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CRISE NA GRÉCIA | Quem apoia o “sim” e o “não” no referendo grego?

sexta-feira 3 de julho de 2015 | 00:00

Depois de ver fracassada a estratégia de negociação com a Troika, o primeiro ministro do Syriza, Alexis Tsipras, convocou um referendo para o próximo domingo, 5 de julho, para decisão sobre o acordo. A Troika (FMI, BCE e Comissão Europeia), ao ver as medidas desesperadas de última hora de Tsipras para retomar as negociações (inclusive enviando uma carta que aceita praticamente todas as imposições de austeridade em troca do refinanciamento da dívida e sinalizando retirar o referendo), fechou a porta das negociações negando-se a rediscutir o tema até o referendo, no qual espera humilhar o povo grego com um eventual triunfo do SIM.

Esta postura absolutamente imperialista da Alemanha e das instituições financeiras não é um consenso entre todos os países da Europa - a França se desmarcou do ultimato da chanceler Angela Merkel, dizendo-se disposto a voltar a negociar. A despeito das divergências em como tratar a submissão da Grécia, tanto Alemanha como França tem a mesma política imperialista de subordinação do povo grego, que encontra seus agentes internos na Grécia.

Abaixo, colocamos a postura dos principais agentes políticos e econômicos na Grécia acerca do referendo.

Partidários do SIM
Os partidos pró-europeus. O conservador Nova Democracia (ND), o PASOK (Partido Socialdemocrata e o liberal To Potami. Ainda que os dois primeiros tivessem anunciado a formação de uma frente comum para responder à convocatória, seguem fazendo campanha por separado (uma vez que a aposta pelo “SIM” está vinculado à renúncia do Syriza e à disputa para quem o sucederá). To Potami, um partido liberal de direita, apoia o SIM, tentando diferenciar-se do ND e do PASOK, ara não ficar demasiado ligado à figura do anterior governo de coalizão austeritário entre os dois (e o imenso desprestígio do PASOK, que alcançou apenas 4% nas eleições de janeiro).

O Movimento de Socialistas Democráticos do ex primeiro ministro socialista Yorgos Papandreu (obrigado a renunciar em 2012 depois de ter convocado um referendo semelhante ao de Tsipras).

A patronal. As centrais patronais-industriais dirigidas por empresários do turismo e da indústria naval, empresários da construção civil e empreiteiras estatais, que fazem um chamado ao SIM usando a chantagem de que se ganha o NÃO estaria em perigo o emprego de 2,5 milhões de empregados do setor privado.

Cerca de 50 entidades empresariais assinaram uma plataforma em apoio ao SIM.

Os agricultores. As federações de agricultores (as zonas rurais são um tradicional viveiro de votos conservadores) pediram um voto pelo SIM no referendo.

Partidários do NÃO
O Governo. O Executivo em bloco, apesar de suas diferenças.

Syriza. O partido do primeiro ministro Alexis Tsipras chamou a votar NÃO, apesar de poucas horas antes ter enviado uma carta aos credores europeus mostrando sua disposição em aceitar praticamente todas as imposições do FMI, do BCE e da Comissão Européia (o que foi rechaçado pelo Ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäble, e a chanceler Angela Merkel, que interrompeu todas as negociações até o referendo de domingo). Os sindicatos que orbitam ao redor do Syriza também defendem o NÃO, chegando a espalhar cartazes por esta opção na fachada do Ministério das Finanças grego.

Gregos Independentes (ANEL). Esta organização da direita nacionalista e xenófoba, que forma parte do governo de coalizão com o Syriza desde janeiro, em função de seu soberanismo de direita sobre as ilhas gregas (além de alguns países, como a Macedônia) e de sua recusa em diminuir os gastos militares, opõe-se ao acordo.

As organizações à esquerda do Syriza, como Antarsya, OKDE, OKDE-S, EEK.

Os que se abstêm ou não se pronunciam

O Partido Comunista Grego. O KKE, segundo suas siglas gregas, propôs no sábado no Parlamento seu próprio referendo, que não foi aprovado. Votou pela abstenção no referendo, e mesmo dirigindo os principais sindicatos da Grécia, não propõe nenhuma alternativa política ao referendo de Tsipras, negando-se a qualquer mobilização das bases operárias contra a imposição da Troika (um papel de freio às lutas que vem cumprindo desde 2010, isolando e paralisando os trabalhadores gregos em suas dezenas de paralisações nacionais).

Aurora Dourada. O partido neonazista aprovou a convocatória do referendo junto ao Syriza e à ANEL no Parlamento, embora não esteja fazendo nenhuma campanha (tendo seus principais referentes presos).




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