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Consciência Negra | Professores do Nossa Classe impulsionam atividades sobre antirracismo nas escolas

No mês da consciência negra, professoras e professores que fazem parte do Nossa Classe Educação impulsionaram atividades para discutir o antirracismo nas escolas.

quarta-feira 1º de dezembro de 2021 | Edição do dia

Num país governado por Bolsonaro e Mourão, que inúmeras vezes expressam claramente seu racismo com falas repugnantes, a situação de vida da população negra se deteriora fruto do racismo estrutural, da crise econômica e sanitária e da atuação dos governos que jogam as massas negras nas piores situações de desemprego, violência e miséria. Contra toda essa situação, são muitos exemplos de combate ao racismo e a esses governos e instituições que não hesitam em descarregar a crise nas contas da população negra e trabalhadora, que podemos resgatar.

Por isso, junto a outros professores, o Nossa Classe Educação buscou promover atividades para discutir com estudantes e professores a atualidade do racismo e o papel da escola em ser parte do urgente combate contra essa e outras opressões.

Em Campinas/SP, na EE Hildebrando Siqueira foram realizadas atividades com conteúdos de valorização da cultura negra, como o maracatu, rap e graffiti, estudos sobre a África, o que inclusive está previsto pela lei 10.639/03, mas que vem servido como pura demagogia para os governos que não fazem nada para que ela seja aplicada na prática. As atividades na escola Hildebrando ainda culminaram com a participação de professores e estudantes na 20ª Marcha Zumbi dos Palmares no dia 20 de novembro em Campinas.

Na EE Carlos Gomes houve a formação sobre a questão negra durante as reuniões pedagógicas nos dias 9, 10 e 11 com a participação remota de professores da escola estadual Hildebrando Siqueira. As formações tiveram como debatedores as convidadas Flávia Telles, Letícia Parks e Renato Ferraz, militantes do Quilombo Vermelho, e como parte do mês da consciência negra, professores da escola organizaram oficinas de fotografia, capoeira e candomblé com os estudantes.

Ainda em Campinas, na EE Dom Barreto, além de debates em sala de aula promovido por professoras e professores, diversos trabalhos foram realizados, desde exposição de cartazes até elaboração de vídeos. Na EE Professora Clotilde Peluso em Santo André/SP, os estudantes estão organizando exposições sobre as revoltas negras no Brasil, personalidades negras, cultura negra, Dandara, Aqualtune, Luiza Mahin, Solano Trindade, Carolina Maria de Jesus e a mitologia iorubá. Iniciativas como essas também ocorreram em várias outras escolas.

A ofensiva para que debates como esses não ocorram nas escolas é legitimada pelo governo Bolsonaro e ainda se faz presente. Recentemente uma professora de filosofia de um colégio estadual em Salvador foi intimada pela Delegacia de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente (Dercca), acusada de “doutrinação feminista e de passar conteúdo “esquerdista” na escola por abordar questões de gênero, racismo, e diversidade. Também em Salvador, uma professora de história do Colégio Vitória-Régia foi afastada de uma de suas turmas por trabalhar o livro “Olhos D’água” de Conceição Evaristo, importante escritora brasileira, cujo livro traz contos sobre o cotidiano de violência e exclusão enfrentado por mulheres negras. Essa professora foi afastada após o pedido de 8 famílias que disseram que a linguagem e temática abordada seriam inadequadas para estudantes do primeiro ano do ensino médio.

Para nós do Nossa Classe é fundamental fortalecer o sentido de combate ao racismo nas escolas. Além de em vários momentos a escola cumprir o papel de resistência contra ataques que deterioram a educação e as condições de vida da maior parte da população, ela também deve ser um espaço de ampla reflexão e debates sobre a questão negra e outros temas como gênero e sexualidade, como parte de fortalecer discussões e combates que devem ocorrer também fora das escolas, com a aliança entre trabalhadores e o movimento negro. A luta contra o racismo, que afeta cotidianamente a vida de estudantes, professores e de toda a comunidade escolar, também é uma luta a ser encabeçada pelos professores.




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