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Aumenta a tensão | Putin reconhece independência de duas regiões separatistas da Ucrânia

Em cerimônia televisionada, Putin assinou o apoio e o reconhecimento da independência de Donetsk e Lugansk. Ocorrem denúncias mútuas de violação do cessar-fogo na Ucrânia. Além disso, durante uma reunião do G7 em que a Rússia foi acusada de aumentar a crise, foi confirmado um ataque com tiro de artilharia na fronteira russa.

segunda-feira 21 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Após o pedido pelo parlamento russo, Vladimir Putin assinou decretos determinando o apoio mútuo e reconhecendo a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk nos dois territórios controlados pelo separatismo pró-russo.

Enquanto isso, o aumento de tensões ameaça retomar o entravado conflito civil no leste da Ucrânia, onde os enfrentamentos entre os militares ucranianos e os separatistas apoiados por Moscou já deixaram 15 mil mortos entre combatentes e civis.

Na última semana, o governo ucraniano denunciou através de seu ministro de relações exteriores, Dmytro Kuleba, a morte de um segundo soldado durante um enfrentamento com as forças independentes da região de Donbass, no leste da Ucrânia. “Nos preparamos para todos os cenários possíveis”, disse o ministro, reforçando as declarações do governo dos Estados Unidos sobre uma iminente invasão russa ao país.

Por sua vez, os líderes separatistas da região, que auto proclamaram a independência do país e a criação das repúblicas de Donetsk e Lugansk, denunciaram que as forças governamentais quebraram o cessar fogo várias vezes nos últimos dias. Também disseram que a “situação é crítica” e também fizeram um chamado de uma “mobilização geral”. “As forças armadas ucranianas violaram o regime de cessar fogo dentro da área da República Popular de Lugansk 31 vezes dentro das últimas 24 horas”, declararam.

“Faço um chamado a meus concidadãos da reserva para se apresentarem às suas respectivas juntas militares. Hoje assinei um decreto para a mobilização geral”, disse o líder de Donetsk, Denis Pushilin, e também o fez o líder de Lugansk, Leonid Pasechnik.

Enquanto isso, os ministros de relações exteriores dos países que compõem o G7 fizeram um pedido à Rússia para que cesse as atividades militares na fronteira com a Ucrânia. O grupo é formado pela Alemanha, EUA, Reino Unido, França, Itália, Canadá, (todos membros da OTAN), e também pelo Japão. O comunicado contendo o pedido expressava que o grupo estava “gravemente preocupado” pelo “aumento de infrações ao cessar fogo”. Além disso, na carta denunciam ataques a zonas povoadas por civis e repudiam a expedição de passaportes russos para os moradores de territórios que não estão sobre o controle de Kiev.

O G7 destacou também as manobras militares realizadas pela Rússia na fronteira com a Ucrânia, que seria uma “preparação para uma invasão”. No comunicado classificaram as manobras russas como "ameaçadoras" e afirmaram que se trata da “maior mobilização militar que o continente europeu presenciou desde o final da Guerra Fria”, o que é um problema à “segurança global”.

A respeito do anúncio de Putin sobre a retirada das tropas, o G7 disse: “Não vimos até agora nenhum indício de retirada. Trataremos a Rússia conforme suas ações.” e aproveitaram para advertir que “a Rússia não deveria ter dúvidas de que qualquer agressão militar contra a Ucrânia terá consequências severas, entre elas sanções financeiras e econômicas contra um amplo espectro de objetivos do país.”

Após o encontro, que foi sediado na Alemanha, os sete ministros de relações exteriores fizeram novamente um apelo para que Moscou se mantenha “resolvendo seus problemas com a diplomacia”, e reafirmaram seu compromisso em dialogar sobre temas de “interesse mútuo”. Em um claro apoio ao governo ucraniano, encabeçado pelo presidente Volodimir Zelenski, o G7 destacou seu “inabalável” compromisso com a soberania e a integridade territorial do país, expressando seu rechaço às auto proclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.

A agência de notícias Interfax noticiou a queda de um tiro de canhão que explodiu em território russo, a 1 quilômetro da fronteira com a Ucrânia, na região de Rostov do Don. “A explosão - escreve a agência russa - aconteceu a 300 metros de uma casa no povoado de Mityakinskaya.” O tiro de canhão não deixou mortos nem feridos, e os moradores informaram o ocorrido às forças de segurança locais.

Ainda que não pareça haver a intenção de iniciar uma guerra por parte de nenhum dos atores envolvidos, toda esta tensão e troca de declarações acontece no marco das crescentes concentrações de tropas e de armamentos, tanto pela OTAN e o governo ucraniano, como pela Rússia e os rebeldes, o que aumenta o risco de combates armados de maiores proporções.




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