×

GRAFFITI | Quem perde são as pessoas que circulam por ali, diz graffiteiro sobre a destruição dos murais da 23 de maio

Entrevistamos Rafael “Mut”, que trabalha com graffiti e também atualmente é parte de um ateliê/estudio na zona sul que compartilha com amigos, conhecido como TAFA. Tem obras em alguns pontos de São Paulo e nos comentou sobre as iniciativas do prefeito João Dória de destruir obras de graffiti na 23 de maio.

quinta-feira 26 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Essa entrevista é parte da iniciativa do Esquerda Diário de abrir espaço para artistas ligados ao graffiti após as medidas do prefeito João Dória apagar uma série de obras, especialmente na avenida 23 de maio. De acordo com o prefeito, os pichadores que não se enquadrarem como muralistas ou graffiteiros serão penalizados “com a lei pública e a legislação que a Câmara Municipal de São Paulo vai colocar muito em breve, ampliando as multas para aqueles que estragarem e prejudicarem a cidade”, disse. “Ninguém gosta da pichação”. Assim ele quer enquadrar o que é arte dentro dos próprios padrões estéticos e sociais. Além de importa que a expressão por meio de graffitis e pichações seja feita onde o tucano permitir.

Esquerda Diário: Como graffiteiro, qual foi sua reação e como se sentiu em saber das medidas do prefeito Dória de apagar os graffitis?

Pra falar a verdade não foi surpresa essa notícia sobre as medidas, já imaginava isso desde quando saiu o resultado das eleições. Agora como grafiteiro e como eu me senti, fiquei mais pensando nos amigos que saem na noite, ou até mesmo de dia pra deixa suas marcas pela cidade, por que quem mais vai sofrer com isso é o preto e pobre do fundão.

Esquerda Diário: Falam que as medidas do prefeito destruíram o maior mural de Graffiti da América Latina, entre as obras da 23 de maio. Qual era importância dessas obras para o Graffiti?

Acho que mesmo sem as medidas, ele já iria travar essa guerra contra graffiti e pixação, colocando todos em xeque. E sobre a importância das obras da 23, por ser uma avenida onde já é tradicional o graffiti, quem perde são as pessoas que circulam por ali, e agora vão ver apenas o cinza Doria.

Esquerda Diário: Você acredita que essas medidas irão enfraquecer o graffiti ou os artistas reagirão?

Não, pelo contrário, acho que vai ter bem mais gente na rua pintando, o grafiteiro ou grafiteira não tem essa de se cansar, e como muitos amigos dizem, o graffiti é efêmero, é sempre bom uma renovação.
Mas acredito que a galera podia ir mais para o fundão das quebradas, e não ficar tanto no foco do centro, levar arte onde mais precisa.


Temas

Grafite    Cultura



Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias