Nesta segunda-feira, a primeira reunião bilateral para negociar um cessar-fogo ocorreu ao mesmo tempo em que o presidente russo comunicou ao seu homólogo francês Emmanuel Macron, quatro pontos nodais que exige para interromper sua incursão em território ucraniano.
terça-feira 1º de março de 2022 | Edição do dia
Em conversa telefônica com o presidente francês Emmanuel Macron, Vladimir Putin afirmou que a solução do conflito com a Ucrânia só será possível se forem levados em conta os "legítimos interesses de segurança da Rússia, incluindo sua soberania sobre a Crimeia", bem como a "desmilitarização e desnazificação" do Estado ucraniano e o seu estatuto neutro, ou seja, não entrar num processo de adesão à OTAN.
Após a ligação, o Kremlin também informou em comunicado que seu país "está aberto a negociações com representantes da Ucrânia e espera que levem aos resultados esperados". Ao mesmo tempo que formulou as exigências mencionadas, Putin deu garantias a Macron que protegerá a população e a infraestrutura civil.
A conversa telefônica entre os presidentes foi consequência de uma primeira rodada de negociações entre representantes da Ucrânia e da Rússia realizada esta segunda-feira na fronteira com a Bielorrússia. Não houve avanços significativos ali, mas a reunião abriu uma janela para uma possível negociação nos próximos dias.
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Ao mesmo tempo, se reconheceu que os confrontos permaneceram em território ucraniano, enquanto as delegações negociavam. O porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashénkov, assegurou que a Rússia conseguiu "controlar o ar sobre todo o território da Ucrânia" e informou a perda de cinco aeronaves pela Ucrânia e que as forças russas destruíram 8 lançadores de mísseis antiaéreos Buk. -M1 e vários radares.
"Desde o início da operação, as Forças Armadas da Federação Russa atingiram 1.114 instalações militares ucranianas, 31 delas postos de comando e nós da comunicação", acrescentou.
Konashénkov também negou que os civis em Kiev estejam presos: "Apelamos à população de Kiev. Todos os habitantes pacíficos podem deixar a capital da Ucrânia sem impedimentos ao longo da estrada Kiev-Kasilkov. Essa direção é aberta e segura". Além disso, ele enfatizou que as tropas russas atacam apenas alvos militares.
No entanto, o assessor do Ministério do Interior ucraniano, Anton Gueraschenko, denunciou que dezenas de pessoas morreram nesta segunda-feira e centenas ficaram feridas em um ataque de mísseis russos a bairros residenciais em Kharkov, cidade ucraniana a cerca de 35 quilômetros da fronteira com a Rússia.
Por sua vez, a Alemanha anunciou um forte rearmamento militar com a desculpa da ofensiva russa. O chanceler alemão Olaf Scholz salientou que mais 100 bilhões de euros serão destinados ao orçamento atual e que a partir do próximo orçamento, as forças armadas receberão 2% do PIB nacional. Este é um rearmamento quase sem precedentes, considerando que hoje o orçamento militar está abaixo de 50 bilhões de euros. Essa virada de rearmamento será à custa de recursos que poderiam ser destinados aos setores trabalhista, social, saúde ou educação, entre outros.
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