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O AJUSTE NA INDÚSTRIA | Queda no emprego industrial é a mais alta desde 2009

sábado 19 de setembro de 2015 | 00:02

Nesta sexta-feira, o IBGE anunciou novos números do desemprego na indústria para o mês de julho deste ano, a população assalariada no setor reduziu 6,4% em comparação com o mesmo mês de 2014, é a 46ª queda consecutiva nesta comparação. Segundo o IBGE, o emprego na indústria está 13,3% abaixo de seu pico histórico, registrado em julho de 2008.

A queda de 4,9% no emprego industrial em 12 meses até julho deste ano é a maior desde dezembro de 2009. O encolhimento da mão de obra no fim de 2009, foi um dos maiores já registrados fruto dos impactos diretos da crise de 2008 na indústria brasileira com forte queda no comércio internacional.

Redução das horas pagas

O número de horas pagas pela indústria recuou 1,2% em julho ante junho. Com o resultado, o indicador acumula queda de 6,0% no ano e recuo de 5,5% em 12 meses. Já no confronto com julho de 2014, a redução número de horas pagas pela indústria foi de 7,2%, a 26ª taxa negativa nesse tipo de comparação e a mais intensa desde julho de 2009 (-7,3%). Um dado importante é que todos os 18 setores investigados registraram queda no indicador, apontou o IBGE.

Entre os segmentos, os destaques negativos foram meios de transporte (-13,4%), alimentos e bebidas (-3,8%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-14,1%), máquinas e equipamentos (-8,8%), produtos de metal (-10,4%), outros produtos da indústria de transformação (-11,0%), borracha e plástico (-8,4%) e calçados e couro (-8,7%).

A redução das horas pagas está ligada com a queda no ritmo de produção generalizado para o setor industrial, com a redução nas exportações e no consumo interno, inclusive de produtos industrializados dos setores de alimentos e vestuário, setores que empregam proporcionalmente muitos trabalhadores.

Forte queda no valor real da folha de pagamento dos trabalhadores

O valor real (ou seja, descontado a inflação, o aumento no nível de preços) da folha de pagamento dos trabalhadores da indústria caiu 1,8% em julho ante junho. Com o resultado, o índice acumula queda de 6,3% no ano e redução de 5,0% em 12 meses. Na comparação em 12 meses, a queda é a mais intensa desde outubro de 2003, quando o indicador acumulado recuava 5,2%. Novamente, a queda ocorreu para todos os 18 setores investigados na indústria, segundo o IBGE.

As maiores perdas nas folhas de pagamento (salários) aconteceram nos segmentos de máquinas e equipamentos (-11,6%), meios de transporte (-6,4%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-13,2%), alimentos e bebidas (-3,9%), metalurgia básica (-11,1%), produtos de metal (-10,2%), borracha e plástico (-10,1%), outros produtos da indústria de transformação (-12,5%) e indústrias extrativas (-6,6%).

Ajuste na indústria continua

Os novos dados do IBGE reforçam o cenário de crise no setor produtivo, que já enfrenta o mais baixo índice de emprego na indústria desde 2009, ano que sofreu forte impacto da crise de 2008. No dia-a-dia dos trabalhadores estes números do IBGE representam ameaças de demissões, e chantagem patronal no chão de fábrica, enquanto a cada mês o salário fica mais apertado para o pagamento das contas da família. No setor automotivos, seguidas demissões, cuja resposta tem sido as greves, como as da Ford, GM, Mercedes e Volks.

Ontem,18, assembleia dos trabalhadores da Ford, em São Bernardo do Campo, votou, sob a direção da burocracia sindical da CUT, a adesão ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego) na fábrica e a não demissão de mais de 200 trabalhadores. Porém, como já viemos denunciando no Esquerda Diário, a decisão apenas atrasa as demissões, aprovando um programa do governo Dilma que reduz salários e jornada de trabalho, como uma forma dos empresários passarem pela crise (que reduz o consumo interno de veículos e as exportações causando aumento nos estoques e custos) passando por cima dos direitos, dos salários e dos empregos dos trabalhadores, tudo isto com apoio das burocracias sindicais, do governo e com dinheiro público.

Frente a estes ataques, é preciso que cada luta em curso se unifique e se coordene ativamente, independente da categoria, pois somente como uma alternativa política dos trabalhadores construída em cada luta, pela base, é que será possível levar adiante medidas para que a crise seja paga pelos patrões.




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