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"Queremos EPI!". Trabalhadores de hospital em Belém protestam por condições de trabalho

"A nossa reivindicação é por EPI. Querem que a gente use a mesma máscara e capote pelo mês inteiro. Querem que a gente reutilize material exposto. É falta de consideração", disse uma das técnicas de enfermagem que protestava.

quinta-feira 16 de abril de 2020 | Edição do dia

"Queremos EPI, queremos EPI" foram um dos gritos dos trabalhadores da saúde, que ontem a noite (15), em Belém, no Pronto Socorro Municipal, fizeram uma manifestação demandando melhores condições de trabalho e estrutura adequada para enfrentar a epidemia.

Não é a primeira vez que funcionários do Hospital denunciam o descaso com suas vidas e com as dos pacientes, como relatou um médico da unidade no dia 24 de Março:

"A situação do hospital é precária. Há muito tempo isso já vem sendo relatado. A prefeitura e a Secretaria Municipal de Saúde fazem vista grossa em relação a isso. Nós não temos o básico para se trabalhar. Nós não temos EPIs, nós não temos água, nós não temos sabão para lavar as mãos. Nós não temos material suficiente e exclusivo para esses pacientes que virão, ou seja, o material que a equipe utiliza de enfermagem, por exemplo, é compartilhado entre todos os pacientes do hospital". Relatou em matéria para o Brasil de Fato.

A situação precária se degradou e ontem os funcionários públicos realizaram uma paralisação, chegando a bloquear a avenida 14 de Março para que suas reivindicações tomassem força.

"A nossa reivindicação é por EPI. Querem que a gente use a mesma máscara e capote pelo mês inteiro. Querem que a gente reutilize material exposto. É falta de consideração", disse uma das técnicas de enfermagem que protestava.

A situação absurda vem se repetindo por várias unidades de saúde por todo o país. Além da reivindicação por melhores equipamentos, os funcionários também protestavam para que mais trabalhadores fossem contratados.

"O prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, não convoca para ajudar no combate ao coronavírus. Ao invés disso, contrata temporários de seus acordos políticos. O concurso ainda tem validade de um ano”, denunciou uma das trabalhadoras.

A categoria dos profissionais de saúde é a que está na linha de frente para o combate do coronavírus. Mesmo assim, sofrem com o descaso dos governos que pouco se importam com suas condições de vida e trabalho, o que não só tem efeitos na qualidade do tratamento que os pacientes recebem, como no potencial cenário dos hospitais tornarem-se centros de contágio de outras pessoas graças a falta de equipamentos, estrutura e de funcionários.

"Nós estamos parando aqui, porque o governo, o município não dá estrutura para os funcionários. Eles não dão os EPIs adequados para o que está acontecendo. Não tem avental impermeável, não tem máscara suficiente. Nós temos profissionais doentes, que estão sem atendimento. Não tem nem material para a gente cuidar dos pacientes". Denunciou uma das trabalhadoras.

Internacionalmente os profissionais da saúde estão enfrentando duras condições para salvar vidas, graças aos ataques de governos capitalistas de anos anteriores contra a saúde pública e, como no caso dos Estados Unidos, ao problema central de um sistema privatizado que trata a saúde da população como fonte de lucro. Como denunciou Tre Kwon, enfermeira de hospital de Nova York. Lá também estão ocorrendo protestos de trabalhadores da área que convocaram um Dia Nacional de Ação.

"Somos profissionais de saúde na linha de frente da pandemia. Apoie nosso Dia de Ação Nacional no Dia do Imposto, 15 de abril, para dizer ao mundo que #TheSystemIsBroken e exige que reorganizemos o sistema de saúde americano para priorizar os interesses dos pacientes em detrimento dos bilionários e das corporações." Diz a convocatória dos profissionais da saúde norte-americanos.

É preciso que exijamos urgentemente uma contratação em massa de profissionais da saúde que estão desempregados e estudantes das universidades que podem auxiliar nesse combate. E para garantir a saúde desses trabalhadores, que sejam disponibilizados equipamentos de segurança adequados a todos aqueles que trabalham dentro dos hospitais, junto de testes para evitar a contaminação em massa desses trabalhadores, que já está em curso. Apenas a partir dessas medidas emergenciais será possível começar a travar uma batalha real contra a pandemia, garantindo a saúde daqueles que estão na linha de frente.

Todo o sistema privado de saúde, entre alguns que se negam a garantir leitos de UTI (como faz os convênios privados), precisa ser nacionalizado e controlado por seus trabalhadores junto com o SUS, junto a garantia de leitos suficientes e testes massivos para a alocação racional de recursos e controle da epidemia. A saúde não pode ser a fonte de lucro de poucos empresários. Nossas vidas valem mais que o lucro deles!




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