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Terceirização UFRN | "Precisamos alimentar nossos filhos", diz terceirizado sem salário da UFRN

Mais uma vez terceirizados da UFRN estão com salários atrasados. Os trabalhadores da construção civil, contratados pela terceirizadas D&L, estão sem previsão para receber o seu pagamento. A empresa e a reitoria empurram a responsabilidade uns para os outros, enquanto as famílias desses trabalhadores não conseguem pagar as contas, acumulam dívidas e não conseguem alimentar seus filhos.

sexta-feira 14 de abril de 2023 | Edição do dia

Uma realidade que atinge todos os trabalhadores da construção civil da empresa D&L no Rio Grande do Norte, chegando a todos os campi da UFRN. Conversamos com um representante dos trabalhadores da Construção Civil, que nos deu o seguinte relato:

“A gerente da empresa alega que não tem previsão de pagamento, talvez esse mês nem saia o pagamento mais. E os nossos filhos estão precisando de alimento. Infelizmente, a realidade é essa dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, junto das empresas de terceirização. Tem vários aspectos que tão devendo com a gente”

No ano passado, os terceirizados da limpeza e manutenção realizaram paralisações e atos na UFRN pelo pagamento dos salários que atrasaram por mais de 10 dias, chegando às vésperas do Natal com ameaça de despejo às famílias desses trabalhadores.

É um absurdo que novamente que a UFRN, que se apresenta produtora de conhecimento de excelência, esteja baseada nesse tipo de trabalho ultra precário e com situações constantes de atraso de pagamento dos trabalhadores que fazem a universidade funcionar. Já vimos esse início de ano, com uma série de casos de trabalho escravo sendo denunciados, vinculados a contratos de empresas terceirizadas, o quanto a terceirização é porta de entrada para esse tipo de trabalho. Uma realidade que se aprofunda com a aprovação da Reforma Trabalhista, assim como a Lei de Terceirização Irrestrita pelo STF.

Junto à empresa terceirizada, a reitoria é responsável por esse tipo de situação, independente de ter realizado o pagamento a empresa, pois se aproveita da terceirização para pagar menores salários e direitos aos trabalhadores, que deveriam ser efetivados com os mesmos direitos que qualquer servidor público federal.

Esse ataque aos terceirizados acontece em meio à luta dos estudantes pelo reajuste de bolsas vinculadas à UFRN, que seguem congeladas à 10 anos, com os estudantes cumprindo a função de servidores nas bolsas de apoio-técnico, sob constante ameaça de punição por lutarem, e que já significou a demissão de dois desses bolsistas. Junto à luta dos transportes, a mobilização dos estudantes se enfrenta com a reitoria que descarrega a crise nas costas dos setores mais precários da universidade, como os bolsistas, mas também os terceirizados. Por isso, a luta pelas bolsas, pelos transportes e por permanência, é uma só com a dos terceirizados contra a precarização do trabalho na UFRN.

Erika Thuanny, estudante de Ciências Sociais e militante do movimento de mulheres comunistas Pão e Rosas, declarou ao Esquerda Diário: "É revoltante encontrar com os terceirizados nos corredores e saber novamente que estão passando dificuldade por que a empresa não pagou e a reitoria não se responsabiliza. Tem criança sem fralda, sem comida, a luz cortada nas casas e ameaça de despejo. Todo estudante que defende uma UFRN a serviço dos trabalhadores e que não tolera a precarização do trabalho na nossa universidade, deve cercar de solidariedade a essa luta, junto aos docentes e servidores, exigindo o pagamento imediato dos salários. O DCE e os CAs devem colocar todos os esforços necessários para expressar apoio ativo dos estudantes à luta dos terceirizados, batalhando pela unidade com a luta dos bolsistas. Faço um chamado em especial ao Centro Acadêmico de Ciências Sociais, que convoque os estudantes do nosso curso a estarem ombro a ombro de todo dia de mobilização desses trabalhadores. Extendo a esse chamado ao conjunto do Movimento de Bolsistas, para que possamos levar delegações aos canteiros de obras, unir nossa campanha pelo reajuste e contra às punições à defesa do pagamento dos salários, pois essa universidade não funciona sem os bolsistas e principalmente sem os terceirizados"

Desde o Esquerda Diário estamos impulsinando uma campanha contra a terceirização e a precarização do trabalho, junto ao grupo de mulheres Pão e Rosas e a intelectuais como Ricardo Antunes e o juiz Souto Maior, em cada local de trabalho e estudo pelo país, assim como na UFRN. Colocamos o nosso jornal a disposição de todo trabalhador terceirizado que queria realizar a sua denúncia anônima contra essa situação absurda, cuja responsabilidade é da reitoria e da empresa terceirizada, e de todo governo que se recusa a revogar as reformas trabalhista e a lei de terceirização irrestrita. Assim como a todo bolsista, em especial que esteja sendo ameaçado ou chantageado na sua bolsa, para que possa ser uma ferramenta contra o assédio da reitoria e seus representantes.




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