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INTERVENÇÃO FEDERAL | Reitor da UFRJ: "Essa lógica de segurança faliu!"

sexta-feira 9 de março de 2018 | Edição do dia

Imagem: Blog do Pedlowski

Roberto Leher, Reitor da UFRJ desde 2015, se posicionou contra a Intervenção Federal em entrevista dada a Marcelo Auler disse que "essa lógica de segurança faliu". Na entrevista ele frisa que não pretende monitorar o General Braga Netto como noticiou o Jornal do Brasil e diz que a UFRJ pretende:

“formar uma coalizão de instituições, de organizações democráticas e vamos
acompanhar, em primeiro lugar, os desdobramentos desta intervenção militar. Vamos acompanhar isso em termos jurídicos, o significado desse decreto. Vamos acompanhar a situação das favelas, particularmente de desrespeito de Direitos Humanos, da necessidade do devido processo legal, de proteção aos direitos fundamentais de todos que têm um corpo humano e, particularmente, vamos nos colocar, junto com todas as forças democráticas da sociedade brasileira, a favor, trabalhando na perspectiva de fortalecermos outras formas de abordagem do problema da violência”.

E completou:

“Todos nós estamos muito preocupados com o processo de intervenção e particularmente com a linha de trabalho que parece estar sendo seguida pelo comando que assume a política de segurança. A missão da universidade é proteger os Direitos Humanos, favorecer a vida,acompanhar, de forma muito delicada a situação de vida das pessoas que moram nas favelas!” (...) “nós entendemos que a UFRJ, como uma instituição que produz conhecimento, uma instituição que forma pessoas de uma maneira muito sofisticada, não pode estar alheia a este movimento que está em curso na sociedade em busca de políticas que realmente enfrentem o problema crucial, legítimo e que atormenta a população do estado do Rio de Janeiro, que é o problema da violência e insegurança”.

O Reitor comentou também sobre o tema da segurança, e de como é tratada, através de uma "racionalidade rudimentar" para ele:

“Compreendemos que a linha de trabalho que envolve uma racionalidade, podemos dizer, primitiva, uma racionalidade rudimentar, de que o problema da violência se resolve com assassinatos, com extermínios, independente de processos judicial, é uma linha que somente agrava os problemas“. (...) “Temos que discutir temas fundamentais a respeito das causas da violência. Por exemplo, a abordagem do uso de drogas em uma perspectiva militar deu certo em algum lugar do mundo? Podemos pensar outras alternativas? Temos convicção de que o conhecimento humano, a ciência, nos possibilitam alternativas. Nós temos que pensar alternativas quando percebemos que uma política deu errado. Nós temos convicção, porque os dados empíricos e todas as pesquisas confirmam isso, essa lógica de segurança faliu. Nós precisamos com a ciência, com o conhecimento e com a razão, buscarmos alternativas“.

Sobre a política de drogas

“Qual o problema de uma pessoa usar drogas? Nós temos que refletir sobre isso. Obviamente a questão da droga é uma questão que diz respeito à saúde.” (...) “Na realidade, ao encarcerar milhares e milhares de jovens por uso de drogas nós estamos somente realimentando uma engrenagem muito perigosa, muito perversa que, na realidade, não se esgota na favela. Ela se realiza nos mercados financeiros internacionais”.

Mudança no foco sobre a atuação no combate a violência.

“Temos certeza de que, em um país em que somente 6% dos assassinatos resultam em processo legal, é um país que está sem política de segurança. E isto, não diz respeito a uma lógica de assassinatos indiscriminados como muitas vezes se pensa. O que assegura o crescimento de atividades criminosas, de assassinatos, é uma quase certeza da impunidade.E essa quase certeza de impunidade diz respeito a um aparato policial que está precisando ser refundado de maneira profunda”. (...) Insiste, por fim, que não será com atos de vingança, mortes injustificadas e buscas e apreensões indiscriminadas que se solucionará o problema. “Longe disso, ao contrário, nós vamos agravar os problemas“.




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