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VIOLÊNCIA TRANSFÓBICA | "Quebra a costela dela porra" diz policial enquanto agredia travesti em Santo André

sexta-feira 13 de outubro de 2017 | Edição do dia

Nesta quarta-feira, outro caso de repressão policial foi denunciado. Desta vez, uma travesti de Santo André relatou que enquanto ela e outra travesti iam embora de um ponto de prostituição 8 policiais em 2 viaturas as pararam e agrediram.

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Veja a transcrição do áudio que circula na internet:

"Estava na rua de prostituição (...) e os policiais estavam fazendo uma Blitz. Então, me avisaram. Eu tava subindo a rua já com meu celular na mão pra chamar o carro, e nisso eles vierem de frente. Dois carros, um grande e um pequeno e abordaram eu e uma amiga minha já falando ’vira de costas’. Nisso, a minha reação...a única coisa que peguntei foi ’poxa vocês vão fazer isso mesmo? Eu já tô indo embora’. Ele ’vira de costas’. Aí eu virei de costas, minha amiga ficou com um pouco mais de medo, não virou de costas direito. Aí, os quatro de cada desceram do carro. Quatro vieram pra cima de mim, quatro pra cima dela. E mandando colocar a mão na cabeça...beleza... Eu com o celular na mão...Aí eu dei uma olhada assim pra tras, ele tirou o celular da minha mão, falou ’você quer ver meu nome? Você quer gravar meu nome?’ Ai eu falei ’não, Só tô chamando o carro’. Ele pegou meu celular, quebrou na mureta, jogou pro meio de um terreno que tem. (...) E nisso, minha amiga não virou o outro deu na cara dela com cassete. Aí eu falei "Meu Deus". Aí ele já veio, já começou a me agredir. Tomei uma cassetada na cabeça, o outro falou para quebrar minha costela. Aí deram na minha barriga, ainda deram na minha cabeça de novo, aí falou "quebra a costela dela porra". Aí deram na minha costela de novo, até eu arriar. E nisso, ficaram me chutando e batendo com o cassetete na minha cabeça. E agredindo minha amiga também, entendeu? E depois mandaram a gente correr. Falou que era pra servir de aviso para todos que estavam ali. Falei que eu não roubava, ele falou ’foda-se que você não rouba, mas é um aviso’ e é isso. Mandou eu correr, ainda cai mais pra frente com falta de ar. Minha amiga me puxou, me levantou e eu fui embora"

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Esse escândalo contra os direitos democráticos mais elementares das travestis se dá num marco de agressiva intervenção da direita, da Igreja e do Exército em favor de endurecer a perseguição política e ideológica a vários setores da sociedade: desde a defesa do reacionário Escola Sem Partido - para silenciar os professores, como fez o comandante Edson Pujol - até o ensino religioso confessional nas escolas públicas, flagrante violação do caráter laico do Estado e da liberdade de culto que não seja o catolicismo.

O Esquerda Diário tornou-se um importante portavoz do combate a este avanço da direita contra os LGBTs: levantou o repúdio contra a decisão da Justiça Federal do DF, que acatou liminar da psicóloga Rozangela Justino, permitindo que os homossexuais sejam tratados como doentes (enquanto a população trans ainda segue tratada como doente pela Organização Mundial de Saúde). Isso contraria a Resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia, que determinou que a homossexualidade não constitui nem doença, nem distúrbio, nem perversão.

A denúncia desta decisão da Justiça Federal realizada por Marie Castañeda e Diana Assunção viralizou nas redes sociais. Mais de 100 mil pessoas se informaram pelo Esquerda Diário desse escândalo, segundo o Google Analyctics. No Facebook, a publicação alcançou centenas de milhares de pessoas, e milhares de compartilhamentos. Isso mostra a raiva que gerou em amplos setores da população, que já se enfrentaram contra um plano semelhante em 2013: o projeto da “Cura Gay” que Marco Feliciano (PSC-SP) tentara aprovar enquanto era presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara durante o governo Dilma Rousseff.

Nos organizemos junto à classe trabalhadora, às mulheres e à juventude para enfrentar esta direita e seus ataques, de maneira independente do PT.




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