando a verba da universidade. É por isso que precisamos de um forte movimento que imponha uma estatuinte livre e soberana, em que possamos dissolver o conselho universitário e decidir quem deve gerir a universidade, que são os trabalhadores, professores e estudantes, de forma proporcional, de acordo com os interesses da população.

O único “diálogo” que a reitoria entenderá será uma mobilização massiva que exija que as demandas do movimento colocadas na mesa de negociação sejam atendidas. Precisamos agora seguir em greve em apoio aos trabalhadores, lutando contra qualquer tentativa de repressão da reitoria, como foi o corte de ponto em 2016. Por isso devemos rechaçar fortemente essa concepção de entidade estudantil da gestão Nossa Voz, que pensa que os estudantes servem apenas para votar em uma chapa no fim do ano, em vez de colocar toda a força que usam nas eleições para atuar ao longo do ano também, construindo assembleias, atividades, conversando com cada estudante etc. Somente com uma forte mobilização construída pela base é que poderemos derrotar a reitoria e os governos, e lutar contra o arrocho salarial e por permanência para toda demanda, batalhando para que a universidade esteja de fato a serviço dos trabalhadores e de toda população.




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