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UFRGS RUMO 29M CONTRA OS CORTES | Qual papel poderia cumprir a esquerda no DCE da UFRGS rumo ao 29 de maio?

O movimento estudantil da UFRGS pode cumprir um importante papel, em aliança com os trabalhadores, na luta contra os cortes, o fechamento das Universidades, ataques e privatizações. Precisamos construir um forte bloco da UFRGS pro dia 29, que se enfrente contra Bolsonaro, Mourão e todos os golpistas. Contudo, as plenárias divididas por campus, que o DCE está realizando, estão servindo para organizar os estudantes nesse sentido?

Giovana PozziEstudante de história na UFRGS

quarta-feira 26 de maio de 2021 | Edição do dia

Assembleia Geral da UFRGS em 2019/Divulgação

Nosso desafio é enorme. Diversas federais estão à beira do fechamento, os cortes na assistência estudantil já são uma realidade e a demissão de terceirizadas também. Na UFRGS, assim como em dezenas de Universidades, contamos com um interventor na reitoria. Esse cenário atual das Universidades não nasceu da noite para o dia, pelo contrário, vem desde os governos do PT, que desde então já aplicavam cortes na educação pública, e se aprofunda com o golpe institucional de 2016. O atual bilionário corte do Bolsonaro, com o aval do Congresso e do Senado, é parte desse projeto golpista: reservar as universidades a uma elite intelectual e deixá-las mais restritas aos filhos da classe trabalhadora enquanto aprovam ataques, reformas, demissão em massa e privatizações.

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    O reacionário Bolsonaro não está sozinho nesse projeto de esmagar a juventude entre a precarização, o desemprego, a COVID e as balas da polícia; ele conta com o apoio de todos os golpistas para alcançar esse objetivo. Frente a isso, o dia 29 de Maio pode e deve ser uma grande demonstração de que os estudantes e trabalhadores não irão aceitar pagar a conta da crise. O movimento estudantil da UFRGS tem um grande papel a cumprir aí, batalhando pela construção desde as bases em unidade com os trabalhadores para derrotar os cortes e privatizações, lutando contra Bolsonaro, Mourão, militares sem depositar confiança no Congresso, STF e governadores. É esse conteúdo que nós da Juventude Faísca estamos defendendo no Centro Acadêmico Dionísio do Teatro, em todos os cursos que estamos na UFRGS e em cada Universidade que estamos pelo país, com o exemplo da UFMG que aprovou em assembleia essa batalha.

    Veja fala de Luno, do CADi na Plenária Geral do Campus Centro, dia 24:

    Contudo, o DCE da UFRGS, dirigido atualmente pelas correntes do PSOL (Juntos, Afronte e Alicerce), Correnteza e UJC, está apostando no caminho oposto. As várias plenárias esparsas, que foram chamadas no lugar de uma Assembleia Geral (o espaço mais democrático e soberano da organização estudantil), estão servindo apenas para referendar o que já havia sido decidido pelas cúpulas das organizações, uma vez que estudantes e trabalhadores não podem decidir de fato o conteúdo que será defendido no dia 29, as pautas e a ação enquanto UFRGS. Não há votação, não há encaminhamento, apenas reuniões divididas e esvaziadas, com participação de dezenas de estudantes em uma Universidade de milhares.

    Ainda mais absurdo vem sendo a posição de correntes do DCE, como a Correnteza e Juntos, sobre a política de separação das lutas que a CUT e a CTB vêm levando à frente. Na primeira reunião, chamada no dia 24, representantes de ambas as correntes falaram sobre a necessidade de unificar estudantes e trabalhadores, porém de forma completamente abstrata. Nós da juventude Faísca denunciamos que CUT e CTB estão dividindo os dias de luta sem nem sequer chamar o dia 29, e chamando atos simbólicos para hoje (26), assim construindo uma barreira para que se unifique nossa força. Na reunião, apontamos a necessidade de que o DCE se some à exigência à UNE e às centrais para que rompam com essa política e organizem unificadamente o dia 29 desde as bases, construindo um verdadeiro plano de lutas e que para o dia 29, façamos um bloco da UFRGS que levante a bandeira da unificação entre estudantes e trabalhadores contra os cortes, reformas e pelo fora Bolsonaro e Mourão. Infelizmente, o DCE da UFRGS, representado na reunião por militantes do Correnteza e Juntos, foi contrário à exigência usando do argumento absurdo de que o movimento estudantil “nada tem a ver com o que fazem as centrais”, ignorando as inúmeras lutas históricas quando estudantes e trabalhadores se unificaram, a exemplo dos processos de 1968 contra a ditadura.

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    A verdade é que essa atuação da Oposição de Esquerda no DCE da UFRGS faz dos estudantes meros espectadores da política, sem batalhar para que todos sejam sujeitos dos processos de luta. Essa política se adapta às burocracias estudantis do PT e PCdoB que dirigem a UNE, maior entidade estudantil do país, e que têm a cara de pau de chamar “assembleias” que são na verdade lives, como aconteceu na Unifesp, impedindo os estudantes de terem direito a voz e voto. Ou seja, ao invés da Oposição de Esquerda batalhar para dar exemplo em cada entidade estudantil que está presente pelo país (como o DCE da UFRGS, uma importante entidade) e construir desde as bases espaços verdadeiramente democráticos, onde os estudantes tenham direito a voz e voto para conformarmos fortes blocos nos atos, o que vemos é uma profunda adaptação às burocracias e ao próprio regime, esperando passivamente por 2022, seguindo à risca a agenda da CPI da COVID e defendendo o impeachment, que levaria o reacionário Mourão para a presidência. Esse caminho institucional e de conciliação com nossos inimigos mostra toda sua falência em Belém, onde a prefeitura encabeçada pelo PSOL está tentando impor uma reforma da previdência contra os servidores.

    Chamamos as correntes que compõem o DCE da UFRGS a reverem essas posições para que possamos de fato ser consequentes em nossa luta, sem confiar em nenhum setor desse regime golpista apodrecido, mas sim confiar apenas na força da nossa mobilização, de estudantes e trabalhadores unidos para derrotar Bolsonaro, Mourão e militares! O dia 29 não pode ser um dia que termine em si mesmo, é preciso que seja o início de um plano de luta nacional, organizado em cada local de trabalho e estudo, que deve ser construído pelas centrais sindicais e pela UNE, rompendo com sua política de dividir nossas forças e apostar nos caminhos institucionais para desgastar Bolsonaro.




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