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Projetado por Engenheiros da USP, ventilador pulmonar de baixo custo já pode entrar em linha de produção

Em meio a crise de coronavírus, a conclusão do projeto para produzir a baixo custo ventiladores pulmonares, peças fundamentais no tratamento de pacientes com casos graves de COVID-19, acometidos por insuficiência respiratória, levado a cabo por Engenheiros da Universidade de São Paulo, põe em evidência o papel que as universidades públicas podem desempenhar quando alinhados às necessidades da classe trabalhadora, ao lado da ciência e contra os interesses promovidos por Bolsonaro e seu ministro da educação Weintraub nos ataques promovidos a educação pública do país. Batizado de INSPIRE o ventilador pretende suprir grande demanda do aparelho hospitalar devido à pandemia do coronavírus.

terça-feira 21 de abril de 2020 | Edição do dia

O equipamento, que já pode entrar na linha de produção em até 10 dias, foi desenvolvido por engenheiros da Escola Politécnica da USP, aguardando apenas a autorização da ANVISA para começar a ser fabricado. Para a conclusão do projeto foram realizados testes com quatro pacientes, entre Sexta feira (17) e Domingo (19), no Instituto do coração no Hospital das clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Também chamados de ventiladores pulmonares, o aparelho sustenta a respiração de pacientes em estado crítico com os pulmões já devastados pela doença, que sem o uso do equipamento em tratamento intensivo, podem perder a vida.

O aparelho criado e testado na USP, foi desenvolvido em caráter emergencial para suprir a falta de respiradores comerciais na crise da saúde, falta essa que é derivada de medidas como a PEC do teto dos gastos - aprovado no governo Temer, que congelou investimentos em áreas como saúde e educação - e demais ataques de Bolsonaro e Guedes contra o direito e a dignidade dos trabalhadores.

Além desses ataques, é válido pontuar o projetos de reforma defendidos também por governadores como João Dória (SP) e Wilson Witzel (RJ), que também foram responsáveis pelo sucateamento de setores como a saúde e a pesquisa e que hoje tentam aparecer, de forma cínica, como defensores da vida dos trabalhadores em contraposição ao obscurantismo bolsonarista. É preciso reivindicar independência desses setores que, buscam servir aos interesses dos grandes empresários em detrimento das nossas vidas.

Os impactos que a produção científica a serviço das demandas

No início de Abril uma carga com mais de 600 respiradores artificiais chineses com destino ao Estado da Bahia ficaram retidos no aeroporto de Miami, no que foi mais um exemplo da prática selvagem de pirataria estatal praticado pelo governo imperialista de Donald Trump, que passou a confiscar equipamentos com destino a outros países. Tal ação, escancarou o nível de irracionalidade desse sistema que, mesmo com toda seu desenvolvimento tecnológico, não consegue dar respostas à altura dessa crise, uma vez que se orienta, exclusivamente, pela obtenção de lucro, independente dos impactos sociais gerados.

Em função dessa lógica de funcionamento, ao invés de serem produzidos os insumos médicos necessários, testes massivos e EPI’s, são produzidos coisas não essenciais à vida neste momento. Contudo, o exemplo dado pela Universidade de São Paulo, mostra como é possível colocar todo a capacidade científica à serviço das demandas sociais, o que poderia ser articulado à readequação de toda a produção industrial, para que sejam fabricados mais ventiladores, como o que foi feito pelos estudantes. Readequação essa, que poderia abarcar outros equipamentos médicos também.

Ações de outras universidades

O sucesso da conclusão desse projeto pelos Engenheiros da USP se somam a outras ações de universidades públicas ao redor do país, que estão articulando pesquisa e extensão. Algumas estão produzindo testes, máscaras e álcool gel, como o anúncio da realização de entre 400 e 500 testes promovidos pelo Instituto de Ciências Básicas da Saúde da UFRGS (ICBS/UFRGS), com todo o procedimento realizado nas dependências do próprio Instituto, contando com a adesão voluntária de docentes, técnicos e estudantes da pós graduação da Universidade. Outra ações que pode ser citada , que vai ao encontro dessas anteriores, foi a ação conjunta entre a Universidade de Gurupi (Unirg) junto com a Universidade Federal do Tocantins (UFT) em parceria com a própria Prefeitura de Gurupi, para a produção de álcool gel com objetivo de abastecer as próprias instituições e que também será oferecido gratuitamente para a população carente.

Todos esses exemplos são importantes não somente para salvar vidas, mas também para escancarar a importância das pesquisas científicas na defesa de uma universidade que esteja a serviço da população a partir da aliança entre estudantes e trabalhadores. Tudo isso, com uma política independente do Estado capitalista e sua irracionalidade, colocando toda a capacidade de produção e pesquisa, neste momento grave para toda a classe trabalhadora, voltadas ao enfrentamento ao coronavirus e contra a precarização e os ataques que expõem ainda mais o povo trabalhador aos riscos da contaminação e da morte.


Temas

Coronavírus    Saúde    USP



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