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3600 FAMÍLIAS AMEAÇADAS | Pressão dos rodoviários adia votação que permite demissão dos cobradores e tira poderes do Comtu

O projeto que ameaça o emprego de 3600 famílias seria votado hoje, poucos dias depois do prefeito Marchezan defender a extinção do cargo de cobrador, sem nenhum debate ou divulgação.

segunda-feira 6 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

A proposta que iria a votação era uma de autoria Claudio Janta que se apresenta no seu site como “sindicalista” e vereador. No entanto, sua proposta ia contra os interesses dos trabalhadores e da população. Primeiro por que tiraria qualquer possibilidade do Comtu seguir tendo um papel de fiscalização. Segundo por que propunha alterações do artigo 34 da lei 8133 de 1998, que prevê que “os veículos do transporte coletivo deverão trafegar com uma tripulação mínima composta por motorista e cobrador.”

A proposta de Janta mantinha o cargo do cobrador mas ainda poderia ser alterada durante a votação. A suspeita de delegados sindicais e ativistas era de que se tratava de uma manobra, adiantando a votação sobre a questão dos cobradores sem dar tempo da categoria se organizar e se mobilizar. O cargo de cobrador poderia perder garantia legal e Janta ainda posaria de defensor dos cobradores, mas que foi derrotado.

O Sindicato dos Rodoviários, filiado a Força Sindical, mesma central em que Janta construiu sua carreira, organizou atos de protesto ao longo do dia, por aumento salarial e contra o fim do cargo de cobrador. Porém, se calou sobre a manobra em curso na Câmara de Vereadores.

O pressão decisiva do dia de hoje não foi, portanto, do sindicato que não se pronunciou sobre o projeto que iria ser votado. Foram os delegados sindicais e os ativistas da categoria – com o apoio do vereador Roberto Robaina e da bancada do PSOL – que se organizaram para barrar a pauta surpresa, que seria uma bomba para os trabalhadores.

A mobilização não deve parar por aí. Enquanto o sindicato segue organizando suas próprias ações, sem nenhuma discussão com a base da categoria, os rodoviários já começaram a se movimentar nas garagens. O sentimento geral na categoria, relatado pela maioria dos trabalhadores que conversaram com o Esquerda Diário, é de não querer ser massa de manobra da diretoria do sindicato, pois a maioria desconfia que usam a mobilização como moeda de troca nas negociações dos empresários com a prefeitura pelo aumento das passagens.

Sem aumento salarial, sem plano de saúde, com parte da categoria com os empregos ameaçados. Essa é a situação que o novo prefeito coloca para os rodoviários. A indignação está crescendo. O tiro de Marchezan pode sair pela culatra.




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