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REFERENDO NA GRÉCIA | Reações na imprensa alemã após o referendo grego

Depois da vitória do NÃO no referendo grego, a imprensa alemã e os representantes políticos mais importantes do governo expressaram opiniões com diferentes matizes sobre os resultados - ainda que a maioria demonstrou um descontentamento profundo.

domingo 5 de julho de 2015 | 21:00

O ataque mais forte contra a decisão tomado hoje pelo povo grego, no referendo convocado há pouco mais de uma semana, não se escutou de Angela Merkel, chefe do governo alemão, senão que de seu vice, Sigmar Gabriel, chefe do Partido Socialdemocrata e ministro da Economia: “Tsipras e seu governo levaram o povo grego à um caminho de renuncia amarga e de desesperança” declarou. Ele interpretou o resultado do referendo como se Tsipras tivesse “queimado todos os navios”, eleminando a possibilidade de que “Europa e Grécia pudessem fechar um compromisso.” Ao mesmo tempo afirmou que via como quase impossível novas negociações.

Também o socialdemocrata alemão, o chefe do Parlamento Europeu, Matin Schulz anunciou, imediatamente depois após conhecer as primeiras pesquisas, sua intenção de implementar um plano de ajuda humanitária. Insinuando que era responsabilidade do governo grego se agora tivessem cenas de uma tragédia humana como resultado do referendo.

Por sua vez, a chanceler Angela Merkel, declarou em um comunicado após a votação, junto com o presidente francêss, François Hollande, que teria de “respeitar a decisão do povo grego” e que se organizaria uma cúpula da União Européia na terça-feira para discutir as consequências do referendo.

Para o Handelsblatt, um dos jornalistas financeiros mais importantes do país, ficou inquestionavelmente claro qual deve ser esta consequência: “Merkel, Juncker, Draghi e toda a linha dos salvadores do Euro [...] não tem nenhum mandato para seguir provendo o Estado grego com nosso dinheiro, [...] Se Tsipras não se mexe, a Grécia perderá o Euro”. Não por serem expulsos, mas porque segundo o comentarista Handelsblatt, Oliver Stock, a Eurozona romperia. A única solução, portanto, seria a introdução de uma moeda paralela, além de novos ajustes,

O principal jornal da burguesia alemã, o Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), qualificou a vitória do NÃO como uma “vitória acachapante”. Seu comentarista Peter Sturm afirmou que as promessas feitas por Tsipras e seu governo tinham sido “impossíveis”. E se eles não buscassem novas negociações, seriam eles os responsáveis por uma quebra da Grécia.

Stefan Ulrich, comentarista do jornal liberal ZEIT, entitulou “Os estrategistas do fracasso ganharam”. E neste coincidiu com a maioria das posições expressadas. Porém, mais adiante se concentrou em outro “leitmotif” (lema), como também fez outro comentarista do ZEIT, Zacharias Zacharakis: o tema do direito democrático do voto. Ulrich expressou que - se bem teria que respeitar o voto democrático grego - “os gregos não são mais que um dos povos na Europa do Euro. Podem decidir soberanamente sobre seu destino. Mas não podem ordenar nada aos outros povos europeus e seus governos. Ainda por cima, não podem ditar aos outros países do Euro que dêem a eles milhões de euros sem condições”.

Enquanto isso, Zavharakis qualificou o significado do voto grego: “Com seu voto os gregos colocam a Europa frente a uma decisão: se querem nos manter no Euro, por favor melhorem as condições. Se não querem, decidam agora pela Saída da Grécia. Com todas as consequências para esse país.” Quer dizer que, diferente de muitos, atribui a culpa pelas consequências aos países credores, como Alemanhã.

Apesar dessas nuances, a imprensa alemã em sua maioria manteve sua posição de lavar a cara do governo alemão, legitimando os métodos de chantagem que vêm sendo aplicados nos últimos meses e anos.




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