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CRISE NO OURO VERDE | Prefeitura relata corte de 624 funcionários do Hospital Ouro Verde em 2017

A prefeitura de Campinas publicou um relatório que indica a redução de 624 funcionários do Hospital Ouro Verde no ano passado, no mesmo período em que a administração esteve sob a responsabilidade da Vitale Organização Social, atualmente investigada por esquema de corrupção nessa função.

terça-feira 23 de janeiro de 2018 | Edição do dia

O relatório indica que o número de 1711 funcionários no mês de janeiro de 2017 caiu para somente 1087 contratados em outubro do mesmo ano. A administração do Hospital afirma que recebeu em dezembro, quando assumiu após o afastamento da Vitale, uma folha de pagamento na qual consta 1464 funcionários e o governo alega que abriu uma comissão para averiguar possíveis irregularidades. No Portal da Transparência há registros das estatísticas, mas estes omitem as funções dos funcionários.

Em entrevista ao G1, o presidente do Sindicato dos Médicos, Casemiro Reis, afirmou que a diminuição de funcionários se deve à substituição do regime CLT por Pessoa Jurídica, sendo que os contratados via CLT passaram de 95% para 40%. Também o presidente do Hospital Municipal Mário Gatti, Eurípedes Pimenta, que está à frente da administração do Hospital Ouro Verde desde 5 de dezembro, afirmou que a “pejotização” não é uma realidade apenas da Vitale.

O grande escândalo de corrupção na administração do Hospital Ouro Verde corre desde o final do ano passado e está sendo investigado pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público. A ação levou a mandatos de busca, apreensão e prisão à altos funcionários da prefeitura, sendo que carros de luxo, cerca de 1,2 milhão em dinheiro e extensa documentação foram encontrados em suas casas.

As investigações recaem também sobre o próprio prefeito Jonas Donizette, que é citado em escutas e há indícios que lançam suspeitas contra a maior rede de comunicação de Campinas, a RAC, devido ao envolvimento de seu dono, Sylvino de Godoy Neto e de seu filho, Gustavo Khattar de Godoy, médico ligado ao Ouro Verde, sobre possíveis mediações que fizeram junto à prefeitura para a escolha da Vitale em detrimento da antiga OS que administrou o Hospital. A Operação corre em sigilo, mas o MP aponta que pode passar de 4,5 milhões os desvios de dinheiro público envolvendo a Vitale e a prefeitura.

Enquanto isso a população é quem mais sofre com o serviço precário do Hospital Ouro Verde. Ele atende a um grande contingente de pessoas, moradores da região do Ouro Verde e Campo Grande. A espera no pronto socorro chega a oito horas, receitas de pacientes mostram que medicamentos básicos como Dipirona e Soro Fisiológico estão em falta e cerca de 20 leitos da UTI de adultos estão interditados por condições impróprias do prédio. Essa é a realidade da saúde pública de Campinas, que durante a campanha eleitoral foi usada como propaganda da prefeitura de Jonas.

A administração via Organização Social dos serviços públicos é uma realidade ampliada durante o governo de Jonas Donizette e uma das principais causas do descaso em relação ao serviço oferecido, que também vai contra os trabalhadores da saúde. Essas condições vergonhosas se dão porque para a Vitale o mais importante não é a saúde de qualidade para a população e funcionários, mas, sim, o lucro que poderá extrair desse “negócio”, inclusive de maneira ilícita. Esse descaso é uma marca registrada da privatização, que só atua em função do lucro e os trabalhadores e população pobre que não podem pagar são prejudicados.

Essa crise mostra a falência da privatização dos serviços públicos. É necessário lutar pela estatização sob controle dos trabalhadores do serviço de saúde do hospital Ouro Verde e demais serviços públicos. Para se ter acesso ao direito elementar de uma saúde de qualidade é necessário que esse serviço seja 100% público e esteja nas mãos dos trabalhadores da saúde e da população usuária.




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