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Professor suicida-se na escola: até quando?

Neste dia 15 de Agosto, o professor Gilberto Gil da Escola Municipal Maria Florinda Paiva da Cruz, localizada em Jacarepaguá, tirou a própria vida na sala de leitura. O professor trabalhava estava readaptado, se recuperando de problemas de saúde. Mais uma vida que se perde de forma inestimável no capitalismo, mais um trabalhador na área que o governo Bolsonaro elegeu como alvo prioritário de seus ataques, mais um ser humano oprimido entre o militarismo de Witzel e o conservadorismo de Crivella. Até quando a classe trabalhadora precisará passar por tantos sofrimentos?

segunda-feira 2 de setembro de 2019 | Edição do dia

Lamentavelmente o caso do professor Gilberto Gil está longe de ser o único. Em 2018, por exemplo, diversos casos de suicídios entre professoras aposentadas foram registrados em Duque de Caxias, logo após uma série de medidas da gestão MDB. Não foi por acaso. Embora ainda persista um estigma de tratar a depressão e o suicídio como se fossem questões individuais, fica cada vez mais evidente a natureza social destes problemas. Como diria Félix Guattari: “o complexo de Édipo é diferente a como se vive em um bairro francês da periferia ou em Paris.”

Leia mais: Depressão e sensação de fracasso: outros frutos do capitalismo.

Os últimos anos tem registrado um aumento significativo de suicídios, não somente no Brasil, mas no mundo todo, fruto principalmente da crise no capitalismo. Países como Estados Unidos e México, já registram uma taxa de aumento histórica de suicídios. No Brasil, é a segunda maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos, e já passam de 12 mil suicídios por ano, uma taxa de 32 mortos por dia, que são informalmente censurados pelo estado e pela mídia. E a grande maioria desses casos está na juventude pobre, das periferias, que não consegue encontrar o espaço em meio ao trabalho exaustivo, sufocante e muitas vezes insalubre, que precisa lidar diariamente com a falta de perspectivas de uma vida melhor. É preciso lembrar que 75% dos suicídios do mundo ocorrem em países de alta desigualdade social.

Leia mais: Anotações sobre a questão do suicídio.

Sabemos que a miséria da vida sob o capitalismo é proposital e não uma necessidade, como tenta nos fazer crer a ideologia burguesa: a atual capacidade industrial instalada no planeta seria mais do que suficiente para erradicar a fome, inúmeras doenças e a pobreza. Mas também sabemos que isto acontece porque vivemos em uma sociedade de classes, onde a burguesia explora os trabalhadores para realizar a manutenção dos seus privilégios. Por isso se faz necessária a construção de um movimento de trabalhadores que seja efetivamente revolucionário, para emancipar a classe trabalhadora de seus grilhões. E não um movimento que se contente em apenas disputar as migalhas que caem da mesa dos capitalistas, como querem nos fazer crer os reformistas e os burocratas sindicais.

Leia mais: A que ponto chegamos.

Os professores tem um papel fundamental nessa luta, pois estão em contato com os filhos da classe trabalhadora, e acabam interagindo com os dilemas da juventude que sempre está pronta a experimentar e construir novas formas de identidade e organização social. Além disso, por serem jovens oriundos de vários setores da classe trabalhadora, são os professores que acabam observando com mais clareza os ataques de conjunto feitos a classe trabalhadora. Essa combinação faz com que os professores sejam os intelectuais orgânicos da classe trabalhadora, como diria Gramsci. E muitas vezes são a educação e a juventude os primeiros setores a se levantar contra os ataques dos governos.

Leia mais: Por que Bolsonaro precisa atacar os professores

Este fato é mais evidente ainda em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, onde os atos mais significativos, capazes de pressionar efetivamente o governo, foram aqueles da educação e da juventude: o 15M, o 30M e o 14J, ainda que tenham sido substancialmente freados pelas direções das centrais sindicais, CUT e CTB, da UNE e dos sindicatos.

Para finalizar lembramos Trotsky, que em 1917 escreveu sobre a necessidade de amar a vida, sendo isso um elemento essencial para a revolução:

(...) amá-la com “os olhos abertos, com um sentido crítico cabal, sem ilusões, tal como ela nos aparece, com o que nos oferece, essa é a proeza. Nossa proeza é realizar um esforço apaixonado para sacudir aqueles que estão entorpecidos pela rotina; fazer com que abram os olhos e vejam aquilo que se aproxima

Gilberto Gil, Tânia Barradas, presentes!




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