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EDUCAÇÃO | Professores de São Paulo: unidade para combater o caos na educação pública

Por muitos anos o governo do Estado de São Paulo atacou os professores, contando com a divisão da categoria entre efetivos, categoria F (professores estáveis) e categoria O (professores com contrato de trabalho precário). Essa divisão impõe contratos de trabalho diferentes, com desigualdades de salários, direitos e condições de trabalho.

Maíra MachadoProfessora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

segunda-feira 30 de janeiro de 2017 | Edição do dia

O governo, para impedir nossa organização, ameaçava os professores categoria O de romper o contrato por poucos motivos, mas o principal estava ligado à restrição de faltas - inclusive médicas - impondo a essa categoria um enorme disciplinamento e medo de aderir às greves e paralisações. O assédio contra os professores categoria O é generalizado e efetivado cotidianamente por diretores e gestores da escola, que ameaçam o tempo todo de que o contrato pode ser rompido.

Muitas vezes ouvimos que as mobilizações fracassavam por culpa dos professores categoria O, mesmo quando esses professores aderiam às greves e junto aos efetivos tomavam as ruas de São Paulo em grandes demonstrações de força.

O governo usava os professores categoria O para reprimir o conjunto da categoria e amedrontava os professores estáveis com a possibilidade de não pegarem aula em uma só escola, ou de terem que trabalhar muito longe de casa, sem contar a possibilidade de ficarem adidos, ou seja, afastados do trabalho por não encontrarem vagas.

A situação atual da categoria mostra que essa divisão acabou. Não tem aula para ninguém. Os professores efetivos são obrigados a completar carga em outras escolas porque muitas salas foram fechadas pelo governo e sua reorganização escolar velada. Hoje tem professor efetivo sendo obrigado a se dividir em até três escolas.

Nesse cenário, os professores estáveis já não conseguem pegar tantas aulas e alguns terão que voltar para a sala de aula como “professor eventual” ou substitutos. Muitos ficarão adidos, e os professores categoria O, muitos que estão há anos no estado, ficarão desempregados. Sim, o desemprego para os professores será massivo.

Se já não fazia sentido para nossa categoria se disciplinar pela divisão imposta pelo governo, agora é questão de sobrevivência a unificação dos professores. Qualquer divisão entre nós fortalecerá Alckmin em sua política de sucateamento e privatização do ensino público.

Os governos nos dividem, mas nossa luta precisa ser unitária para poder ser vitoriosa. Somos todos professores, efetivos e temporários. Contra a precarização, precisamos lutar por igual trabalho e igual salário.

Também precisamos exigir que nosso sindicato rompa com a atuação de pressão, com muito fala fala, mas com pouca ação real de mobilização, votando greve a portas fechadas e não preparando a categoria para grandes enfrentamentos. Precisamos construir uma grande luta de professores desde a base, onde cada um de nós tome a mobilização em nossas mãos.

O sindicato está chamando assembleia apenas para o dia 8 de março, até lá a situação caótica já estará consolidada e o desemprego será real. Precisamos reorganizar nossas forças já, para lutar contra a imensa precarização que o governo do PSDB quer nos impor, e para isso precisamos nos organizar de forma independente também do PT que há anos dirige nosso sindicato com acordos e luta de pressão. A unidade dos professores é urgente e pode nos levar a grandes batalhas por nossos direitos e por garantia de um futuro digno.




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