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IMIGRANTES MEDITERRÂNEO | Quinhentos imigrantes morreram em um naufrágio no Mediterrâneo

Sobreviventes de um naufrágio relataram que mais de 500 pessoas morreram quando o barco se afundou próximo à costa da Líbia, tentando chegar à Itália, há uma semana.

Josefina L. MartínezMadrid | @josefinamar14

sexta-feira 22 de abril de 2016 | Edição do dia

“O bote afundava e afundava... todas as pessoas morreram em minutos”, contou um imigrante etíope chamado Mohamed aos integrantes da Organização Internacional para as Migrações”.

“Vi minha esposa e meu filho de dois meses morrer no mar, junto com meu cunhado. “Depois do naufrágio ficamos no mar vários dias sem comida, sem nada”, disse.

Este é o retrato assustador de alguns dos que sobreviveram a um grande naufrágio, encontrados no mar neste sábado e transportados para a costa da Itália.

Entre os sobreviventes se encontram 37 homens, três mulheres e uma criança de 3 anos, provenientes da Somália, Etiópia, Egito e Sudão. Depois de chegar a costa e ser atendidos por médicos pessoais, puderam reconstruir as cenas da tragédia.

Os voluntários da ACNUR que os entrevistaram foram descobrindo através de seus testemunhos o que pode ser uma das maiores tragédias no Mediterrâneo há um ano. Umas 500 pessoas viajavam num barco superlotado muito grande que afundou no mar em uma zona não identificada entre Líbia e Itália.

Os imigrantes contaram que junto outras 100 pessoas saíram há uma semana de uma localidade próximo a Tobruck, na Líbia, em um barco de 30 metros de comprimento.

“Depois de várias horas no mar, os contrabandistas tentaram transportar os passageiros para um barco maior que já levava centenas de pessoas em condições de superlotação”, disse ACNUR em um comunicado. “Em um momento da transferência, o barco maior virou e afundou”.

Os que se salvaram o fizeram porque não chegaram a subir no barco grande e tentaram alcançar destino navegando em botes mais pequenos. Foram resgatados depois de três dias em deriva.

Ao longo do ano, 179.552 refugiados e imigrantes chegaram a Europa por via marítima através do Mediterrâneo e do Egeo. Considerando este novo naufrágio, pelo menos 1260 pessoas morreram ou desapareceram em viagens desesperadas cheias de riscos.

Esta tragédia coincidiu com o aniversário de morte de mais de 700 imigrantes nas costas italianas de Lampedusa, em abril de 2015, a maior tragédia no Mediterrâneo que hoje volta a repetir-se.

Este terrível fato volta a mostrar que as políticas xenófobas e racistas de UE fechando fronteiras, assim como o pacto de expulsões da UE com a Turquia, não evitam que os refugiados sigam tentando chegar a Europa. Mas os obriga a aceitar as piores condições que oferecem os traficantes e viajar superlotados em barcos que se afundam no mar.

Tradução por Rebeca Moraes




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