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FEMINISMO E ARTE | ’Primavera das Mulheres: Show-Manifesto é feita só por mulheres, música, textos, artes. Isso é uma opção política e estética’

O Esquerda Diário entrevistou Maria Souto, integrante do grupo Primavera da Mulheres que nos falou sobre o show-manifesto, feminismo e política.

domingo 21 de agosto de 2016 | Edição do dia

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Fotos: Reprodução/ Facebook

Conte-nos como se formou o grupo Primavera das Mulheres?

A Primavera surgiu a partir de um sonho da diretora Laura Castro. Sonho mesmo. Ela sonhou que estava no palco, rodeada de mulheres, que fazia um show feminista. Acordou, jogou a ideia em um grupo virtual sobre maternidade engajada que algumas de nós fazemos parte, e fomos nos juntando. Isso aconteceu no final do ano passado, quando houve um levante de mulheres nas ruas contra as manobras do Eduardo Cunha no congresso, em especial a PL 5069 (que dificulta o acesso ao aborto legal em caso de violência sexual).

Qual é a idéia do espetáculo?

É falar sobre a luta das mulheres. Falar sobre questões fundamentais para a transformação da sociedade, tendo como eixo o combate a opressão de gênero, e seus recortes de raça, classe, identidade de gênero e orientação sexual.

O que vocês opinam sobre a realidade das mulheres no Rio de Janeiro?

Expomos diversas realidades, não só do Rio de Janeiro, e falamos sobre muitas violências como feminicídio, a cultura do estupro, sobre o racismo, sobre a homofobia, a transfobia, sobre o genocídio de crianças negras, pobres, indígenas, sobre a violência domestica, sobre a opressão sexual, sobre parto e controle do corpo feminino, sobre aborto, e também sobre o caráter misógino da atual situação política do país. Sempre falando a partir de realidades vividas pelas mulheres do grupo, sempre com eco nas nossas vivências, ou de situações próximas que recebemos.

Vocês acham que tem tido avanços no direito das mulheres no Brasil?

Tivemos muita luta e avanços nos últimos 10 anos. A lei Maria da Penha é um exemplo. Mas não são suficientes diante do machismo estrutural em nossa sociedade. E estamos vivendo agora um golpe que coloca em cheque muitos desses avanços, inclusive com a extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.

“Nossa luta é por mais democracia e nenhum direito a menos. Fizemos nossa parte nos Jogos Democráticos que estão rolando na OcupaMincRJ (centro de resistência da cultura do RJ contra o golpe) que agora está ocupando o prédio do antigo Canecão”.

O que acham do Rio estar sediando os jogos olímpicos?

Estamos atuantes na ação paralela, pra mostrar ao mundo a situação de calamidade olímpica que estamos vivendo. O golpe de estado em curso, a censura a manifestações políticas dos torcedores nos jogos. Nossa luta é por mais democracia e nenhum direito a menos. Fizemos nossa parte nos Jogos Democráticos que estão rolando na OcupaMincRJ (centro de resistência da cultura do RJ contra o golpe) que agora está ocupando o prédio do antigo Canecão. E realizamos uma apresentação no Teatro Sérgio Porto, no mesmo dia e hora da abertura das Olimpíadas, com casa cheia. A política se faz com ação e afeto.

“a Primavera das Mulheres: Show-Manifesto é feita só por mulheres, música, textos, artes, tudo. Isso é uma opção política e estética.”

Gostaria de dizer mais alguma coisa?

Primeiramente, Fora Temer! E seguimos na luta e na re-existência através da arte, da nossa voz! Aproveito pra dizer que a Primavera das Mulheres: Show-Manifesto é feita só por mulheres, música, textos, artes, tudo. Isso é uma opção política e estética. E a maior parte das composições são autorais, de integrantes do nosso coletivo. Pra terminar uma citação, da música Negra que tem letra de Iara Ferreira: "A minha revolução reza que o coração ganhe da força bruta." Vamos revolucionar!

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